A maioria de nós foi educada acreditando que sensibilidade é uma fraqueza. Existe uma crença coletiva de que para ser uma pessoa bem sucedida você deve ser forte e esconder seus sentimentos. O mercado de trabalho continua reforçando isso ao supervalorizar a objetividade e produtividade, exigindo comportamentos de máquinas no lugar da genuinidade humana.
Assim expressar e demonstrar algo que faz parte da natureza humana se tornou sinônimo de fracasso e menos valia. Por isso tendemos a bloquear e/ou camuflar nossos sentimentos para não nos sentirmos vulneráveis perante os outros. Acabamos superficializando as relações e usando armaduras para escondermos nossa essência. Adotamos mecanismos de defesa para não sofrer com interações externas e acabamos causando um enorme sofrimento interno.
A boa notícia é que podemos reverter esse quadro em nós mesmas e assim contribuir também para a saúde integral de todos.
Efeitos dos bloqueios de sentimentos
A princípio essa técnica parece inofensiva e eficaz porque eu “apenas” bloqueio o que sinto para transparecer segurança, evitar sofrimento, me adequar aos padrões e obter sucesso.
Contudo no médio prazo os efeitos começam a surgir. Posso conseguir aquilo que chamo de sucesso, mas não fico verdadeiramente feliz e satisfeita. A dificuldade em lidar com a sensibilidade acaba me “enferrujando”, me paralisando e acabo por ficar dura como um homem de lata. Isso ocorre porque ao bloquear os sentimentos para não sentir dor, também impeço a capacidade de sentir prazer. Tudo passa pelo mesmo caminho. Destaco que no longo prazo a repressão dos sentimentos e espontaneidade por gerar depressão.
Qual é o caminho para reverter a situação? Não existe um caminho único, cada um tem sua trajetória e assim sua forma de ser. Contudo uma boa pista é investigar como você foi orientada a lidar com seus sentimentos na infância.
Infância e sentimentos
Desde o começo, a maioria das crianças são ensinadas a reprimir seus sentimentos. Ocorre o desmerecimento dos sentimentos porque os próprios adultos não sabem lidar com eles. Afinal, basta lembrar que foram crianças antes e que provavelmente não tiveram boa orientação. Existe aquele repertório clássico de frases como: “Está triste por causa dessa bobagem?”, “Engole esse choro”, “É uma bobona se emociona com qualquer coisa, as pessoas vão se aproveitar de você”, “Não demonstre sua felicidade porque as pessoas vão te invejar”, etc.
Entretanto quanto mais me distancio do que sinto mais difícil será lidar com esses conteúdos. Aquilo que não reconheço me assusta. Acaba ocorrendo uma confusão interna e por vezes a pessoa se expressa de forma contraditória. Isso gera problemas de comunicação e de saúde.
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Exemplo: “Estou rindo de nervoso”. O nível de angústia e ansiedade pode estar tão elevado que precisa ser expresso de alguma forma e a pessoa usa o recurso que sabe que socialmente é mais bem aceito, isto é, o sorriso. Percebem como o mecanismo se instala?
Além disso, os sentimentos que não encontram formas de seguir seu fluxo e podem se estacionar em partes do nosso corpo gerando doenças somáticas. Já que tudo está interligado, o corpo acha uma forma de lhe comunicar que esses comportamentos não lhe fazem bem.
O melhor que podemos fazer por nós mesmas é nos acolhermos e nos permitirmos desenvolver nossa habilidade de expressar nossos sentimentos. Para isso devemos entrar em contato com a nossa história de forma gradual e amorosa. Encontrar as lacunas ou feridas e nos presentearmos com possibilidades de reconstrução.
Exercício para acessar os sentimentos
Por fim, trago mais uma contribuição afetuosa da Terapia Integrativa que pratico com os meus clientes para que vocês também possam se beneficiar.
Vamos fazer um exercício básico para acessar nossos sentimentos? Deste modo, conseguiremos associar as informações do texto à prática. Além disso, é uma oportunidade para irmos desconstruindo os muros que podem existir dentro de nós.
Leia as orientações e depois faça a atividade de olhos fechados. Por que devemos fechar os olhos? Porque quanto menos estímulos externos tivermos mais fácil é a nossa reconexão interna.
Exercício: Encontre um local que você se sinta bem, que seja silencioso e não haja interrupções. Busque uma posição confortável e feche seus olhos.
Observe o ritmo da sua respiração. Aos poucos vá equilibrando para uma respiração mais profunda e relaxante. Sinta as batidas do seu coração e visualize no centro dele uma chama de puro amor. Mergulhe dentro do seu coração e se sinta amada. Fique assim até quando você desejar. No seu ritmo, comece a fazer uma viagem no tempo. Encontre dentro de você a sua criança interna, se conecte com suas lembranças e sensações. Resgate como ela aprendeu a lidar como seus sentimentos e como adultos reagiam com as suas manifestações. Não julgue! Apenas acesse e observe.
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Abrace a sua criança interna e dê a ela o amor que precisa. Não se reprima! Deixe fluir as emoções e sentimentos que aparecem. Diga que está tudo bem. Fale que hoje você está se acolhendo para liberar bloqueios e restaurar o seu fluxo natural. Respire fundo e visualize novamente dentro do seu coração. Fique o tempo que for necessário. Devagar vá retornando para o aqui e agora. Agradeça tudo que acessou.
É interessante que anote o que você vivenciou e quais conteúdos foram trazidos. Este é um material precioso para seu autoconhecimento e ressignificação das experiências.
Atenção: O exercício possibilita que você acesse, mas não significa que automaticamente os bloqueios estão resolvidos. Em alguns casos pode-se atingir esse resultado e em outros serão necessárias ações terapêuticas.
Que este texto aliado ao exercício sejam uma motivação para você se expandir!
3 Comentários
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Carol Medeiros
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