Arrumar as minhas gavetas foi libertador. Eu vou ousar um pouquinho e irei parafrasear Shakespeare:
Há mais mistérios entre o cérebro e a alma humana do que imagina a nossa vã ciência”.
Tenho que confessar que, meu corpo não estava em harmonia e em sintonia com a minha mente, a minha vida interna tinha virado uma bagunça. Sabe como foi que eu percebi tudo isto? Quando eu ouvi a frase: “Uma gaveta desarrumada é o espelho da vida.” E de repente, como num passe de mágica, foi que eu comecei a analisar com mais atenção a minha vida.
A minha arrumação começou de fato, depois que fiz o Caminho de Santiago de Compostela.
Inércia X decisão
Eu precisava arregaçar as mangas e começar a arrumar as minhas gavetas. Mas, infelizmente eu não sabia por onde começar e muito menos como venceria a batalha contra mim mesma. Não queria me entregar ao caos, mas um outro lado de mim, queria permancer na inércia.
Aos poucos, fui observando a minha rotina, o constante desânimo e os pensamentos desordenados. Sentia um imenso vazio. As minhas gavetas internas estavam bem bagunçadas. Os meus conflitos, os meus problemas vinham e iam, parecia um filme sendo reprisado constantemente. A ficha caiu lá atrás, mas só consegui entender depois de algum tempo que a minha casa bagunçada e o meu guarda-roupa desarrumado eram o espelho da minha vida interior. Nossa parece loucura, né?
Decisões em tempos difíceis
Quando percebi que o meu caos interno havia começado, eu pensei com os meus botões que talvez a pandemia pudesse ser um dos motivos do meu cansaço emocional e da minha desmotivação. Mas, fui observando que tinham algumas coisas que eu acreditava que já estavam resolvidas e que, na real, não estavam. A verdade é que nem tudo que acontece em nossas vidas flui da maneira como desejamos e queremos.
Foram surgindo muitas interrogações na minha cabeça e eu precisa encontrar as respostas. E eu precisava estar sozinha. Não adiantava mais tapar o sol com a peneira e achar que tudo estava bem, quando na verdade não estava. A minha razão me dizia que estava tudo bem, enquanto a minha emoção trazia para fora mágoas e raivas de coisas que já haviam acontecido há muito tempo.
Prestando mais atenção na maneira de viver
Eu estava vivendo um conflito, entre a minha razão e a minha emoção. Eu não sabia quem eu deveria ouvir. É muito dificil tomar decisões, ainda mais quando o nosso coração parece dizer uma coisa e a cabeça diz outra. Eu não sabia se as decisões vinham da cabeça ou do meu coração, mas sabia que tinha que decidir.
A verdade é que, eu precisava de um pouco mais de tempo, para refletir e entender todas as coisas. E mesmo contrariando a minha razão, resolvi me dar este tempo e embarquei numa viagem chamada Caminho de Santiago de Compostela. Eu fiquei sozinha por algum tempo e nesse tempo, eu consegui colocar os pensamentos em ordem. Às vezes a solução para muitas coisas está na nossa frente e nem sempre conseguimos enxergá-las.
Mude sua mente e mude sua vida
Eu percebi que tinha várias gavetas que precisavam ser arrumadas e eu queria muito organizá-las. Então, parei, pensei e resolvi começar anotando todas as coisas que eu queria arrumar. Escrever foi como uma ótima e criativa terapia que eu encontrei.
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Também busquei apoio, na leitura e meditação. Comecei a me perguntar o que me fazia bem e o que não. Precisava ter mais consciência e segurança de como eu iria fazer para começar a mudar. Eu não queria parar na metado do caminho.
Às vezes, temos que fazer coisas que não gostamos e o mais difícil é o começar. As coisas que anotei me ajudaram bastante. Comecei a ler tudo que havia escrito e levei um baita susto com a quantidade de coisas que eu queria jogar fora e não tinha coragem. Quanto mais eu lia, mas me dava medo, todo começo é dificil e o meu começar não foi diferente.
E, por fim, comecei a arrumar a gaveta do coração. Esta gaveta estava bem desorganizada e me custou muito para colocá-la em ordem. Sabe, às vezes guardamos tantas mágoas, ressentimentos, e ate ódio em nosso coração. Faz-se necessário de vez em quando arrumar.
Eu fui tentando separar todos os sentimentos, tudo com muito cuidado. Tudo que me dava desconforto, eu precisava tirar e jogar fora. E no meio da minha arrumação, foi que eu encontrei o conceito budista milenar chamado o Caminho do meio. Me interessei por esse conceito, passei a ler sobre e resolvi colocá-lo em prática na minha vida.
Coragem para mudar
A chave que mudou a minha vida se chama coragem. É preciso ter coragem para fazer algo diferente e muita resiliência para não desistir. Tomei coragem para mudar, arrumar minhas gavetas internas, assumi que eu sou um ser humano com muitas imperfeições, fragilidades e que nem sempre posso resolver todas as coisas sozinhas. Buscar ajuda não é sinal de fraqueza, mas sim um ato de muita coragem.
Passei a nutrir mais meu eu, a me amar mais, me aceitar do jeito que sou. Comecei a meditar, pensar mais no próximo e na coletividade. Deixar ir tudo que me fazia mal, perdoar, viver de uma maneira correta e justa. Busquei ser mais gentil com todas as pessoas, mesmo com aquelas que me tratam mal (aqui exercito diariamente a minha paciência).
Comecei a aprender a conviver com as pessoas que não gosto. Sei que elas não precisam ser minhas amigas, mas tratá-las com civilidade é o mínimo que eu posso fazer.
Foi muito complicado, admitir que minhas gavetas estavam bagunçadas. E, finalmente, a arrumação foi acontecendo e fui tomando gosto pela coisa.
Reorganizei também a gaveta da alma, queria encontrar o meu equilibrio emocional. Uma alma lavada, traz paz interior.
Se você quer saber, precisei de muita coragem para mudar e vencer o medo. Mudanças geram muitas inseguranças. Decidi que eu seria a autora da minha própria vida e começei a fazer as todas as coisas que tenho vontade.
Iniciei a minha jornada há pouco tempo, mas já me sinto muito feliz, agradecida e emocionalmente mais equilibrada.
Um abraço virtual cheio de boas energias.