Vacinas e cuidados para ir a Moçambique.
Quando recebemos a proposta de nos mudar para Moçambique, nossa primeira preocupação foi em relação à saúde. Da pouca informação que tínhamos sobre a África em geral, a impressão é de um continente sem estrutura, muitas mazelas e alto índice de mortalidade infantil.
Confesso que fiquei bem assustada e o primeiro pensamento foi negar a oportunidade. Diante da estrutura que tínhamos no Brasil, não seria seguro viver num lugar assim.
Tivemos um tempo para pensar e comecei minha pesquisa, conversamos com a pediatra e a imunologista da Melissa, que nos tranquilizaram e incentivaram muito em nossa decisão.
Fiz um levantamento das principais doenças que atingiam as pessoas de Moçambique e quais eram as formas de se proteger. Chegamos a uma conclusão satisfatória de que era possível fazer o controle da maioria delas e as demais tinham o mesmo risco que algumas doenças no Brasil.
Início da vida escolar e doenças
Tudo isso nos preocupou bastante porque desde que iniciou sua vida escolar aos cinco meses, nossa filha sempre adoeceu com muita frequência, sendo motivos de reflexões sobre a idade certa de ir para a escola, mesmo não tendo opção, pois na época ambos trabalhavam o dia todo. Isso gerava a velha culpa que todos os pais padecem ao deixar seus filhos na escola desde pequenos.
Toda criança ao iniciar sua vida escolar, passa por um “ciclo” de doenças. Dizem que ao completar esse ciclo a criança adoece com menos frequência. Quando chegou o momento de aproveitarmos esse período de maturidade do sistema imunológico da Melissa, surgiu a oportunidade de mudarmos para a África.
Saiba mais aqui sobre nossa mudança para Moçambique
Também percebemos que por se tratar de um país completamente diferente do que vivíamos, tudo iria recomeçar. Novas doenças que o organismo dela ainda não conhece e o coração apertado só de pensar em reviver essa etapa.
Para fazermos uma transição com mais tranquilidade, nos resguardamos da melhor forma através das vacinas e cuidados do dia a dia para que a adaptação fosse a mais rápida possível.
Principais doenças em Moçambique
Sobre as principais doenças, a malária ainda é a que mais acomete o país. A vacina ainda está em período de teste e não temos previsão de quando estará disponível. A principal orientação para evitar a doença ainda é a tela mosquiteira e o bom e velho repelente. Em caso de contração, a rede pública local fornece os medicamentos necessários para tratamento.
Por ser um país com estrutura hospitalar e rede sanitária carente, é importante ter todas as vacinas em dia para não passar por dificuldades. Moçambique ainda é um país que sofre por falta de estrutura básica, como tratamento de água e esgoto. Esse fator é responsável pela recorrência de doenças que para nós brasileiros eram inexistentes, como a cólera e a salmonella. Seguindo as orientações da pediatra e da imunologista de nossa filha fizemos uma listagem das principais doenças, vacinas e cuidados importantes:
- Hepatite A: ainda é muito comum a contaminação através de itens básicos como água utilizada no preparo dos alimentos, inclusive a água da pia que usamos para lavar legumes, escovar os dentes e tomar banho se não tiver o devido tratamento.
- Febre Tifoide: também causada pela bactéria Salmonella, mas de tipo diferente. Além de diarreia, vômito, dor de barriga causa febre alta. É muito comum em Moçambique.
- Febre Amarela: é obrigatória a apresentação do cartão internacional de vacinação para acessar o país.
- Cólera: uma doença inexistente no Brasil atualmente, mas ainda comum em Moçambique devido às condições precárias de saneamento básico. Como o governo local realiza campanhas de vacinação periodicamente, é possível tomar essa vacina quando estiver no país.
- Hepatite B: altamente recomendada devido a proliferação de diversas doenças endêmicas
- Tétano/ Difteria: sempre recomendada em qualquer local, principalmente em locais com atendimento médico hospitalar mais restrito.
Sobre as vacinas acima, a maioria delas é fornecida pela rede pública de forma gratuita no Brasil. Somente a vacina de cólera que não encontrei, mas consegui a dose em Moçambique e a vacina de febre tifoide que precisei encomendar através de um laboratório particular no Brasil. A vacina de febre tifoide tem dose única e valor médio de R$ 150 reais.
Minha filha está iniciando a independência de tarefas simples como escovar os dentes, ir ao banheiro e lavar as mãos. Em função disso, nos resguardamos de alguns cuidados no dia a dia para evitar qualquer tipo de contaminação:
- Além de lenços umedecidos, ter sempre álcool em gel nas pias de casa e na bolsa para uso na rua;
- Se possível sempre levar água mineral de casa;
- Uso diário do repelente a base de DEET (N-N-dietilmetatoluamida) ou licaridina: não é necessário trazer do Brasil, pois aqui existem marcas confiáveis;
- Todas as frutas, verduras e legumes devem ser desinfetados em água sanitária diluída para eliminação de possíveis germes e bactérias.
Hoje considero que estamos adaptados e já superamos a insegurança do “novo”. Melissa está em período de adaptação escolar e em breve conto para vocês como está sendo esse desafio!
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