Planos de saúde na Espanha.
Na Espanha, apesar da boa oferta de saúde pública, a presença da rede privada é muito forte. Sanitas, Adeslas e Generali são opções muito conhecidas de seguro saúde.
A minha experiência foi em Barcelona e em Madri, com duas dessas empresas. O que vou relatar é uma visão muito pessoal e certamente não reflete o atendimento de cada consultório médico espanhol.
São três os modelos mais comuns de planos de saúde:
- rede credenciada sem coparticipação;
- rede credenciada com coparticipação. Nesse caso a mensalidade é mais baixa, mas você contribui com consultas e exames até um teto estabelecido;
- rede credenciada e particular. Nesse caso deve pedir reembolso das consultas e exames particulares até um limite estipulado. É a opção mais cara.
Em Barcelona o acompanhamento médico do bebê é feito pelos CAPs, que são centros médicos públicos. Há consultas periódicas (não mensais) com o pediatra e também com a enfermeira. É ela quem pesa, mede e aplica as vacinas subsidiadas pelo governo. Se quiser dar uma vacina fora da lista, como a meningite B, basta comprar e agendar com a mesma enfermeira. Esse serviço é totalmente gratuito.
Sobre clínicas da rede credenciada
Como as consultas não eram mensais, fiz o acompanhamento do meu filho na rede privada, usando a pública apenas para as vacinas.
A clínica que eu frequentava com meu bebê em Barcelona atendia a vários planos de saúde e oferecia uma boa gama de especialidades pediátricas, como gastro, oftalmo e ortopedista.
A percepção que tive é que a qualidade da consulta dependia de dois fatores: qualidade do médico e quantidade de consultas agendadas. As instalações e a localização eram boas. Tudo ficava registrado no sistema e os médicos das diversas especialidades podiam ter a visão geral da saúde da criança.
De uma forma geral tive um bom atendimento, mas há situações a pontuar:
- atrasos eram comuns
- consultas rápidas devido à agenda muito cheia (na correria, por mais de uma vez a pediatra do meu bebê anotou peso e altura com bastante imprecisão)
- uso indiscriminado de antibióticos
Isso tudo me fez procurar uma outra clínica. Usei grupos de whatsapp e de Facebook para me ajudar. Pedi indicação de um médico que se adequasse mais ao que eu acredito como correto.
Encontrei uma outra clínica que atendia o convênio e a pediatra fazia uma mescla de homeopatia com alopatia. Apesar de ser muito atenciosa, a consulta era rápida, pois a fila era grande.
Em Madri já procurei por duas clínicas credenciadas e a experiência foi bastante negativa. As consultas não duraram mais de 5 minutos.
Sobre homeopatia
Cabe aqui um aparte sobre homeopatia. É uma especialidade que não é coberta pelos convênios. E, se a consulta for particular, não reembolsam (eu dei sorte da pediatra alopata também usar homeopatia).
A consulta com homeopata particular varia de 70 a 100 euros, sem direito a retorno. A partir da segunda consulta cai para 45 a 60 euros. Para que a criança possa ser atendida, os pais precisam preencher um documento concordando que seja utilizada a homeopatia. Os medicamentos homeopáticos são mais caros que no Brasil. Há várias farmácias e o mais comum é usar o medicamento industrializado, pronto, diferente da minha experiência em São Paulo.
Sobre exames
No quesito exames notei uma imensa diferença nos exames de imagem que fiz no meu filho no Brasil e tive que repetir na Espanha. Aqui é tudo mais simples.
O modelo brasileiro me trazia mais segurança, pois os exames eram feitos de forma mais detalhada.
As coletas (como sangue, fezes e urina) são iguais.
Sobre Pronto-Socorro
Em um mês morando em Madri tive que procurar o PS por duas vezes. Eu não sou “a louca do PS”. Acredito que seja uma opção realmente necessária, para não expor a criança sem necessidade.
