No texto anterior eu falei sobre o nascimento do Leonardo e meu puerpério em meio a pandemia e luto. Com o tema muito longo e delicado, não houve espaço para discorrer sobre os primeiros dias do bebê e o acompanhamento do primeiro ano junto aos órgãos de registro e de saúde. Vou escrever sobre isso agora, leia para saber mais!
Pais brasileiros, filho português
Leonardo já nasceu português, com direito de cidadania, por já estarmos residindo legalmente em Portugal há três anos (no ano que ele nasceu). Então, ele teve de imediato a concessão de cartão cidadão e consequentemente os registros: NIF, NISS, Utente. (explicarei cada um logo abaixo).
Como Leonardo nasceu em 2020, ano pandêmico, o hospital não estava realizando serviço de certidões.
Portanto, recebemos apenas uma declaração de nascimento e com isso tivemos que agendar na conservatória o registro e o cartão cidadão.
Recebemos o cartão cidadão dentro de uma semana com todos os números de registros, sem precisarmos ir a cada órgão individualmente, o que é uma super vantagem.
Mas, o que são esses registros? Vamos entender:
NIF: Número de Identificação Fiscal. É o número que identifica o cidadão perante a Autoridade Tributária e Aduaneira. É como se fosse o CPF no Brasil
NISS: Número de Inscrição na Segurança Social. É o número que identifica o cidadão perante a Segurança Social em Portugal. É equivalente ao PIS do INSS do Brasil.
UTENTE: Número de Usuário. É o número que comprova que o cidadão está inscrito no Serviço Nacional de Saúde em Portugal. Esse registro dá acesso aos cuidados de saúde pública, como o atendimento médico, consultas, exames e medicamentos.
O passaporte acabamos não solicitando no primeiro ano, pois por estarmos em meio a pandemia não tínhamos intenção nem previsão de viajar. Mas quando Leonardo completou um ano, agendamos junto à conservatória para a solicitação do mesmo.
Feito os devidos registros, Leonardo começou o acompanhamento no Centro de Saúde o qual foi nos atribuído.
Mas antes, o que é Centro de Saúde?
É a unidade básica do Serviço Nacional de Saúde para atendimento e prestação de cuidados de saúde à população. É a primeira porta que devemos bater caso precise de cuidados médicos.
Lá somos atendidos periodicamente por uma enfermeira e médica de família (sempre a mesma), seja pessoalmente ou quando não é possível, podemos ser orientados por e-mail ou telefone.
Acompanhamento de saúde do Leonardo
Ainda do hospital, agendamos o teste do pezinho, que deve ser feito até o sétimo dia após o nascimento. Ao levarmos para o teste, ele teve a sua primeira consulta, onde foram feitas as aferições de rotina: peso, tamanho, reflexos.
Quando a enfermeira o pesou, ela constatou que ele tinha perdido 18% do peso de nascimento, o que era preocupante. Me orientou então a intercalar a mama com a fórmula por uma semana, para que ele recuperasse a gordura perdida.
Eu não queria, pois estava disposta a amamentar de forma exclusiva. Mas confesso que estava tão fragilizada com o pós operatório, cheia de dor e chateada com essa perda de peso que nem relutei, só segui a orientação.
E, ficou tudo bem. Ele recuperou o peso e em duas semanas estava um “tourinho”. Para esse acompanhamento de peso, as consultas eram semanais, durante o primeiro mês.
Durante o primeiro ano de vida aqui em Portugal, um bebê saudável – que não tenha a necessidade de um acompanhamento complementar, tem consultas nos seguintes meses: 1, 2, 4, 6, 9 e 12 meses. Para cada consulta, uma ou mais vacinas.
Na primeira consulta do Leonardo, eu também fui avaliada. Como tive um parto cesáreo, a médica limpou os pontos da cirurgia, trocou meus pontos e fez aquele check rotineiro: Pressão, peso, orientações sobre rotina do bebê e ajustamos os métodos anticoncepcionais.
Calendário de vacinas no primeiro ano de vida
Para entender o calendário oficial de vacina do bebê ao adulto e também de grupos específicos, você pode acessar o site do SNS ou clicar aqui.
