Nossa experiência com serviços de babysitter em viagem
O assunto é polêmico: deixar seu filho (ou filhos) com um “estranho” em uma outra cidade ou país. Antes de ser mãe, eu jamais imaginei considerar esta uma opção, até porque meus pais nunca deixaram eu e minha irmã com ninguém que não fosse família ou pessoa de extrema confiança.
Mas a maternidade imaginada é sempre muito diferente da real, e para minha supresa, eu sempre me senti relativamente à vontade deixando a Clara com outras pessoas. Recém-nascida, Clara além de ficar algumas horas com a minha mãe (avó não conta como babysitter!), também passou a ficar algumas vezes com uma amiga que fazia babysitting toda vez que o Thomas viajava e eu precisava ou queria sair um pouco sem ela. Nessa época eu ainda tirava leite com a bombinha e a Clara foi “treinada” a aceitar mamadeira de vez em quando.
Mas foi só na nossa viagem à Singapura, quando ela tinha uma ano, que nós consideramos deixá-la com uma babysitter que nós não conhecíamos. Na época, estávamos passando uma temporada aqui na Ásia, dois meses em Xangai seguidos de um um mês na Tailândia com uma parada em Singapura, onde o Thomas teria sua cerimônia de graduação do EMBA. Além da cerimônia, haveria uma festa de noite.
Comemoração para mim também
Aqui vai uma um parêntese sobre o EMBA do meu marido: entre o curso e o trabalho, Thomas vivia viajando e eu fiquei muitas vezes sozinha em casa com a Clara, às vezes até duas semanas seguidas. Como muitos sabem, na Europa nós temos nenhuma ou pouquíssima ajuda em casa e nessa época, ela ainda não frequentava creche. Aonde eu quero chegar? Para mim, aquela festa era para nós dois. Meu marido pode focar nos seus estudos e trabalho em grande parte porque eu estava lá, cuidando da nossa filha e da nossa casa. No nosso ponto de vista, nós dois fizemos sacrifícios e portanto deveríamos celebrar juntos.
Após algumas conversas decidimos que caso achasse um serviço de confiança, deixaríamos a Clara com uma babysitter em Singapura. Comecei a pesquisar ainda em Xangai. A primeira coisa que fizemos foi pedir recomendações de amigos que moravam em Singapura. O problelma: Em Singapura a maioria dos expatriados tem empregadas em casa, e é com elas que as crianças ficam; não há necessidade de babysitter.
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Enfim, uma amiga singaporeana me mandou um artigo de revista com uma lista de serviços de babysitter e foi através desta lista que cheguei ao Babysitter on wheels, uma empresa fundada em 1997, que podia enviar uma babysitter a sua casa até de última hora (infelizmente acredito que a empresa fechou). Fiz uma pesquisa na internet para colher depoimentos e possíveis problemas (não achei nenhum problema) e então entrei em contato com a dona da empresa, Sarah. Trocamos algumas mensagens e ficou combinado que no dia da festa uma babysitter iria ao nosso Airbnb e ficaria com a Clara de 18h até 01h.
Conforme o combinado a babysitter chegou no nosso Airbnb, eu falei sobre a rotina da Clara, deixei nossos números de telefone e saímos. Uma hora depois a babysitter nos liga. Eu tensa, já achando que algo havia dado errado atendo o telefone. Para meu alívio Clara já havia dormido e babysittrt só precisava da senha do wifi. Em resumo, nossa noite foi ótima, Clara dormiu quase a noite toda e não tivemos nenhum problema.
A segunda vez que deixamos a Clara com uma babysitter em outro país foi na Tailândia, em abril desse ano, quando acompanhamos o Thomas em uma conferência em Bangcoc. Bangcoc é uma cidade com uma vida noturna incrível e o Thomas teria vários eventos à noite aos quais eu também fui convidada. Decidimos então contratar uma babysitter para todas as noites em Bangcoc.
Experiência na Tailândia
Através de uma pesquisa, encontrei a Thai Kids Home, um centro de treinamento de babás licenciado pelo governo tailandês com três escritórios pelo país. Depois de uma troca de emails, A Thai Kids Home me enviou um email de confirmação com dados sobre a babysitter, incluindo o nome, endereço, telephone, idade, estado civil e número de identidade. No dia combinado, encontrei no lobby do hotel Kookai, uma aluna de economia, com inglês fluente e experiência de mais de um ano trabalhando como babysitter. Clara imediatamente gostou da Kookai e desde a primeira noite tudo correu muito bem.
Nossa rotina naquela semana era todo o dia a mesma: pela manhã e pela tarde eu ficava com a Clara. Passeávamos e íamaos à piscina. No fim da tarde, Kookai chegava e eu podia relaxer. Quase todo fim de tarde eu curtia o happy hour na pisicna do hotel enquanto a Clara brincava com a Kookai. Lá pelas 19h eu saía com o Thomas e Kookaai me mandava vídeos e fotos da Clara e me avisava quando ela havia dormido. Lógico que na primeira noite, eu fiquei um pouco nervosa, mas ao final da semana, já estava super à vontade com a Kookai. Por este serviço nós pagamos 300 BAHT (cerca de 40 reais) por hora mais uma taxa extra de 300 BAHT por ser à noite.
A terceira vez que a Clara ficou com uma babysitter em viagem foi agora em setembro, quando fomos a Phuket também na Tailândia. Eu e Thomas saímos sozinhos uma das noites e deixamos a Clara mais uma vez com uma babysitter da Thai Kids Home que também tem um escritório em Phuket. Pagamos o mesmo preço que pagamos em Bangcoc e a Clara ficou super bem com a Aommy, uma senhora muito simpática de quem a Clara gostou imediatamente.
Fatores positivos
Antes de ser mãe nunca pensei que deixaria minha filha com um ”estranho”. Ainda acho que a maioria dos pais não teria coragem. Confesso que pensei muito sobre o assunto mas tanto eu quanto meu marido não vimaos motivos para não usar este tipo de serviço desde de que fosse com uma empresa confiável. Acredito que alguns fatores contribuíram para nós termos tido experiências positivas.
E primeiro lugar, a Clara não estranha pessoas e em geral fica super bem com outras pessoas. Ela sempre foi assim e tenho certeza que se fosse diferente não conseguiria deixá-la com alguém. Em segundo lugar, eu sempre pesquiso bastante e mantenho comunicação constante com a babysitter. Deixo regras bem claras de como é a rotina da Clara e também o que ela não pode fazer, como sair do hotel ou ir à área da piscina (ela só pode ir à piscina conosco). Em terceiro lugar, nós conseguimos relaxar. Se eu ficasse super tensa o tempo todo não valeria à pena ter a babysitter, afinal o objetivo de contratar alguém para ficar com seu filho é ter um pouco mais de liberdade e se divertir!
Não acho que esse tipo de coisa seja para todo mundo e respeito quem opta por não deixar os filhos com terceiros. O que não admito é ser julgada por fazê-lo. Não considero irresponsabilidade deixar seu filho nas mãos de profissionais treinados para isso. E acho saudável que mesmo em uma viagem em família, os pais tenham um tempinho só para eles de forma que não afete a rotina da criança. Para nós a babysitter em viagens tem sido uma prática muito positiva tanto para nós quanto para a Clara.