A primeira viagem do bebê.
Há 3 anos eu fazia a viagem mais importante e impactante da minha vida: casamento, mudança de país, nova cultura e novos horizontes. No segundo ano de casados fomos presenteados com a gravidez, um pequenino faraó que veio para alegrar as nossas vidas e também para adiar as férias em terra brasilis. Então, quando o meu filho completou um aninho, nós embarcamos para o Brasil. Seria a primeira vez que eu, meu esposo e nosso pequenino íamos juntos para o meu país.
Viajar requer planejamento. Quando tem criança envolvida, há ainda mais coisas para se preocupar. Por isso, resolvi trazer para vocês um check list de tudo que fiz antes da viagem e conto como foi o processo da conexão Egito-Brasil.
Passagem aérea, passaporte e seguro viagem
Como o nosso destino foi o Nordeste, optamos por uma companhia aérea que fizesse voo direto sem ter escalas em território nacional. Infelizmente, há poucas opções e a que mais se encaixou no nosso orçamento foi a TAP Portugal. O trecho foi extremamente cansativo, com duas escalas na Europa – a primeira em Barcelona (6h30) e a outra em Lisboa (19h), onde passaríamos a noite. Com as passagens em mãos, demos entrada na renovação do passaporte brasileiro e fizemos o passaporte egípcio, assim como o seguro saúde viagem (ítem obrigatório se há entrada na Europa). Para saber sobre a documentação necessária para o passaporte brasileiro e egípcio confira o texto Maternidade no Egito.
Preparando as malas
Nas malas que e iríamos despachar levamos roupas de verão, fraldas, encomendas e produtos de higiene pessoal – que também foram na mala de mão, mas somente o necessário para ser usado durante as escalas. Na mala de mão do bebê não poderia faltar: alguns lanchinhos práticos, fraldas, leite, lenço umedecido, pomada, alguns brinquedos, remédio para enjoo, paracetamol, álcool em gel, cobertor de inverno e termômetro.
Até logo Egito!
Fazia um frio imenso no caminho de casa até o aeroporto do Cairo. O nosso voo sairia pela manhã, então acordamos bem cedinho para não ter perigo de perder o avião. Malas prontas, documentação em mãos, era hora de enfrentar as filas, voos e conexões. Um dos maiores desconfortos encontrados no aeroporto do Cairo é que não há prioridades para mães com crianças no colo, grávidas, idosos ou deficientes. Um total absurdo, mas não podemos fazer nada quanto a isso.
Logo na entrada do aeroporto fica o raio-x. Em seguida, fomos embalar as malas e fazer o check-in. No balcão da cia aérea recebemos um formulário para preenchimento atestando saída do país. Se for passaporte estrangeiro o formulário é em inglês, se for passaporte egípcio, o formulário é em árabe. No controle de passaporte pediram passaporte + formulário.
Para a criança também solicitaram o registro de nascimento. Se a criança nasceu no Egito e vai viajar com passaporte brasileiro é necessário ter selos estampados no documento. Esses selos podem ser adquiridos na Mogamma (prédio governamental na Tahrir Square, no Cairo) e só são necessários se a criança não tiver passaporte egípcio.
O primeiro trecho foi tranquilo. O filhote dormiu praticamente o voo inteiro, acordando somente nos 40 minutos restantes. Nesse período ficou inquieto, mas tanto os passageiros vizinhos quanto os comissários de bordo brincavam e alegravam o pequeno para que ele não chorasse. Por fim, chegamos em Barcelona. Como tínhamos bastante tempo, fomos ver algumas lojas, dar uma volta para esticar as pernas e tomar um café.
O segundo trecho também foi uma maravilha. A sonequinha pegou meu filho de jeito, e ele dormiu até sairmos do avião. Chegando em Lisboa, pegamos o táxi e seguimos para o hotel onde faríamos o pernoite e descansaríamos para o dia seguinte, quando teríamos o vôo mais longo rumo ao Brasil.
Enfim, Brasil

Praia de Tabatinga – João Pessoa, PB – Foto do acervo pessoal.
Hora do embarque. Frio na barriga. A volta para casa é emocionante em vários aspectos e eu não consegui relaxar durante o vôo. Após quase oito horas de voo, chegamos no nosso destino. Exaustos, mas felizes.
As férias foram muito proveitosas, meu filho que o diga! Foi super paparicado pela família, brincou muito e se divertiu bastante. Sei que no futuro não lembrará de sua primeira viagem ao Brasil, mas a mamãe aqui fez questão de registrar para que ele veja tudo quando crescer.
A ida ao Brasil foi também uma chance de reforçar as prateleiras. Compramos vários livros em português e nosso pequeno faraó também ganhou seus livrinhos. Achei maravilhoso, assim ele sempre terá contato com a língua portuguesa mesmo morando distante.
A despedida dói
Dar “tchau” nessas ocasiões é a parte mais difícil do retorno para casa. É duro saber que estaremos longe da família por mais um tempo, mas faz parte da vida de quem mora fora. Para mim, o pior de tudo é saber que o meu pequeno vai crescer sem a presença física dos meus pais e familiares. Claro que a internet supera barreiras e distâncias, mas o abraço e o aconchego não tem tecnologia que substitua.
As malas começam a se encher de mimos e lembranças e são lacradas com muita saudade, o abraço do “até logo” é mais duradouro e dói lá no coração. Mas por baixo das lágrimas há o fio da esperança fazendo com que o laço do amor nunca seja rompido.
Foi ótimo ver o Brasil e bateu aquela imensa vontade de ficar. Mas a nossa vida está lá fora, em outro país. Esperamos em breve voltar ao Brasil para mais aventuras e momentos especiais. Tenho certeza de que para o meu filho valeu muito a pena, pois o sorriso imenso estampado no seu rosto já era suficiente.