Como viajar em família sem gastar muito
Uma das vantagens de estar morando na Europa é a possibilidade de viajar e conhecer outros países. Quando morávamos no Brasil, planejamos diversas vezes viajar, mas até mesmo ir a outra cidade era custoso, comprometia muito nosso orçamento.
Sempre que pesquisávamos uma viagem, era como um balde de água fria. Ganhar em real, tendo que lidar com o custo de vida alto (para viver com o mínimo de conforto possível) não conciliava nunca com uma viagem em euro, dólar, libra. A conta não batia.
Nosso amor por viajar
Aqui em casa todos somos apaixonados por viajar. Trocamos facilmente uma mobília nova por uma viagem e ficamos felizes da vida quando o motivo do aperto no orçamento é porque temos que economizar para uma viagem.
Quem vier hoje na minha casa vai perceber que não temos luxo nenhum. Temos o básico, o mais barato e algumas coisas de segunda mão. Não nos importamos em ter um carro velho, ter roupas guardadas em um gaveteiro de plástico debaixo da cama, ou quadros de 2€ pendurados na parede. Meu apego por mobília morreu no dia em que me desfiz do quarto da minha filha para virmos para Portugal.
Nossa, como investi emoções e energia naquele quarto! Vender tudo foi um rasgar de alma e um baita de um aprendizado. Hoje, observo a minha filha falando sobre os lugares que mais gostou de visitar e o quanto ela aprende quando viaja. Então penso: o que é um quarto comparado com o mundo que ela pode conhecer?
Temos uma filosofia familiar que nos diz que devemos investir naquilo que gostamos de lembrar, com o que faz memórias, com o que nos eleva. Quando digo investir, não estou falando apenas em dinheiro, mas em tempo e energia. Meu marido e eu conversamos muito sobre a velhice, e se tem uma coisa que não queremos carregar é o peso de não ter vivido.
Viajar com filhos

Arquivo pessoal – Passeio em Trier, na Alemanha
As viagens em família proporcionam em doses colossais tudo aquilo que nossos filhos precisam receber de nós: atenção, tempo, amor, presença.
Viajar com os filhos é dar a eles a oportunidade de expandir sua mente, ampliar sua percepção de mundo, experimentar novos sabores, ouvir outros idiomas, conhecer culturas diferentes, aprender a história de cada lugar, a importância da preservação da natureza, da arte. Ensinamos a criança sobre paciência, respeito, resistência. É uma explosão sensorial.
Levar uma criança para viajar é injetar nela o amor pela vida, por descobrir, pelo novo. Numa viagem, fortalecemos nossos laços de família, conhecemos mais um ao outro, construímos memórias.
Como planejamos nossas viagens
Primeiramente, nós definimos um valor que poderemos gastar. A partir desse orçamento iniciamos as pesquisas sobre o lugar que queremos ir. Ficamos por horas visitando sites, blogs, buscando informações sobre custos, estudando roteiros low cost (de baixo custo), analisando mapas de metrô, medindo distâncias de cada lugar, vendo o que dá para fazer a pé, onde comer barato, etc.
Depois de muita pesquisa, organizamos nosso período de viagem em uma planilha com categorias, e para cada uma delas estipulamos um valor a gastar por dia. As categorias são:
- Alimentação: 3 por dia;
- Transporte na cidade;
- Ingressos: atrações turísticas;
- Outros: snacks, souvenir, etc.
Determinamos o valor baseado nas pesquisas que fazemos sobre o custo de vida no local e também pelas experiências que já tivemos em outras viagens. Nós sempre viajamos com pouco dinheiro, então já vamos sabendo que não temos orçamento para comer em restaurantes requintados, nem visitar todos os pontos turísticos pagos (damos preferência aos gratuitos), nem tampouco fazer comprinhas em boutiques (não mesmo, risos). Se queremos comprar algum souvenir, fugimos de lojas próximos a pontos turísticos.
Leia também: Como viajar de avião com crianças pequenas, Turistando com bebê em Paris e arredores e Férias em Sauerland, na Alemanha
No final do dia, quando atualizamos a nossa planilha de gastos e percebemos que economizamos bem durante o dia, calculamos o que poupamos, somamos ao valor estipulado para o jantar e usamos esse valor para ir a um restaurante melhor, experimentar algum prato típico do local, ou utilizamos a economia para visitar algum ponto turístico pago. Mas sempre com muito controle. Aprendemos que cada moeda é importante, então nada de gastos desnecessários.
Durante uma viagem, não fazemos questão de conforto, pois isso temos em casa. Nosso turismo está longe de ser glamouroso, na verdade temos uma coleção de perrengues já vividos por aí, mas que tornam as nossas experiências super divertidas (depois que passa fica engraçado). Se você tem pouco dinheiro e ama viajar, precisa abrir mão de comodidade, arriscar e se permitir experimentar a simplicidade.
No próximo texto vou apresentar como fazemos para comprar passagens, reservar hotel, elaborar roteiro, e também darei dicas de alimentação e transporte.
Viajar é viver na prática a frase que diz que devemos colecionar momentos e não coisas.
5 Comentários
Melhor decisão que vcs tomaram, para a vida, e crescimento de sua filhinha! Não é um abandonar o seu País, mas sim, experimentar conhecer e viver novas culturas, que resumem em sua essência o que é Ser HUMANO!!
Verdade George. Obrigada pelo comentário.😀
Aguardando o próximo post com as dicas!! Acabamos de nos mudar do Brasil para UK e temos uma Europa inteira para explorar!
[…] isso se tornou tão mais possível desde que chegamos em Portugal. Se você não leu, basta clicar aqui. No post desse mês, vou dar um destrinchar no detalhe como planejamos nossas viagens para […]
[…] também Como viajar em família sem gastar muito – Parte 1 e Parte […]