Turismo no Japão com bebê – parte 2
No meu último texto contei um pouco das minhas impressões gerais em relação à viagem que fizemos com nossa filhota de 19 meses ao Japão. Falei sobre como montamos o roteiro, sobre locomoção, comida e receptividade japonesa. Agora gostaria relatar algumas das muitas coisas que fizemos e que valeu muito a pena estando com um bebê.
Tóquio
Tóquio foi o local onde passamos mais tempo. Como expliquei no outro texto, dividimos a estadia em duas etapas para fazer um melhor uso do Japan Rail Pass (bilhete de trem) . Na primeira etapa ficamos no bairro Ginza e amamos. Esta é uma zona bem comercial cheia de lojas de luxo. Mas o mais legal é que nos fins de semana a rua principal Chuo Dori é fechada para carros, transformando-se uma enorme área pedonal, o que foi delicioso para passear com carrinho ou mesmo para deixar a O. caminhar.
Já quando retornamos no fim da viagem ficamos em Shinjuku, que é uma das áreas mais movimentadas da cidade. Aqui era mais tumulto mesmo, aquela coisa que vemos de Japão, cheio de gente na rua, prédios iluminados, lojinhas de tudo o que se possa imaginar. Consequentemente era mais complicada a locomoção, e achamos até mais difícil encontrar um local para comer. Apesar das inúmeras opções, tudo era muito cheio e nos parecia muito voltado para atrair turistas.
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Passeamos muito pela cidade, e tem tanta coisa para ver que daria para voltar mais inúmeras vezes sem se cansar. Em Asakusa fica o templo budista Senso-ji, o mais antigo da cidade. Apesar de lotado, o passeio por ali foi bastante agradável. O bairro é cheio de lojinhas e restaurantes. Outro local delicioso de passear foi os arredores de Omotesando, com muitos cafés e lojas.
Visitamos alguns parques, até para poder deixar a O. um pouco mais livre. Além do parque onde fica o Santuário Meiji, em Shibuya, fomos aos Jardins Hamarikyu, ambos verdadeiros paraísos em meio ao caos da metrópole. Tão verdes e silenciosos que você quase não se lembra onde está! Além disso, sempre prestávamos atenção para encontrar algum parquinho para deixar a O. brincar.
Um outro passeio que amamos foi o teamLab Borderless Digital Art Museum. Localizado em Odaiba, esse é o primeiro museu de arte digital do mundo. A visita é uma experiência única de imersão em um mundo audiovisual. É uma mistura de cores, luzes e sons que fascinam. Muitas projeções reagem ao toque e há um setor próprio para crianças, foi realmente fantástico. Em algumas salas a O. ficou um pouco assustada pelas luzes ou sons, mas no geral ela se divertiu. Não pode entrar com carrinho, mas tem um local para guardá-lo, assim como mochilas e malas. E é recomendável comprar o bilhete com antecedência, pois corre-se o risco de chegar lá e estar esgotado.

Espaço para crianças no teamLab – o desenho é escaneado e toma vida em uma projeção na parede (acervo pessoal)
Quioto, Nara e Osaka
Quioto tem lugares maravilhosos para conhecer, acho que foi a melhor parte da viagem. De lá é possível passar o dia em Nara, e se você está viajando com criança esse é um passeio obrigatório. Mais de 1000 cervos andam soltos pela cidade, especialmente no parque. Vendedores ambulantes vendem um biscoito próprio para os turistas alimentá-los, o que é uma grande atração. Apesar de serem dóceis e estarem acostumados com as pessoas, aconselho precaução, pois eles tentam pegar sacolas e bolsas, procurando por comida. E não deixam de ser animais selvagens, né?
Existem templos lindos na cidade, em especial o Todai-ji, dentro do parque. É uma das maiores estruturas de madeira do mundo, e dentro há um buda gigante (15 metros). O passeio todo de carrinho foi muito tranquilo. Para entrar no templo pudemos usar uma entrada acessível, o que achamos ótimo, pois saímos da multidão bem no momento que a O. estava tirando um cochilo e tivemos uma vista diferente.

