Você sabia que Portugal foi palco de uma história de amor no estilo “Romeu e Julieta”, só que de verdade e protagonizada pelo príncipe real? Pois essa é uma história linda e trágica de um amor proibido, julgado pela sociedade da época e vivido intensamente.
O início de tudo
Se você já esteve em Portugal e foi ao Mosteiro de Alcobaça, deve se lembrar de ter visto dois túmulos lindíssimos em pedra frente a frente. Sabe por que eles estão ali? Porque lá estão os reis e protagonistas da maior história de amor portuguesa: um misto de história e lendas de um romance verdadeiro vivido entre o infante D. Pedro e D. Inês de Castro.

Mosteiro de Alcobaça (Fonte: arquivo pessoal)
Segundo as narrativas que se misturam, o infante D. Pedro casou–se obrigado com D. Constança. Tal noiva foi escolhida pelo seu pai, D. Afonso IV (rei de Portugal à época).
O casamento foi realizado na Sé de Lisboa, mas apesar dos esforços de D. Constança, o marido D. Pedro apaixonou-se por D. Inês (dama de companhia de sua esposa) assim que a conheceu. A paixão foi arrebatadora. D. Constança, na tentativa de separar o casal, convidou a “amiga” para ser madrinha de seu filho!! Genteee!!
O escândalo começou a tomar grandes proporções. Assim, o rei D. Afonso IV mandou exilar D. Inês no castelo de Albuquerque. Porém, D. Constança (esposa traída) morreu no ano seguinte (uns dizem que foi ao dar a luz a seu filho D. Fernando I, outros dizem que foi por desgosto pela traição do marido… acredite no que quiser!).
O amor proibido
Uma vez viúvo, D. Pedro mandou buscar, mesmo contra a vontade de seu pai, D. Inês de Castro do exílio e passaram a viver juntos como um casal lindo, feliz e… proibido. Foram viver no Paço de Santa Clara, anexo ao Convento de Santa Clara, situado junto ao Rio Mondego e à Quinta das Lágrimas, em Coimbra. O rei, inconformado, tentou arrumar outra esposa de linhagem nobre para D. Pedro. Entretanto, ele se recusava a casar contra a sua vontade novamente.
D. Pedro e D. Inês continuaram juntos e geraram três filhos. Porém, isso incomodou parte da sociedade, que não via com “bons olhos” a união, e o rei, que via nos netos “bastardos” uma possível desestruturação de seu reino.
A tragédia
Certo dia, quando D. Pedro ia à caça, D. Inês sentiu um mau pressentimento e dizem até que um dos cachorros começou a latir desesperadamente e se pôs diante dela. E o mau presságio se confirmou. Assim, aproveitando a ausência do filho, o Rei D. Afonso VI, juntamente com três de seus conselheiros reais, assassinaram D. Inês (existem versões para essa morte: uns dizem que houve um julgamento seguido de decapitação, outros que já haviam decidido sua morte e só a foram executar).
Segundo a lenda, as lágrimas de D. Inês no rio Mondego formaram a Fonte das Lágrimas da Quinta das Lágrimas. Por isso, as algas vermelhas que visualizamos até hoje no local seriam na verdade seu sangue derramado (mais trágico que Romeu e Julieta, não?).
Revoltado com a morte de sua amada, D. Pedro liderou uma rebelião contra o rei que só terminou após alguns meses de conflito pela intervenção de sua mãe, a Rainha D. Beatriz.
Já ouviu dizer que vingança é um prato que se come frio? Pois, é o caso. Passados uns dois anos, D. Afonso IV morreu e D. Pedro I se tornou Rei de Portugal e Algarves.
A vingança
Assim que subiu ao trono, D. Pedro fez a famosa Declaração de Catanhede, anunciando que havia se casado com D. Inês às escondidas e que ela deveria ser declarada Rainha de Portugal. Ademais, seus três filhos (os infantes Beatriz, João e Dinis) deveriam ser legitimados.
A história poderia acabar aqui, mas não acaba.
Em seguida, o então Rei de Portugal D. Pedro I mandou capturar e matar os assassinos de D. Inês. Dizem que os assassinos tiveram os corações arrancados pelas costas, pois só alguém sem coração poderia matar uma frágil e doce dama.
Para finalizar sua história de amor, D. Pedro I mandou construir dois belíssimos túmulos em pedra no Mosteiro de Alcobaça destinados a ele e a D. Inês. Segundo a estória, os túmulos ficam de frente um para o outro para que no dia do Juízo final eles possam olhar-se nos olhos assim que acordarem. Só eu que acho tudo muito mórbido, mas ainda assim fofo?
Depois de prontos os túmulos, D. Inês foi trasladada do Convento de Santa Clara para o Mosteiro de Alcobaça e D. Pedro mandou que a nobreza fosse prestar homenagens à Rainha. Na verdade, a lenda diz que D. Pedro fez uma cerimônia do “beija-mão”: exigiu que toda a corte beijasse a mão da Rainha morta antes de colocá-la no túmulo. Será verdade!?
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Toda essa estória fez com que D. Pedro I fosse conhecido também como “o Justo”, “o Cruel” e “o Justiceiro” (você pode escolher!).
D. Pedro reinou durante dez anos. Foi muito popular e demonstrou ser bom administrador. Além disso, durante a sua gestão o reino foi próspero e não houve guerras.
Quando você visitar o Mosteiro de Alcobaça e a Quinta das Lágrimas em Coimbra já pode passar adiante essa estória linda e tirar muitas fotos de onde esse romance foi vivido.
Dica de turismo
Um dos melhores “bate-e-volta” a partir de Lisboa é visitar Alcobaça no Distrito de Leiria, a 121km de Lisboa (cerca de 1h30 de carro). É lá que está uma das sete maravilhas de Portugal: o Mosteiro de Alcobaça. Além de lindo, é também palco da maior história de amor portuguesa. A entrada custa seis euros, é gratuita para crianças até 12 anos e para residentes aos domingos e feriados, até as 14h.
Para a visita ficar perfeita coma um doce na Pastelaria Alcoa com seus doces conventuais premiados e deliciosos. Almoce no restaurante A Casa que fica em frente ao Mosteiro. Além disso, há um castelo em Alcobaça (na verdade, são praticamente ruínas) e o Parque dos Monges. Lá há um mini zoo além de outras atrações. Essa é uma boa opção para deixar as crianças livres, em contato com a natureza. O parque ainda conta com um alojamento de campismo. Na volta, passe por Óbidos e fique deslumbrado com a cidadezinha por dentro das muralhas e a vista espetacular.
Querendo outras dicas de Lisboa, é só me acompanhar lá no @checkin_lisboa.
Até o mês que vem!
5 Comentários
Não conhecia a história Viviane!! Adorei
Linda história, que bom que gostou !
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