Da primeira vez, eu havia chegado há apenas dois dias na cidade. Estávamos só eu e o bebê. Ele começou a vomitar repetidamente. Como isso nunca havia acontecido, conversei com meu marido por telefone (ele só chegaria no dia seguinte) e decidimos que seria melhor ir ao PS.
Mãe de primeira viagem, sozinha, sem carro, sem conhecer nenhum hospital.
A tal rede de apoio faz muita falta todos os dias. Mas, nesses momentos, a falta dói um pouquinho mais. Queria poder perguntar pros meus pais, sogros e cunhadas se aquilo era normal. Se eu estava exagerando.
Leia também sobre o calendário de vacinas na Espanha
Joguei no google, coloquei o bebê no carrinho e lá fomos nós rumo ao hospital que atendia nosso convênio.
Eu fui muito bem atendida. Rapidamente, com atenção, competência e gentileza. Após 4 horas e 2 exames tivemos o diagnóstico se rotavírus. Voltei pra casa tranquila e segura.
A segunda vez foi após o início na creche, momento em que todos os vírus e bactérias fizeram a festa.
Nesse meio tempo já tinha uma homeopata da rede privada, mas fora do convênio.
Como o bebê estava com febre e sem apetite, mesmo eu tendo ido ao consultório na quarta, ela foi até nossa casa no final de semana e nos orientou a procurar o PS, pois entendia que ele precisava de um raio-x pois, suspeitava de pneumonia. Nesse momento notei o quanto uma profissional interessada e competente faz diferença.
Novamente no PS, relatei tudo à medica e de fato foi confirmado o diagnóstico. Tratamento muito bom, especialmente dos enfermeiros.
Estou segura que isso não aconteceria com os “médicos de convênio” que conheci por aqui até agora. O que pude constatar é que a praxe é dar antibiótico e ponto final, sem ao menos fechar o diagnóstico.
Posso afirmar que a qualidade no atendimento que tive aqui para meu filho é bem parecida a que eu tinha no Brasil. Mas, de forma global, poderia destacar três pontos discrepantes entre Brasil e Espanha:
- qualidade dos planos de saúde mais paritária;
- valores mais acessíveis;
- a segurança de que se não pagar por saúde privada o Estado fornecerá uma saúde pública de qualidade.
10 Comentários
Oi! Adorei o artigo! Vc poderia compartilhar o contato da médica homeopata? Moro em Madri com minha filha de 3 anos e adoraria ter um homeopata aqui pra ela. Obrigada
Olá, Erika. Fico feliz que tenha gostado. Obrigada! Vou te mandar o contato no privado. Um abraço, Thaís
Olá Thaís l. Gostei muito de seu texto. Estou indo para a Espanha, grávida e estou cheia de dúvidas. Se puder me auxiliar agradeço imensamente.
Olá, Renata. Se eu puder ajudar de alguma forma, fico à disposiçao. Se preferir, podemos falar em privado. Um abraço, Thaís
Oi Thaís, adorei a forma que você escreve. Eu estou precisando tirar algumas dúvidas, você poderia me auxiliar? Também estou indo para Espanha grávida. Posso te escrever?
Olá, Sandra. Eu te respondi em prrivado. Um beijo, Thaís
Oi Thaís! Muito boas as suas dicas, obrigada por partilhar. Estou a pouco tempo na Espanha e descobri agora a gravidez. Se puder me dar dicas sobre os seguros saúde ficarei muito grata.
Olá, Velma. Como vai? Primeiramente parabéns pela gravidez! Sobre os planos de saúde, se ainda ñ tiver nenhum, acho muito provável que tenha alguma carência para a gravidez. Porém, você tem a opçao de acompanhamento no sistema público de saúde. Eu sinceramente ñ notei muita diferença entre o atendimento público e o privado. Fiz os meus exames de rotina com a matrona (público) e ñ enfrentei espera para agendar e fui muito bem atendida. Na verdade encontrei maior agilidade do que pelo plano de saúde. No momento tenho Adeslas. Já tive também Generali e sao muito parecidos. Um abraço, Thaís
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