Ciclicidade e Autoconhecimento: uma conexão com o Feminino
2020 foi sem dúvida um ano de muitos aprendizados. E se tem uma área de nossas vidas que foi profundamente vivenciada é a do autoconhecimento. Nos meus atendimentos como Coach a busca é contínua. Mas um denominador comum começou a surgir entre falas de clientes, amigas e o círculo de influência que busco estar próxima: a conexão com o Feminino por meio da ciclicidade e autoconhecimento.
Ser mulher é cíclico. A feminilidade é cíclica. Mas falar de ciclicidade é falar não apenas do seu ciclo menstrual, mas de um estado mais amplo de presença. Ela nos conecta diretamente com o momento sendo vivido agora, expandindo nossa consciência feminina para além do que nos dizem os dias do mês.
Acolhendo nossa feminilidade
Somos regidas por forças orgânicas e também naturais, que influenciam nosso estado de presença e a forma como encaramos nosso dia a dia. O nível de energia que investimos em uma atividade, o quão focada conseguimos estar, o número de tarefas que conseguimos administrar, o estado físico do nosso corpo, tudo isso é diretamente afetado pela fase do ciclo menstrual em que nos encontramos.
Acredito que para muitas de nós isso não seja novidade.
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O que na realidade se tornou a virada de chave para mim foi entender, aprender e agir sobre o que posso fazer com cada uma dessas fases. Tudo isso respeitando meu corpo, acolhendo minha feminilidade, entendendo meus limites, mantendo meu nível de produtividade alto, e, principalmente, expandindo meu autoconhecimento.
Muito mais que apenas dar nome a uma fase, entender os impactos que meu corpo vivencia em cada uma delas tornou-se uma necessidade.
Ciclicidade e autoconhecimento
Eu não sei você, mas após a maternidade minha vida hormonal virou de cabeça para baixo. Em muitos momentos não me reconhecia, e digo abertamente que em alguns deles pouco me suportei. Paciência no limite ou para muito além dele. Sentia que não tinha lugar. Minha cabeça não conseguia administrar mais que uma tarefa ao mesmo tempo.
Passados alguns dias outra pessoa parecia habitar o meu corpo. Administrava 20 tarefas simultâneas: distraía meu filho enquanto organizava a casa, criava conteúdo para as redes sociais, pensava nas refeições da semana e coordenava minha agenda de atendimentos. Soa familiar?
Algo estava claramente fora do lugar! E a questão ia para além do meu estado físico. Eu não estava pensando de forma cíclica. Minha vida não estava alinhada com as demandas do meu corpo e eu estava me exaurindo com tudo isso.
Quando o Universo responde
A mensagem começou a vir de todos os lados. No podcast da Michelle Obama escutei um episódio dedicado à importância de nós, mulheres, falarmos de forma mais aberta sob o que tange o Ser mulher. Nos meus atendimentos, minhas clientes cada vez mais falavam sobre como as fases de seus ciclos menstruais influenciavam diretamente sua presença ao longo dos dias. Nos cursos que eu fazia cada vez mais falava-se dessa tal ciclicidade e autoconhecimento. E foi aí que conheci a Carolina Amanda.
Em uma palestra de mulheres empreendedoras sobre Produtividade na Maternidade conheci a Carol – como carinhosamente era chamada pela moderadora. Ela é fundadora da plataforma Yoni das Pretas:
Um grupo de suporte, apoio e fortalecimento para que mulheres negras entendam a potencialidade de seus ventres. E utilizem essas potencialidades a seu favor, em tomadas de decisões e tarefas diárias.
Mas os ensinamentos que ela propõe vão muito além de questões raciais. Nos fez pensar sobre o que vejo ser um paradoxo entre a força masculina e a feminina. Como ela bem colocou, a primeira opera a partir do ‘Penso, logo, existo’, enquanto a segunda se representa por ‘Sinto, logo, existo’. Sutil e profunda diferença entre duas grandes potências.
