Carreira profissional x Ser mãe em tempo integral.
Quando decidimos ser mães e temos uma profissão já estabelecida, muitos medos e dúvidas começam a tomar conta da nossa cabeça. Acredito que todas as mulheres que se tornaram mães, tiveram dúvidas sobre como balancear a vida profissional após a maternidade. Algumas começam a questionar a volta ao trabalho e acabam decidindo ser mãe em tempo integral por um tempo maior que a licença maternidade.
Outras, mesmo sem precisar, optam por continuar trabalhando e seguir a carreira profissional. Algumas delas continuam no mesmo trabalho e outras decidem empreender e abrir seu próprio negócio para terem mais tempo de ficar em casa com os filhos. Enfim, são muitas possibilidades!
Admiro e respeito todas as escolhas, acho que a decisão de voltar a trabalhar depois da maternidade e quando voltar é única de cada mulher! Não estou aqui para dizer que uma opção é melhor que a outra. São maneiras diferentes de viver a maternidade. E cada uma tem a sua história. Aqui, gostaria de contar um pouco da minha.
Carreira profissional x decisão de ter filhos
Comecei a trabalhar bem cedo, ainda na época da escola, ajudando na loja do meu pai. Durante a faculdade, decidi estudar à noite para ter a opção de trabalhar durante o dia fazendo estágios. No último ano da faculdade fui contratada e trabalhei na área comercial em uma empresa de projetos por 5 anos.
Tive a oportunidade de me mudar para a Bélgica, onde primeiro fiz um mestrado, e depois comecei a procurar emprego na minha área. Mesmo com a minha experiência profissional de quase sete anos e o mestrado foi bem difícil encontrar um emprego. Quando finalmente consegui e comecei a trabalhar, por ironia do destino, o meu marido recebeu uma proposta de emprego fora do país.
Sempre gostei de trabalhar, mas chegou a hora que a decisão pela minha família falou mais alto. Saí do meu emprego no fim do contrato temporário de 6 meses e me mudei para o Chile para iniciar uma missão co-expatriada. A ideia era procurar trabalho lá também, mas ao mesmo tempo queríamos ter filhos e iniciar nossa família. E quando estamos longe do nosso país, no nosso caso de ambas famílias, ter os dois pais trabalhando fica muito mais complicado. Ao chegar lá não sabíamos, mas eu já estava grávida da nossa primeira filha.
O que mudou depois de ser mãe?
Nossa filha nasceu no Chile. Com ela surgiu um sentimento de plenitude e de não querer mais largar aquela bebezinha linda que tínhamos tanto sonhado. Nada mais importava: trabalho, hobbies, nada! Nasceu em mim uma mãe dedicada e eu vivi esta experiência de corpo e alma.
Foi bem difícil estar longe da minha família, mas o que atenuava a distância, as dúvidas e incertezas dessa fase, além da intuição de mãe, foram as conversas por Skype e troca de experiências com amigas que também tinham se tornado mães. Isso me ajudou a suprir um pouco a nossa necessidade de viver em comunidade, um ajudando o outro. Senti falta das canjas de galinha, pamonha e pão de queijo no período do resguardo, e da canjica para aumentar o leite, que minha mãe, tias e avó sempre faziam para minha irmã e primas.
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Trabalhar nem passava na minha cabeça naquela época e a vontade de ter o segundo filho crescia. As dificuldades de estar longe da família e incertezas sobre o próximo destino do meu marido não atrapalharam nossos planos. Engravidei quando nossa filha completou um ano de idade. Os primeiros ultrassons foram feitos ainda no Chile, mas com três meses de gravidez voltamos para Bélgica para um período de transição do trabalho do meu marido. Depois de dois meses de espera e indefinição sobre o nosso futuro, recebemos a notícia de que meu marido tinha conseguido um emprego no Brasil!
Fiquei muito feliz com a ideia de poder ter meu segundo filho no Brasil, mais perto da minha família e amigos. Eu já estava com cinco meses de gravidez quando no mudamos e começamos a procurar apartamento para alugar e organizar a nossa vida para os próximos anos que iríamos viver por lá. Quando nosso segundo filho nasceu, a maior tinha apenas 1 ano e 10 meses de idade e eu me vi com dois bebês em fases bem diferentes, mas muito dependentes ainda de mim.
Quando bateu a vontade de voltar a trabalhar
Confesso que quando nosso caçula foi crescendo, começando a engatinhar e ficar mais independente, comecei realmente a sentir falta de trabalhar. Já fazia 3 anos que não trabalhava e sentia falta de ter um tempo só pra mim, sem escutar “mamãe” desde a hora que acordava até a hora de ir dormir.
De retomar a minha vida profissional e voltar a ter outros assuntos com meu marido e amigos, que não eram sobre as crianças. Nessa época, comecei a procurar trabalho no Brasil, mas a crise econômica e política já estavam instaladas no país. Além disso, eu tinha uma lacuna no meu currículo por causa da pausa que fiz após o nascimento das crianças. Senti na pele que ainda existe um preconceito com mulheres que param de trabalhar depois de ter filhos. Recebi pouco retorno dos currículos enviados.
Infelizmente nossa estadia no Brasil acabou antes do previsto. Depois de dois anos, voltamos para a Bélgica para mais uma fase de transição. Não tínhamos casa na Bélgica, nossos móveis ficaram armazenados em um guarda-móveis no Rio de Janeiro até decidirmos qual seria nosso próximo destino.
As mudanças eram muitas para as crianças: mudar de país, de escola, de idioma, deixar os amiguinhos para trás e se acostumar com outro clima. Começou a ficar pesado para eles e para mim. Somado a isso tudo, a minha vontade de voltar a trabalhar só crescia. Ainda fizemos mais uma mudança e moramos no Peru por cinco meses, até que decidimos que seria melhor voltar e fixar residência na Bélgica.
Chegou a hora: contrato de trabalho assinado
E assim se passaram oito meses desde que eu e as crianças voltamos para a Bélgica. Meu marido ainda não conseguiu voltar e está trabalhando em um projeto no Marrocos. Estamos ainda em uma fase de transição, onde tivemos que aprender a conviver com a distância e a saudade.
Onde tive que encontrar forças para cuidar dos nossos filhos a maior parte do tempo sozinha. Esse ano já fomos várias vezes passar férias no Marrocos e quando estive lá, tive a certeza de que tomamos a decisão certa de parar de viajar e fixar a nossa vida em um só lugar.
Nos últimos dois meses participei de vários processos de seleção e entrevistas de trabalho e finalmente recebi duas propostas de trabalho! Fiquei muito feliz por ter a minha experiência profissional reconhecida, apesar dos cinco anos e meio fora do mercado de trabalho. Pude escolher a empresa e a vaga que tinham mais a ver comigo.
Como mãe, tive uma sensação de dever cumprido até o momento e fico tranquila que eles passarão a maior parte do tempo em uma escola boa e de qualidade enquanto eu estiver no trabalho. Fé, coragem e determinação sempre para continuar seguindo o meu caminho e fazendo as melhores escolhas!
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