Esse é meu primeiro texto sobre maternidade em um outro país aqui no BPM Kids, mas antes de falar sobre fertilização in vitro na Bélgica, gostaria de começar bem do comecinho mesmo, falando um pouco sobre mim.
Sou mãe de duas meninas: a mais velha está com 2 anos e 8 meses e mais nova, ainda é uma bebezinha de 2 meses. Nunca em minha vida imaginei que teria duas meninas, muito menos com pai estrangeiro e morando fora do país! Mas talvez tenha sido assim com grande parte das brasileiras morando fora do Brasil e com filhos.
Quando eu pensava em ser mãe, sempre vinha na minha cabeça que seriam dois meninos. Não me pergunte por que, pois também não sei explicar. Nos dois momentos da minha vida em que mais pensei e quis ter filhos quando adulta, a vida deu uma virada e eu fiquei na vontade.
No meu primeiro casamento, meu marido naquela época disse que era muito jovem para ter filhos e o relacionamento acabou depois de algum tempo. Depois tive um segundo relacionamento sério de 7 anos com um homem mais velho que já tinha dois filhos do primeiro casamento e uma vasectomia. Ele topava ter mais filhos e chegamos a consultar um especialista em São Paulo. Como o procedimento era caro, resolvemos esperar um ano, mas o relacionamento também terminou.
Passei alguns anos sem nenhum relacionamento sério e posso dizer que aprendi a viver e a me conhecer neste período maravilhoso. Mas também durante este período, já acima dos meus 30 anos de idade, pensei que não teria mais tempo de conhecer alguém que eu gostasse o suficiente para pensar em ter filhos novamente. Até que em 2010, aos 35 anos de idade, conheci meu marido através de uma amiga Belga, durante uma viagem de férias. Depois de algumas visitas dele ao Brasil e minhas à Bélgica, acabei mudando definitivamente para o país em 2011.
Engravidar nem sempre é fácil
Sempre soubemos que queríamos filhos juntos, mas nunca soubemos que seria tão difícil conseguir. Começamos de maneira natural, mas após alguns meses decidi consultar uma médica para checar se eu realmente estava em condições de engravidar. Ela me examinou e me receitou um remédio para estimular a produção de óvulos. Ao invés de um óvulo, como é o normal, eu tinha períodos com 8 a 12 óvulos, que ela dizia estar ótimo e logo eu engravidaria.
Não gostava dessa médica. Comecei a notar que a maneira como ela me tratava modificava quando eu estava sozinha. Quando meu marido me acompanhava era super simpática. Quando eu estava sozinha, não me tratava bem. Infelizmente algumas pessoas têm preconceito contra estrangeiros e não sei se era esse o caso, mas o que acontecia não era normal. Conversamos a respeito e resolvemos mudar de médico. Nisso, uns 8 meses já tinham se passado.
Conseguimos uma indicação de um especialista em fertilidade na cidade de Lovaina e lá fomos nós com toda nossa esperança. Ele nos orientou, explicou que estimular a produção de óvulos sem saber se o restante está funcionando, seria o mesmo que desperdiçar o meu “estoque” de óvulos. Ao fazer os exames necessários, descobrimos que minhas trompas não funcionavam, muito provavelmente devido à uma infecção no abdômen. Tive realmente uma cirurgia às pressas quando ainda estava no Brasil para retirada do apêndice, mas o médico no Brasil nunca me deu nenhuma informação a respeito das consequências. A solução para nós seria a fertilização in vitro.
Fertilização in vitro na Bélgica
Para os que precisam de tratamento de fertilidade, estar na Bélgica é tirar a sorte grande, se posso chamar isso de sorte. Tratamentos que em outros países são caríssimos, aqui saem por custo baixíssimo, quase de graça. O governo auxilia até 5 tentativas de FIV. Aparentemente pessoas viajam de outros países para cá para recorrer aos médicos belgas, que também têm muita experiência, pois são muito procurados.
Foram 4 tentativas. Na quarta tentativa, após 2 anos e meio de tratamento, muitas idas e vindas, muito choro e tristeza, muito medo e todo o relacionamento colocado à prova, recebemos, finalmente, a boa notícia que tanto esperávamos: eu estava grávida!
Só me tornei mãe no momento em que relaxei e aceitei que talvez nunca me tornasse mãe. Talvez tenha sido somente coincidência, mas foi assim que aconteceu.”
Minha filha nasceu em 11 de abril de 2015. Forte, saudável, cheia de personalidade. Parece que já nasceu sabendo o que quer. Veio atrasada. Meu parto foi induzido e ela acabou nascendo forçada mesmo. Aos 40 anos eu finalmente descobri o maior amor do mundo e como uma criança é capaz de mudar nossa forma de pensar.
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Depois de ser mãe descobri que algumas coisas não importam mais e outras passam a importar muito. Em 2017, chegou nossa segunda pequenina, duas semanas antes da hora. Em pouco tempo de vida, ela tem me mostrado que, como dizem, cada filho é realmente único.
Obrigada!
Carla é paulista de Santos, formada em Administração de Empresas e Comércio Exterior pela Universidade Santa Cecília e com master em Marketing pela ESAMC, ambas em Santos. Possui mais de 20 anos de experiência em projetos de melhoria contínua na área de logística e atendimento a clientes em multinacionais no Brasil e na Bélgica. Atualmente dedica-se aos seus dois mais importantes projetos: Suas duas meninas. A mais velha com 2 anos e 9 meses e a mais novinha com 2 meses. Nos momentos que lhe restam, trabalha no desenvolvimento de um site que usará para divulgar textos e trabalhos manuais de confecção própria (pedacosdemim.com). Além disso está em fase embrionária de um programa de convivência e aproximação da cultura brasileira para crianças de brasileiros morando na Bélgica e tentando criar um novo caminho para sua carreira.
5 Comentários
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Olá, Carla! Excelente post.
Gostaria de trocar informações mais específicas com você, sobre maternidade na Bélgica.
Te add no IG, se puder me aceitar, ficarei feliz!!
Abraços e muita sorte nos seus projetos!!
Oi boa noite mas mesmo com a mutuele qual o valor do tratamento que voce pagou?
Obrigada
Olá Claudia,
Infelizmente a Carla só escreveu este texto para o BPM Kids, ela não é uma colunista fixa, por isso não terá como respondê-la.
Obrigada
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