Observando um cervo em Nara (acervo pessoal)
Mas voltando a Quioto. Fomos à Arashiyama, onde fica a famosa floresta de bambu, onde não recomendo ir de carrinho. Deixamos o nosso na estação de metrô mais próxima e o papai se encarregou do famoso “cavalinho”. Como não conseguimos chegar cedo, tinha bastante movimento! E lá perto fica o parque dos macacos (preparem-se para escadas), que foi divertido de visitar com a O.. E que vista linda da cidade esse lugar oferece!
Falando em escadas, um dos templos mais visitados da cidade é Fushimi Inari-taisha, aquele famoso dos cinco mil toriis (portões tradicionais japoneses). É um percurso longo, são 4km e muitos degraus, mas é simplesmente incrível. Não é obrigatório fazer o percurso todo. Nós acabamos nos empolgando e ficamos muitas horas por lá. Quanto mais você sobe, menos gente tem, e a O. nunca se divertiu tanto em subir escadas (vide a foto de destaque deste texto).
Outro passeio de tirar o fôlego foi o templo dourado (Kinkaku-ji). É um templo budista e patrimônio da humanidade que precisa ser visto de perto. Para chegar lá pegamos um ônibus, o que foi bem tranquilo mesmo com carrinho e ônibus relativamente cheio.
Depois das maravilhas de Quioto passamos dois dias em Osaka, mas estávamos tão cansados que aproveitamos para pegar leve. E talvez por isso tenhamos achado a cidade extremamente caótica. Mas o passeio que fizemos para conhecer os arredores do castelo de Osaka foi bem tranquilo e agradável.

Glico Man, em Osaka – a carinha de quem estava impressionada com tantas luzes (acervo pessoal)
Kawaguchiko
Nossos quase três dias nesta pequena cidade aos pés do Monte Fuji foram de bastante sossego. Teve chuva, teve friozinho… e não teve Monte Fuji. Fiquei triste, admito, de não ter tido a sorte de poder apreciar toda a sua beleza. Porém pudemos conhecer o lago Kawaguchiko, na pequena cidade Fujikawaguchiko, e relaxar com a linda paisagem – ainda que nublada. Uma tarde fomos até um festival de flores que acontece toda primavera, mas como estava já no fim não estava mais tão florido e colorido como nas fotos.
Por ali também aproveitamos para conhecer a famosa Pagoda Chureito, que promete uma vista sensacional do Monte Fuji. Mas já falei que nos quase três dias que passamos literalmente aos seus pés ele não apareceu? É também uma bela escadaria, então nem pensar em fazer com carrinho, mas nessa altura já estávamos craques! E como não estava cheio, foi bem agradável. Logo em seguida pegamos um ônibus para retornar a Tóquio, e nós três, de tão cansados, dormimos e nem aproveitamos a paisagem.

Pagoda Chureito: expectativa X realidade (acervo pessoal)
Viagem com bebê
Acho que a idade da O. Foi perfeita para curtirmos a viagem. Ela já andava bem, quando necessário, mas ainda aceitava bastante o carrinho. E já era possível mantê-la entretida com tantas coisas novas. Para as viagens de avião e trem e esperas em restaurantes tínhamos sempre em mãos livros, caderno, lápis e a coisa que mais a divertia no momento: adesivos. Aqui na plataforma existem vários textos com dicas legais para entreter os pequenos nessas situações.
É importante ter um roteiro aberto, pois um bebê muda tudo. Tínhamos uma lista enorme de lugares a visitar, mas estávamos cientes que somente uma pequena parcela daquilo seria realmente possível. Porém, tudo foi aproveitado ao máximo. Uma criança enxerga coisas com outros olhos e nos fazia ver tantas coisas que talvez nos tivesse passado em branco. Foi uma experiência única! A O. foi uma companheira de viagem excepcional.
Eu repito: se puderem, viajem com seus filhos pequenos! Vocês vão se surpreender.
4 Comentários
Oi Amanda,
aqui é a Bianca do Conhecendo Japão. Adorei seus dois textos. Vou sempre recomendar à todas as pessoas que vierem ao Japão com filhos pequenos. Queria te fazer uma pergunta, você foi e voltou de Tokyo à Kawaguchiko de ônibus? Sei que a volta foi tranquila e a ida também? Puxa, que pena que vocês não conseguiram ver o Monte Fuji. Ele fica mais tímido no verão.
Oi Bianca! Muito obrigada, que honra você por aqui e recomendando meus textos, 🙂
Foi uma pena mesmo não ter visto o Monte Fuji, mas vamos usar como desculpa para um dia voltar ao Japão!
Quanto ao trajeto para Kawaguchiko, fizemos de ônibus sim, foi tranquilo. Mas na ida, como saímos de Osaka, fomos de trem até Mishima e pegamos lá o ônibus. Foi um pouco corrido para achar lá onde comprar o bilhete, tínhamos pouco tempo, mas correu tudo bem. Depois pegamos o ônibus de kawaguchiko a Tokyo sem problema!
Um beijo!
Olá, como foi a adaptação ao fuso horário. Obrigada.
Olá, Paloma! Aré que a adaptacao ao fuso nao foi tao difícil, provavelmente porque durante o voo desregulou bastante o quanto dormimos. Mas como estávamos de férias, ficou bem tranquilo, acordávamos um pouco mais tarde e íamos dormir mais tarde que o habitual também.