Logo abaixo, trago a lista de vacinas administradas no primeiro ano do bebê. Saliento que alguns profissionais de saúde podem aplicar em uma ordem diferente, porém completamente dentro das margens de possibilidades:
Ao nascer (ainda no Hospital)
1ª dose da vacina contra a hepatite B (VHB)
Aos dois meses de idade:
vacina hexavalente DTPaHibVIPVHB
1ª dose contra a difteria, tétano e tosse convulsa (DTPa)
1ª dose contra doença invasiva por Haemophilus influenzae tipo b (Hib)
1ª dose contra a poliomielite (VIP)
2ª dose da vacina contra a hepatite B (VHB)
1ª dose da vacina conjugada contra infeções por Streptococcus pneumoniae de 13 serotipos (Pn13)
1ª dose da vacina contra Neisseria meningitidis B (MenB 1)
Aos quatro meses de idade:
2ª dose de DTPa, Hib e VIP (vacina pentavalente DTPaHibVIP)
2ª dose de Pn13
2ª dose da vacina contra Neisseria meningitidis B (MenB 2)
Aos seis meses de idade:
3ª dose de DTPa, Hib, VIP e VHB (vacina hexavalente DTPaHibVIPVHB)
Aos 12 meses de idade:
3ª dose da Pn13
3ª dose da vacina contra Neisseria meningitidis B (MenB 3)
Dose única contra a doença invasiva por Neisseria meningitidis C – MenC
1ª dose da vacina contra o sarampo, parotidite epidémica e rubéola (VASPR)
Para entender com mais detalhes a importância de cada vacina, clique aqui.
Leonardo também foi vacinado contra tuberculose (vacina BCG, aquela da marquinha no braço), por ser considerado do grupo acrescido de risco, devido a nacionalidade da família (para proteção em possíveis viagens ao Brasil). Ele foi chamado para essa vacina com cinco meses de nascido.
Introdução alimentar
Com cinco meses e meio, a médica de família autorizou a introdução alimentar. Começamos intercalando com banana, pêra e maçã, conforme orientação. Aos seis meses oferecemos purê de legumes e aos poucos fomos adicionando mais elementos nas refeições. A indicação é que ele poderia comer todo tipo de frutas, legumes, verduras, com pouquíssimas exceções.
Exemplos dessas exceções: fui orientada a oferecer kiwi e morango só após o primeiro ano do bebê, pois ambos induzem a libertação de histamina. Tanto que quando Leonardo completou um ano, ofereci morango e ele teve mesmo reação alérgica na pele, mas nada demais.
Na consulta de seis meses, fui questionada pela médica se seguiria amamentando, pois segundo ela a partir dali eu estaria “livre”, já que tinha cumprido o período de aleitamento indicado. Eu disse que continuaria sim e ela apoiou. Disse inclusive que pelas temperaturas sazonais de Portugal, onde um período tem muito pólen, noutro muita umidade, depois baixa umidade, vento, frio, calor, enfim… Ela afirmou que enquanto eu pudesse amamentar, seria importante pois auxiliaria o organismo do meu bebê a manter as defesas em dia.
Leia mais: Nacionalidade Portuguesa
É isso o que queria trazer, de forma resumida acho que consegui apresentar um pouco de como foi esse primeiro ano de Leonardo em relação ao acompanhamento junto aos órgãos de registro e saúde.
Ele completou um ano, e as consultas de rotina ficarão mais espaçadas, porém, sempre que eu preciso (como já precisei) tenho acesso ao centro de saúde por e-mail e telefone e sempre que há uma brecha eles encaixam Leonardo para uma consulta. Quando não sou atendida e orientada por telefone mesmo.
Em casos mais urgentes, como também já precisei algumas vezes, o Hospital Público de Braga é uma excelente opção. Mesmo tendo seguro saúde que me dá acesso aos serviços privados, eu sempre prefiro ir ao público. Lá o atendimento além de ser excelente, eles tratam cada caso com muito zelo, detalhes e ao fim do atendimento ficamos sendo monitorados pela médica de família, que é contactada pelo hospital recebendo informações sobre a situação do seu paciente. Sem falar que todo o atendimento, exames, procedimentos é completamente gratuito para as crianças.