Mudanças e cobranças sobre nosso corpo após a gravidez.
O verão chegou por aqui, hora de tirar o biquíni da gaveta e curtir, seja um lago, praia ou mar.
No meu caso, o corpo ja não é o mesmo de outrora. O verão é temido por mim, pois depois de quase 6 meses debaixo de moletons, cachecóis e vestes, chegou a hora de colocar o corpinho pro ”jogo”.
Aquela barriguinha que insisti em mostrar há que veio. Eu não recuperei o corpo que eu tinha antes da minha última gravidez, no meu caso, um terceiro filho. Nem sei se me recuperei da minha primeira gravidez por completo. O corpo muda com o passar dos anos, e como muda. E no meu caso, o complexo se instalou. Sei que não sou a única. Acho que esse complexo com a minha barriga deve ter em torno de 8 anos.
Eu nunca fui desencanada com meu corpo, tanto que aos 19 anos coloquei próteses mamárias. Esse complexo com meus seios veio na adolescência, todas minhas amigas tinham, menos eu. Com os garotos era motivo de piadas, tipo: “Nossa, fulana é tão bonita, pena que não tem peito.” Escutei isso muitas vezes. Tanto que meu sonho não era me formar primeiro, mas sim ter o tão sonhado ”peito”.
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Quando eu tive meu primeiro filho, por cesariana, dois meses depois a barriguinha estava de volta. Não era chapada, mas estava em harmonia com o meu corpo e pra mim estava ótimo. Não pensava se minha bunda tava durinha ou se tinha celulite. Pra mim estava tudo maravilhoso, vendo que eu havia resolvido o ”probleminha” do peito. Já na segunda gravidez o negócio mudou. Eu tinha 25 anos e não me recuperei tão rápido. Foram quase dois anos pra ficar com uma barriguinha, digamos, aceitável. Fiz dietas malucas e, por fim, fui voltando aos poucos.
Agora que minha caçula completou três anos, eu já estou conformada. Não haverá milagre. O yoga e o pilates que pratico de duas a três vezes por semana, não me ajudaram. Ela veio pra ficar. Quando eu fico em frente ao espelho o bicho pega. Aperto, prendo o ar e falo que ela não é bem vinda. Como se ela estivesse pronta a partir. Mas eu me pergunto por que tal pressão com a gente mesma. Por que nossas barriguinhas não são ”aceitáveis”? Por que a gente se cobra tanto? Por que a gente não se aceita assim, são as ”marcas” da nossa história.
Aprendendo a não se cobrar tanto por um padrão irreal
Eu fico com raiva de me cobrar tanto. De querer uma perfeição inatingível. A sociedade brasileira é muito perversa com as mulheres, esse culto ao corpo deve cessar. Quantas capas de revista no Brasil temos com mulheres de biquíni, mostrando a ”boa forma” e com dietas ”maravilhosas”? Em quantas revistas temos mulheres vestidas? Quantas dietas aparecem todos os dias para responder a uma demanda crescente? E quando a dieta não dá jeito, a cirurgia dá. Não me assusta o Brasil estar em segundo lugar no raking mundial de cirurgias plásticas.
Aqui na Suíça e por onde tenho viajado na Europa, seja gorda, magra, sarada, elas colocam um biquíni e se vão sem problemas à praia, ao lago, etc. Não sei se é pelo fato de serem bem resolvidas com o corpo ou se é uma questão cultural.
No meu caso, com esse complexo que se arrasta por anos, vou ver um cirurgião plástico em breve e verei o que ele me diz. Aqui não se opera como se faz no Brasil, dinheiro a todo custo. Já consultei um cirurgião há um tempo pra saber se tinha necessidade de trocar as próteses, tendo em vista que no Brasil o cirurgião que me operou, disse: “No máximo dez anos, depois tem que trocar.” O cirurgião daqui, me pediu um ultrassom e falou pra voltar de dois em dois anos para uma consulta de rotina, e que por enquanto, não há necessidade de trocar.
Meu marido fala que está ótimo, que eu tenho um corpo bonito e que a perfeição não existe. Mas eu não o vejo assim: vejo a barriga que com o passar dos dias so aumenta. Vejo as estrias que ganhei ao longo de três gravidezes e também vejo uma mulher de saco cheio dessa sociedade que nos pressiona e nos pede uma ”perfeição” inatingível. E ao mesmo tempo, vejo uma mulher que quer passar por uma operação pra se aceitar e ser aceita. Entendeu?!
Ser mulher é padecer no paraíso.
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