Como vencer a síndrome da impostora no exterior
É inacreditável e pode até ser cômico, mas mesmo não gostando nem um pouco do relacionamento que temos com nossa impostora interna, tenho quase certeza que você a trouxe na bagagem ao sair do Brasil. Eu, mesmo não me dando conta, vi os sinais de que a impostora estava e está comigo em muito momentos.
Eu sou Roberta Crossley, coach para mulheres, tenho formação em psicologia, atualmente moro na Austrália e antes daqui passei um bom tempo na Nova Zelândia. Tenho duas filhas nascidas fora do Brasil e um marido sulafricano que me apoia muito. É um prazer dividir um pouco do que vivo e aprendi, sou empreendedora e muitos podem até dizer que sou corajosa, mas a minha impostora pode discordar de tudo isso sem nenhuma cerimônia.
Como vencer essa síndrome
Afinal, como superar a síndrome de impostora quando estamos nos sentindo tão vulneráveis?
Deixar o nosso país, nossa zona de conforto, nossa rede de suporte, nossas conquistas profissionais e amigos de longa data pode exacerbar o nosso contato com a síndrome de impostora.
Mesmo que você tenha sonhado e planejado com tudo que está fazendo, ela sempre acha uma brecha para te fazer pensar e sentir menos que alguém.
É bem possível que você já tenha se encontrado com ela em outras situações, relacionadas a carreira ou estudos mesmo no Brasil. Ou que ela tenha se feito mais presente quando você se tornou mãe, por exemplo.
A síndrome de impostora, não chega a ser classificada como um transtorno ou tem uma classificação explícita clinicamente. Mas vejo ela presente em muitas das minhas clientes, nas minhas amigas e comigo também.
Pesquisando mais sobre o assunto, encontrei um estudo feito por duas psicólogas americanas, com 150 mulheres bem-sucedidas, falando desse fenômeno que é mais comumente vivido por mulheres. Se você quiser ler em detalhes o link do estudo em inglês está aqui
O que causa a síndrome de impostora
De forma bem simples, vou compartilhar alguns dos pensamentos e sentimentos que esta síndrome pode causar:
- Eu não devia estar neste curso /neste nível/daqui a pouco vão perceber que não sei nada
- Nunca vou conseguir este trabalho/esta promoção pois agora todos vão saber que não sou tão inteligente/não domino o idioma/ou alguma outra ilusão que você queira colocar aqui
- As mães que conheci não vão querer se tornar minhas amigas pois não sou uma boa mãe/não sou como elas /não sei sobre a cultura daqui
- Tudo que aconteceu comigo até hoje foi sorte/a qualquer momento vão descobrir que meu visto foi aprovado e não deveria ter sido /foi um erro /logo as pessoas vão descobrir
As frases acima são somente alguns dos exemplos que posso dividir com vocês, mas tem inúmeras maneiras que já ouvi as impostoras querendo decidir nossas vidas, nos colocando para baixo, fazendo com que você haja com medo e se sabote nas mais variadas situações e contextos.
Se você já se identificou com algumas delas, o primeiro passo já foi dado.
É necessário que você veja que ela está em ação e conscientemente consiga enxergar isso, para que você possa construir mecanismos para desarmá-la e viver da maneira que merece de verdade. Você precisa separar estes pensamentos que muitas vezes estão tão emaranhados com os nossos que ficamos confusas.
Como você pode fazer isso?
Quando você identifica a voz da sua impostora na sua cabeça, antes de agir de acordo com ela, você precisa confrontá-la.
Para isso sugiro que você tenha um caderninho na bolsa, e durante alguns dias anote estes pensamentos que surgem e que te criticam, te julgam e fazem você se sentir menos que alguém.
Ao identificar os pensamentos você conseguirá trabalhar no antídoto para cada um deles.
Formas alternativas para ter mais claridade de pensamento são manter um diário e criar um hábito de escrever todos os dias como se sente, ou escrever de forma livre, sem se julgar. Isso te ajudará a manter-se mais centrada e a entender bem mais rápido se for a impostora no comando.
Sugestões para superar a síndrome de impostora:
- Meditar regularmente, mesmo que durante 5 minutos por dia
- Ter pausas regulares para focar na sua respiração durante o dia
- Manter um diário de vitórias, anote nele tudo que se orgulha, comentários e elogios de pessoas queridas, clientes, colegas e use para dias ou momentos que a impostora estiver na ativa
- Se cuidar, beber bastante água, comer bem
- Fazer exercícios regularmente
- Nutrir sua mente e coração, com bons livros, podcasts e ótimas companhias
- Afirmações positivas
- Atitude de gratidão
- Lembrar que HOJE você já tem, já sabe ou domina um conhecimento que alguém pode se beneficiar
Leia mais: Sentimentos: libere seus bloqueios e seja mais feliz
Preste atenção nos seus hábitos e também nas pessoas que contribuam com o diálogo da sua impostora. Não estou dizendo aqui para você parar de falar com as amigas, ou alguma pessoa específica, as vezes até alguém que você ama da sua família.
Mas, sim para que você perceba se este relacionamento nutre sua impostora ou você. Se anda nutrindo sua impostora na maior parte do tempo, veja se consegue falar com a pessoa abertamente sobre o assunto, se não der, tente diminuir o contato, pelo menos em dias que você sente que sua impostora está querendo sair.
Há alguns anos me deparei com este vídeo, da psicóloga social Amy Cuddy que fala como nossa postura também alterna nosso sentimento e auto confiança, acho que ajuda muito, para ler clique aqui
Saiba que você não está sozinha, todas nós fazemos nosso melhor para deixar a impostora interna de lado e viver da melhor maneira. Se orgulhe de todo seu progresso, pois o que conta na verdade é o seu dia-a-dia e nunca a linha de chegada.
E no mais, amanhã é sempre um novo dia. Lembre-se que o céu é sempre azul, as nuvens cinzas é que são temporárias.
1 Comentário
[…] E toda vez que precisava fazer uma negociação, este sentimento mostrava as caras. Já falei mais sobre isso no meu texto sobre Síndrome da Impostora no Exterior aqui. […]