Uma quarentena em meio aos meus esperados 40 anos
No último mês da década de 70, alguns dias antes do Natal, eu cheguei a esse mundão! Nasci numa tarde quente de verão, de um parto natural, de uma forma muito tranquila. Fui primeira filha e primeira neta, aquela planejada e mega esperada por toda família. Resumindo… Nasci em festa!
Acho que deve ser esse um dos motivos de eu gostar tanto de festas. Sou daquele tipo que nada pode passar em branco. Festejo todas as datas que eu puder, desde festas religiosas a aniversário de cachorro.
Só aniversário de casamento eu tenho três! É, pasmem! Casei três vezes com o mesmo marido: uma na igreja, uma na festa oficial e a outra no cartório alguns anos depois. Assim não tem desculpas, em uma das três datas, temos que comemorar!
A festa
Em dezembro do ano passado, programei uma festa linda para os meus “BIG40th”! Inicialmente, tive um pouco de dificuldade em pensar em algo que não fosse “de verão”, pois nunca imaginei que um dia faria aniversário num inverno daqueles de doer. Não fui acostumada e quem me conhece sabe que eu amo um calor.
Então sempre sonhei fazer meus 40 anos na praia, na piscina, uma festa tropical, havaiana, ou algo do gênero. Mas com as voltas que a vida dá, mais uma vez fui eu, no meu instinto camaleoa, me adaptar e fazer algo bem alegre em meio a um inverno rigoroso.
Queria muito algo diferente, mas que trouxesse alegria, felicidade, e que arrancasse gargalhadas das pessoas, saindo dos tons cinzas e sóbrios do inverno europeu. E foi aí que me surgiu a ideia de uma Festa Disco anos 70/80, já que foi na virada dessas décadas que eu nasci!
A festa foi a caráter, o que por si só já deu toda uma decoração colorida, devido à moda da época. E contou com DJ especializado nos hits das discotecas das décadas. Não preciso nem contar o tanto que dancei e nos divertimos. Eu simplesmente amei a minha festa.
A grande surpresa
Porém, a única coisa que me doía no peito era estar tão longe de tantos amigos e da minha família. Infelizmente, ir festejar no Brasil não era uma opção possível para nós. Mas, como não podemos ter tudo e todos ao mesmo tempo na vida, bastou me conformar e não perder o desejo de festejar. Ademais, não posso esquecer que também tenho grandes amigos que eu amo aqui ao nosso lado.
Porém, para minha surpresa, quatro dias antes da festa, meu marido saiu para resolver algumas coisas de trabalho e eu fiquei organizando e limpando a casa. De repente entram minha mãe e meu pai pela porta… Ploft! Morri! (Pausa para respirar).

Acervo pessoal – a surpresa de receber meus pais
Inacreditável o que eles tramaram nas minhas costas. Eu sinceramente não sei descrever o que senti ali naquele momento. Eu gritei, eu chorei, eu os abracei muito. Foi o melhor presente que eu poderia ter ganhado na vida! Eu realmente não esperava vê-los. Isso fez da minha festa um momento ainda mais grandioso e inesquecível. Fui ainda mais feliz naquela semana.
Os planos
Após essa entrada triunfal nos “enta”, eu tinha uma certeza comigo: esse ano de 2020 seria o meu ano! Eu estava extremamente disposta a botar em prática alguns projetos que eu vinha traçando ao longo de alguns anos.
Meus filhos estão numa idade ótima, na qual já não são mais tão dependentes de mim e encontram-se super adaptados aqui na Itália. Nossa vida profissional, digo nossa, porque eu e meu marido somos sócios e trabalhamos numa empresa familiar, estava girando redondinha. Cenário perfeito para começar a pensar em mim.
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Esse era o ano no qual me planejei para me resgatar e buscar algo que me desse uma guinada! Já comentei num texto anterior que me encontro num momento muito feliz e satisfeita, pois tenho tempo para nutrir, em todos os aspectos, a minha família com calma. Entretanto o que busco não é nada ligado ao profissional ou à Tatiana-mãe, porque, sinceramente, nesse aspecto ainda estou longe de dizer “dever cumprido”. Mas acho que, de uma forma ou de outra, vem dando certo. É algo a ver com meu interior como pessoa mesmo.
A quarentena
Até que em meio a fevereiro do “meu ano”, do dia para noite, nós tivemos que estacionar nossas vidas na marra! Não só tendo tolhido o nosso direito de ir e vir, mas necessitando de uma senhora sabedoria para lidar com algo que eu jamais esperei: uma pandemia mundial!
Desde então, viemos vivendo momentos de ansiedade e insegurança, tendo que trabalhar demais a nossa paciência para que não perdamos o juízo em meio a toda essa loucura. E nós mães, muitas vezes, tendo que nos manter inteiras para não passar para nossos filhos tamanhas preocupações, afinal, eles são apenas crianças. E na minha opinião, a infância é para ser feliz.
E o resultado disso tudo?
Mas e os meus planos feitos para esse ano?! Sinceramente, a minha resposta no momento é “não sei”. Não sei mais o que irá acontecer na nossa vida esse ano, não sei mais o que quero direito, de verdade. Estou há mais de 55 dias sem sair de casa, me relacionando apenas com meus filhos e marido.
A única certeza que eu tenho nesse momento, no ano que eu esperava ser o meu ano, é que estou tendo experiências maravilhosas dentro da minha própria casa. Coisas que mais uma vez me fazem repensar milhões de planos. Será que essa tal guinada que eu comentei lá em cima é mesmo necessária?
E essa quarentena? Veio para retardar meus planos? Para me fazer mudar de rumo outra vez? Ou ela por si só já está dando um mega empurrãozinho naquilo que eu queria conquistar interiormente? Será que realmente pode estar sendo o meu ano e não percebi?
Fico por aqui com minhas reflexões e uma frase que li esses dias e muito me tocou:
Mesmo que a estrada não esteja te levando a lugar algum, dê um tempo e aprecie a paisagem, quem sabe olhando bem, você não acaba encontrando outros caminhos…
2 Comentários
Que legal Tati sua história, sua vida aí agora na Itália
Sucesso hoje e sempre e com muita saúde
Se cuida beijos
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