E, na minha ingênua surpresa, ela veio trazer a importância de considerarmos nosso Mapa Menstrual para nos ajudar a sermos mais produtivas. E desde então esse aprendizado tem sido de profunda transformação.
O ponto de partida
Montando meu Mapa Menstrual com a Carol passei a ver meu corpo, e a forma como me apresento dia a dia de forma mais holística. Ela explica não apenas as influências orgânicas que nosso corpo vivencia, mas também os demais regentes: Ciclo Lunar (fases da lua), os quatro elementos (água, terra, ar e fogo), Ciclo Solar (primavera, verão, outono e inverno) e o impacto dessas forças no nosso corpo.
O Mapa Menstrual nos ajuda a entender quando teremos mais ânimo e portanto sermos mais produtivas, assim como quais são os momentos em que sentiremos maior necessidade de recolhimento e nos encontramos em um estado mais introspectivo. Esse entendimento nos possibilita preparar com antecedência para lidar com essa alta ou baixa de vitalidade, sem impactar na nossa produtividade. E mais, saber quando usar de estratégias para nos ajudar a manter e elevar nossa energia.
Podemos literalmente planejar nossa agenda diária e mensal a partir do nosso Mapa Menstrual, e isso é maravilhoso! Eu não sei você, mas falou de aumentar minha energia e produtividade, aliada a autoconhecimento, eu estou dentro!
Mas qual seria então o ponto de partida? Olhar para seu ciclo e se conhecer a partir dele. Perceber onde estão seus dias de força, seus dias de mais necessidade de apoio e como melhor se preparar para os dias de menor ânimo físico e mental. E a Carol nos ajuda graciosamente a dar esse primeiro passo.
Em uma Live compartilhada na sua página do Instagram, a Carol nos ensina a montar nosso próprio Mapa Menstrual. Fiz um post dando os detalhes de como encontrar a Live no perfil dela e você pode acessá-lo aqui.
A unicidade feminina
Se você sente algum tipo de desconforto em relação a tudo isso, quero que saiba que está tudo bem. Quando falamos de período menstrual muitas logo sentem uma onda de timidez. A palavra menstruação às vezes causa desconforto. Assim fomos ensinadas a reagir: de um lugar de vergonha. Nossa essência foi inibida por uma sociedade patriarcal e machista.
Mas somos seres de sensibilidade. De fluidez. De mudanças constantes. Somos seres de força imensurável. De potencial infinito. E ainda assim tentamos nos encaixar em um mundo rígido e formatado, por pensar ser essa a regra. Fomos ‘treinadas’ a pensar assim. Mas negar nossa essência traz adoecimento.
Quando você para de estar disponível para a agenda externa e começa a entender que existe uma agenda interna, você começa a priorizá-la. Sem ela, você está destroçada”, diz Carolina.
Mas quero que saiba que a força do Feminino acontece na unicidade, na parceria e no apoio, ou seja, na sororidade. E aqui você está em um espaço seguro. Estamos aqui umas pelas outras. E isso inclui você!
Sincronicidade
2020 termina, sem qualquer dúvida, como um ano de muito aprendizado. Sinto não haver momento mais propício para falarmos sobre ciclos, quando estamos prestes a encerrar mais um.
Percebi que o convite para o autoconhecimento se apresentou para mim por todos os lados e aprendi que diferentes passos podem ser dados nessa direção. Expandindo meu autoconhecimento hoje escolho conscientemente me acolher na minha feminilidade e trago isso como missão, acolhendo as mulheres na minha vida, incluindo minhas clientes. Falar de ciclicidade feminina me conecta com minha essência, honra minhas antepassadas e traz sentido para minha vida. E isso quero vivenciar dia a dia.
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Agora faço esse convite de acolhimento a você também: olhar para si e se conectar com sua ciclicidade, expandindo seu autoconhecimento. Quando você quiser e se sentir pronta para falar mais sobre isso, e outras coisas mais, te espero para um bate papo!