Direi à minha filha: veja sua beleza sem um espelho, sem elogios.”
Um dia estava procurando por imagens no Pinterest e me deparei com um painel de ideias para quartinhos de menina. Em meio a fotos de decoração, vi um lindo quadro com o dizer acima e me emocionei instantaneamente. Na hora pensei em minha filhinha e como jamais quero que ela não se sinta bonita. Mas, depois de passar pela adolescência, sei que com certeza ela terá dias em que não enxergará sua própria beleza – eu mesma aos 32 anos por vezes faço o mesmo.
Mas, o que mais chamou a minha atenção naquela frase foi que ela nos convida a não depender de nada ou ninguém para entender e aceitar a nossa própria beleza. Também insinua que os pais devem ensinar às crianças a fazerem isso. E como alguém pode ensinar algo que não sabe? Como podemos esperar que nossos filhos vejam sua beleza e potencial se não aprendermos a fazer o mesmo por nós mesmas?
Tenho certeza que a maioria de nós diz diariamente aos nossos pequenos (independentemente da idade) o quanto nós os amamos e que sempre os apoiaremos. Mas não são essas palavras que os fazem acreditar nessa verdade. Eles aprendem a acreditar nessas verdades pelas nossas ações, pelo que demonstramos ao longo dos anos. E o mesmo acontece com o amor-próprio.
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Sabemos que eles estão sempre nos observando. Eles reparam no que comemos, no que vemos na TV, que música ouvimos e o mais importante: o que dizemos a nós mesmas. Você se lembra quando seu filho falou um palavrão pela primeira vez? Epa, com quem ele aprendeu? Aí ficamos pensando por que dentre as milhares de palavras que falamos todos os dias, eles escolhem repetir bem aquela que “escapou” quando batemos o dedinho do pé na quina da mesa. Imagino que não seja só eu!
Espero que você já esteja vendo onde estou querendo chegar…
Se as crianças aprendem sobre a vida conosco, elas só podem aprender sobre AMOR conosco.
E isso inclui o amor que elas sentem por elas mesmas! Embora possamos amá-las mais do que tudo no mundo inteiro, isso não significa que elas se amarão da mesma forma. Ou seja, a forma com que você se sente sobre você as ensinará seus filhos a se sentirem da mesma forma sobre eles mesmos. Já pensou nisso?
Nem sei quantas vezes ouvi mães dizendo que “tentam” não falar que se sentem feias ou acima do peso na frente das crianças – isso é ótimo! Contudo, acredito que podemos ser mais intencionais e específicas porque, afinal, tentar não é suficiente. Por exemplo, quando o médico diz que seu filho precisa comer saudável, “tentar” comer saudável perto dele não é o mesmo que realmente comer saudável e ensinar esse hábito. Então, aqui vão algumas dicas para a prática do amor-próprio que você pode ensinar aos seus filhos de uma forma eficaz:
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Crie o hábito do amor-próprio: se você nunca pensou nesse conceito antes, esse deve ser o seu primeiro passo. Comece a investigar o que amor-próprio significa e o que pode significar para você. Existem diversos livros, podcasts e artigos sobre isso, mas adoro o livro ABC’s of Self Love de Melody Godfred (em inglês) – curtinho, fácil de ler e contém exercícios que encorajam a prática do amor-próprio;
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Preste atenção no que você diz e pensa: uma vez que você estiver mais consciente do que é o amor-próprio, pode passar a prestar mais atenção no que faz naturalmente quando não está “tentando dizer as coisas certas perto das crianças”. As suas falas e pensamentos sobre você mesma são geralmente mais negativos ou positivos?
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Preste atenção no que eles dizem: dependendo da idade dos seus filhos, você poderá notar como eles se sentem sobre si mesmos pelo que dizem ou como agem quando se trata da sua imagem corporal, desempenho na escola nos esportes, etc. Perceba se há similaridades entre como você se sente sobre você (ou como se sentia).
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Fale sobre o amor-próprio: novamente, dependendo da idade de seus filhos, isso pode ser feito de diversas formas, mas noto que mesmo sendo pequenos, quando penso que eles não entendem o que estou dizendo, eles estão ouvindo. Inicie uma conversa sobre o conceito do amor-próprio e observe a reação deles.
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Implemente: depois de fazer sua pesquisa e começar a incorporar práticas que cultivem o amor-próprio em você mesma, repasse para seus filhos. Aqui estão algumas ideias de exercícios que podem ser um bom começo.
Talvez você esteja se sentindo um pouco frustrada: “Puxa, mais uma coisa para lista de afazeres da mãe?” Vou dizer o seguinte: esse deve ser o primeiro item da lista. Sem auto-estima fazemos muito pouco na vida e embora o objetivo seja ajudar nossos filhos, jamais poderemos fazê-lo se não nos ajudarmos primeiro. Lembra da máscara de oxigênio no avião?
4 Comentários
Martha,adorei teu texto! acho que tenho que prestar mais atenção no que digo!
Fico feliz, Zandra! Não é mole, não, rs. Mas temos que começar de algum lugar! :*
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