Como viajar de avião com crianças pequenas
Que atire a primeira pedra quem nunca se viu no meio de uma crise de ansiedade ao ter de viajar de avião com crianças pequenas. Sim, é exagero, mas que a gente sempre fica um pouco inseguro, isso fica. Juntei dicas práticas para tudo correr bem do início ao fim do trajeto. Confiram:
Eu faço parte do grupo de pessoas que amam viajar, especialmente se o roteiro incluir pelo menos um trecho de avião. Me lembro que desde criança eu adorava levar os familiares no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, para embarcarem de férias para Portugal. Eu ficava com o rosto grudado nas vidraças do aeroporto, assistindo os pousos e decolagens, e essas imagens ficaram guardados nas minhas melhores memórias de infância.
Eu e meu marido sempre viajamos muito, consideramos que esse é um dos melhores investimentos que temos feito ao longo dos anos. As preocupações com os trajetos de avião só chegaram quando minha primeira filha nasceu, porque na semana que ela completou 2 meses, tive de viajar com ela de São Paulo, onde morávamos, até a Bahia, para cobrir um Congresso Internacional.
Me lembro de ter me estressado muito antes da viagem, porque nem que quisesse (e não era o caso), eu amamentava e não poderia deixá-la em São Paulo. Me culpei, tive muitas dúvidas se não estaria expondo-a desnecessariamente ao ambiente fechado do avião, se ela choraria o voo inteiro, etc… só me convenci que estava fazendo a coisa certa depois de ser liberada pela pediatra dela. A viagem foi maravilhosa, amamentei na decolagem e no pouso, para ela não sentir dor no ouvido, ela se comportou como um anjinho, e nos entusiasmamos a viajar outra vezes.
Chilique dentro do voo.
Minha filha conheceu nos seus 3 primeiros anos de vida, mais países do que eu nos meus 30 primeiros, hoje ela tem quase 6 anos, e nesse período, tivemos um único evento em que ela nos deu trabalho dentro de um avião. Em 2014 retornávamos de São Paulo para Londres, e ela fez um escândalo porque não queria colocar o cinto de segurança. Gritava, chorava, e eu e meu marido não conseguíamos controlá-la, até o ponto em que uma comissária de bordo nos avisou, que o comandante não autorizaria a decolagem, enquanto os cintos não estivessem devidamente afivelados nela.
Eu estava muito nervosa e envergonhada, pela situação de não conseguir controlá-la, como se eu fosse a pior mãe do mundo, e pelos olhares de reprovação e julgamento dos outros passageiros. Não tive dúvidas, abri a mala de mão e peguei minha última arma. Minha filha ama doces, e evitamos ao máximo dar chocolates para ela, mas lancei mão de uma barrinha que havia guardado antes de embarcar. Meu marido quando viu eu pegando o chocolate ficou bravo: “Ela vai aprender que sempre que fizer escândalo vamos agradá-la com o que ela gosta”. Fiquei em dúvida com o argumento dele, bem pertinente naquele momento, mas fui firme: “Não dá para atacarmos de “Super Nanny” uma hora dessas, é uma emergência e precisamos resolver, senão seremos retirados do voo.”
Mantivemos a calma e o doce, com efeito milagroso, funcionou. Seguimos em paz por 11 horas e nunca mais um evento parecido aconteceu. Ainda que tenha funcionado com a gente daquela vez, não aconselho dar doces para crianças antes dos voos, porque o açúcar costuma deixá-las mais agitadas. Nossa menina cresceu, hoje ama a rotina de aeroportos e aviões tanto quanto nós, mas agora com o segunda bebê a caminho, já estamos nos preparando para os novos desafios.
Segue um pouquinho do que aprendemos nesses anos de experiência, e espero que ajude na próxima aventura da sua família:
ORGANIZANDO A VIAGEM
1 – IDADE PARA VIAJAR: Algumas cias aéreas só permitem viajantes acima de 2 meses, mas na Europa por exemplo, muitos pais viajam com a criança antes disso. Eu aposto no bom senso.
2 – PASSAGEM AÉREA: Normalmente crianças até 2 anos viajam no colo dos pais ou responsáveis e não pagam valor integral, mas costumam pagar uma taxa que corresponde a 10% do valor da passagem. Atenção: Só é permitido uma criança de colo por passageiro adulto pagante. Crianças acima de 2 anos ocupam um assento no voo, e tem um desconto em relação a passagem do adulto, o desconto depende da cia aérea.
3- VACINAS: Certifique-se que seu filho está com as vacinas em dia antes de viajar, ou vacine-o com antecedência para que ele não tenha nenhum tipo de reação perto do dia da viagem. Alguns países exigem vacinas específicas antes de entrar no país, por isso pesquise as exigências do local de destino. A vacina da febre amarela por exemplo, exigida atualmente no Brasil, deve ser tomada 10 dias antes da viagem.
4 – VIAGEM NOTURNA E VOO SEM ESCALAS: Se o voo for longo, e se for possível, viaje a noite porque a probabilidade das crianças dormirem é bem maior. As passagens sem conexões ou escalas são mais caras, mas valem a pena para não ser tão cansativo para as crianças e para os pais.
5 – DOCUMENTOS: Todas as crianças devem apresentar um documento de identificação para embarcar. O documento pode ser passaporte, identidade emitida no país de origem, ou certidão de nascimento. Para viagens internacionais o passaporte é imprescindível.
