O dia em que meu filho precisou de atendimento hospitalar em Cuba
Acredito que toda mãe, vivendo no Brasil ou não, tenha o mesmo medo: que seu filho fique doente. Pois é, na última semana, meu filho de 1 ano e 3 meses teve que ir para a clínica internacional, aqui em Havana, e a primeira suspeita da médica foi dengue.
Bom, vamos começar do começo… Meu filho está na fase de nascimento dos pré-molares e, com isso, veio o mal estar e a temperatura um pouco acima do normal. Ficamos observando bem de perto e ele seguia comendo e brincando, como sempre. No domingo a temperatura dele chegou a 39 graus e começamos a medicar para baixar a temperatura, conforme a orientação da médica dele no Brasil (santa médica que nos atende por WhatsApp sempre que necessitamos!).
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Nos dois dias seguintes ele estava bem incomodado e era perceptível que sentia dor e incômodo na boca. Na terça-feira, a temperatura dele baixou demais, entrando num quadro de hipotermia. Saímos correndo de casa para sermos atendidos na emergência da clínica internacional de Havana, chamada Cira Garcia. Chegando lá, a médica examinou meu filho e constatou que poderia ser dengue, pelo quadro dos últimos dias. Aí começou o pesadelo…
O primeiro pedido dela foi um exame de sangue. Neste momento ela chamou a enfermeira, que já entrou na sala com uma maleta de couro, como as de médico de antigamente, sabe? E dali de dentro tirou uma seringa devidamente embalada, a borracha para colocar no braço e o recipiente para coletar o sangue. Colocou a borracha nos dois braçinhos do meu filho, mas não encontrava a veia. Nesse momento ela nos levou para uma outra sala, onde faria o exame com um furo no dedo. Foi sofrido, mas deu certo. Depois de 10min, saiu o resultado. Em uma folha de papel e escrito a caneta, o resultado informava que não era dengue. Ufa, que alegria!
Depois disso, a médica avaliou e recomendou que fossemos para um hospital com uma ala pediátrica para que ele pudesse ser internado para observação por 24h. Segundo pesadelo da noite.
Fomos direcionados ao hospital em questão. Acabaram nos levando de ambulância, acompanhados de uma enfermeira para nos ajudar com os trâmites iniciais. Eu, Rafael e a enfermeira na ambulância. Meu marido, seguindo a ambulância de carro.
Quando chegamos ao hospital, me deparei com uma realidade muito triste: o hospital internacional tem uma ótima estrutura e está sempre muito limpo e organizado, já este outro hospital, estava terrível. Não tinha luz em todos os corredores. Limpeza? Não existia por ali. Enquanto subíamos as escadas, porque os elevadores estavam estragados, só pensava o quanto não queria que meu filho ficasse naquele lugar.

Arquivo pessoal
Chegamos na área de atendimento infantil e aguardamos alguns minutos até que o médico chegasse. Era o médico de plantão acompanhado, aparentemente, de uma residente. Chamaram-nos para a sala de atendimento, que estava razoavelmente limpa e ele examinou o Rafael. Em 5minutos viu tudo o que precisava e nos tranquilizou informando que era uma amigdalite viral e que a hipotermia é também uma reação de proteção do corpo. Ainda reforçou que nosso filho estava bem e saudável, que não precisaria ficar ali.
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Depois de todas as orientações, saímos de lá aliviados porque nosso filho estava bem e, principalmente por não termos ficado mais tempo por lá. Apesar de ter gostado do atendimento do médico, espero nunca mais voltar lá. É lógico que sei que isso também acontece em outros países, mas foi a primeira vez que aconteceu conosco e não conseguia parar de pensar na situação do hospital.
No dia seguinte, liguei para a pediatra do Rafael no Brasil, contando tudo e enviando o exame e receita para que desse o parecer dela. Não adianta, por melhor que seja o médico, sempre tenho a sensação de que preciso do ok da médica do Brasil. Não sei exatamente o motivo disso, mas me sinto mais segura sabendo que ela sabe o que meu filho tem.
Depois de toda essa experiência, só conseguia agradecer pela saúde do meu filho e por termos a oportunidade de sermos atendidos em lugares com uma melhor estrutura. Novamente, sei que isso acontece em todo lugar. Com certeza existem hospitais nessa mesma situação no Brasil e em muitos outros países por aí. A única coisa que sei é que não desejo experiências como ess para nenhuma outra mãe.