EMBARCANDO COM CRIANÇAS PEQUENAS

Foto: Arquivo pessoal da colunista.
6 – CHEGUE COM ANTECEDÊNCIA: Sempre é mais demorado viajar com crianças. Chegue mais cedo no aeroporto, passe com calma no Raio X, use fraldários e banheiros antes de entrar no voo, e dessa forma você terá tempo de entrar no avião e se acomodar, sem ter de se preocupar com a troca de fraldas, por exemplo.
7- CARRINHO DE BEBÊ: Muitas cias aéreas permitem que você leve o carrinho de bebê até a porta do avião, eles guardam no compartimento de malas e no final do voo te entregam na saída da aeronave. Pergunte no check in se existe essa possibilidade. Já existem modelos de carrinhos pequenos, que cabem no bagageiro da cabine, esses modelos são ótimos e práticos, assim você não tem de esperar na saída da aeronave.
8- BEBÊ CONFORTO: Você só poderá usar o bebê conforto no avião se comprar um assento para acomodá-lo, caso contrário terá de despachar.
9- BERÇO: Você pode reservar um bercinho para seu bebê se ele tiver até 70 cm e pesar menos de 10 Kg (as medidas variam um pouco de acordo com a cia aérea). O pedido precisa ser feito com antecedência. Os berços são fixados na divisão do avião, na frente do assento dos pais.
10- ROUPAS, FRALDAS, LENCINHO UMEDECIDO: Leve algumas trocas de roupas mais frescas e mais quentinhas para as crianças usarem no voo, não dá para saber se o ar condicionado estará muito gelado. Também leve um cobertorzinho para o bebê, evitando usar do avião, que pode estar empoeirado. Não se esqueça de levar lenço umedecido suficiente para qualquer emergência e fraldas extras.
11- ROUPAS PARA OS PAIS: Leve uma troca de roupa para os pais, a criança pode regurgitar, escapar um xixi no papai ou na mamãe, vomitar etc… ninguém gostará de viajar sujo a viagem inteira.
Leia também: Dicas para visitar Londres com crianças
12- COMIDA NO VOO: Muitas cias aéreas oferecem comida especial para crianças, o pedido deve ser feito na reserva. Não fique contando só com essa comida, leve iogurte, barras de cereais, bolachinhas, potinho de comida, ou o que seu filho costuma comer. Pode ser que ele não goste da comida do avião, ou se o voo for muito longo, você precise dar a ele algum reforço nos intervalos das refeições. Quando você está com bebês ou crianças pequenas, pode passar com volumes líquidos acima de 100ml pelo Raio x.
13- MAMANDO NO VOO: A pressão na hora da decolagem ou pouso pode provocar dores nos ouvidos do bebê e das crianças. Amamente ou dê mamadeira nesses momentos, o movimento de sucção ajuda a descomprimir os ouvidos. Para crianças maiores dê algo para ela mastigar ou chupar. Dica pessoal: Quando eu amamentava levava sempre uma fralda ou algo leve para cobrir a bebê e não me expor no voo. Quando ela passou para a mamadeira, eu sempre levava o leite em pó já separado em potes com as porções certinhas que eu ia usar, e pedia para um comissário esquentar a água.
14- MEDICAMENTO PARA DORMIR: Sou contra dar medicamentos para a criança dormir no voo, essa é minha opinião pessoal, mas se os pais optarem por isso é importantíssimo consultar o pediatra da criança. Também acho que o medicamento deve ser testado na criança antes da viagem, para os pais não terem nenhuma surpresa ou um efeito contrário no voo. Se na época da viagem seu filho(a) estiver usando algum remédio que a deixe sonolento(a), um antialérgico por exemplo, você pode dar uma dosagem durante a viagem, assim ele(a) fica mais relaxado(a), mas atenção, nesse caso você terá de ter a receita médica em mãos para apresentar no Raio X. Dica: A receita precisa estar na língua do país de embarque. Se você embarcar na Inglaterra não adianta uma receita em português, peça uma receita traduzida para o pediatra.
15- BICHINHO, BRINQUEDOS E DISTRAÇÃO: Se seu filho tem uma naninha (travesseirinho, cobertorzinho ou brinquedinho para dormir), leve-o no voo para ajudá-lo a adormecer. Leve brinquedos, vídeos, livros, desenhos (dependendo da idade da criança), e outras coisas que possam distraí-lo também.
Mesmo que às vezes dê um pouco de trabalho, viajar com filhos é sempre uma aventura inigualável.
Have a safe trip!
9 Comentários
Não sabia q estava sendo exigido a vacina de febre amarela nos voos nacionais.. liguei até na cia, e a atendente me informou q não seria impedida de embarcar com minha bb por não tomar a vacina, mas era recomendável, eu estou a apenas 4 dias do meu prox embarque e mesmo se quisesse não daria tempo.. Alguém foi impedido de embarcar dentro do Brasil por não ter tomado essa vacina? Vou de Latam, Fiquei preocupada agora
Giza, espero que tenha dado tudo certo com sua viagem. A vacina não é exigida, ela é recomendada, e em algumas partes do Brasil mais do que outras. Existem países que exigem a vacina de febre amarela para você entrar no país, não é o caso do Brasil. Grande abraço e obrigada por nos acompanhar! Silvia Lourenço
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