Muitas malas, muita coragem e rumo ao Tennessee!
Olá! Eu sou a Tainnah, mas prefiro ser a Tata. Sou geminiana, falo muito, sou casada com um cara que não fala quase nada, mãe de um menininho que fala muito como a mãe, mas é idêntico ao pai em todo o resto.
Vamos começar do começo
Conheci o Leandro, meu marido, na faculdade e um pouco depois fomos morar na Austrália e amamos. Amamos tudo daquele lugar… o clima, as pessoas, a vida, a cultura… mas voltamos. Voltamos porque apesar disso tudo, quando pensávamos no futuro (beeeem futuro naquela época, quando só tínhamos 23 anos) e nos imaginávamos formando a nossa família, não queríamos fazer isso do outro lado do mundo, tão longe de todos. Voltamos para começar a vida no Brasil.
Me formei e fui trabalhar em um escritório na Avenida Paulista. A vida é maluca, né? Eu, de roupa social, em São Paulo! Mas tudo bem, fazemos escolhas para estar do lado de quem amamos, né? Lembra que voltamos pra começar uma vida de gente grande no Brasil? Então, nada mais “gente grande” do que recalcular a rota, mudar os planos e nos adaptarmos às novas escolhas para sermos felizes.
Nos casamos! Viajamos um pouco mais, passamos perrengues, nos mudamos de apartamento, ficamos mais “gente grande” e sentimos que a hora de adicionarmos um baixinho à nossa família havia chegado. Isso sem mencionar a pressão das famílias por um netinho – o primeiro dos dois lados!
A chegada do filho
Minha gravidez foi ótima, tirando a parte que eu tive que ficar em repouso absoluto porque meu baixinho era bem apressado… ok, vou ser “gente grande” e responsável pelo bem do meu filho. Primeira lição da maternidade: não, meu corpo não é mais só meu.
Assim chegou nosso menino: na hora dele, trazendo consigo um novo mundo! Me ensinando a ter paciência, a sair do controle e me mostrando que sou bem mais forte do que eu imaginava. Ele encheu a família de amor. Um amor inexplicável. De repente, ao virar mãe, me tornei muito mais filha também… minha mãe se tornou necessária, meu vício. Quase todo fim de semana estávamos com a família. Ver a interação deles com nosso filho era tudo o que eu queria e foi o motivo de termos escolhido estar ali.
Uma proposta inesperada
Eis que um dia recebo um telefonema com uma proposta de trabalho nos EUA. Que legal, mas pra morar longe da família, com um filho de 1 ano? Não obrigada… voltei da Austrália para estar próxima da família quando formasse a minha, então aceitar não fazia sentido.
Mas uma formiguinha lá dentro queria aceitar, queria morar fora de novo (seria talvez uma ancestralidade cigana?) e a formiguinha do meu marido era ainda mais teimosa do que a minha.
Tentei manter uma coerência e não aceitar, mas a verdade é que queríamos ter essa experiência, queríamos dar uma pausa na vida maluca de São Paulo para termos mais tempo com nosso filho (mencionei que a proposta era para morar no interior do Tennessee? Bem interior mesmo!), queríamos não nos preocupar com a violência, queríamos uma vida mais calma. Mas e nossas famílias? Bem, eles nos apoiaram. Mesmo sabendo que isso significaria estar longe do neto, que é a maior paixão da vida deles. Isso é amor, né? Isso é ser “gente grande”.
Ok, com o apoio da família decidimos então que seríamos “gente grande” de novo e aceitamos que tudo bem mudar os planos…Tennessee, aí vamos nós! Muitas malas, muita coragem misturada a muito medo, mas com o coração aberto.

Foto: arquivo pessoal
A vida no Tennessee
Tem sido fácil? Não! Tudo bem dois pais “gente grande” precisarem de colo do filho de 2 anos? Pois já precisamos várias vezes aqui…
É difícil estar longe da família, é difícil pensar na falta que eles sentem do neto, é difícil não ter a ajuda deles nos momentos que queremos dormir um pouquinho mais ou sair pra jantar sozinhos, é difícil pensar que estamos privando o nosso filho e a nossa família de uma convivência mais próxima, mas é só difícil? Não.
Nessa vida de morar fora do Brasil aprendemos a valorizar a nossa pátria. É engraçado como viramos defensores do Brasil, apesar de todos os problemas. Só nós, brasileiros, podemos falar mal do nosso país, gringo não! Aprendemos a gostar do diferente, a experimentar novas coisas, respeitar diferentes culturas…e como é legal conhecer coisas novas!
A saudade está sempre junto, de repente, a comida brasileira vira a melhor do mundo, a música brasileira é a mais linda, o povo brasileiro é o mais acolhedor e animado, aquela tia chata nem é tão chata assim, aquele primo inconveniente até que é legal, o trânsito nem é isso tudo. Saudade definitivamente deixa a memória seletiva! Mas é incrível termos uma experiência que nos permite ver que problemas existem em todos os lugares e que cabe a nós ajustarmos o nosso olhar para enxergar tudo de bom que esse novo país e essa experiência podem nos oferecer.
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Adaptação a um mundo novo
É bom saber que nosso filho está crescendo e já aprendendo a se adaptar a um mundo novo. Tão novo já podendo ajustar o olhar para as diferenças entre os lugares, extraindo o melhor de cada país. É incrível vivenciar o que todos falam: criança é uma esponjinha! A adaptação a uma língua diferente acontece em uma velocidade assustadora!
É muito bom termos mais tempo juntos e, principalmente, é muito bom saber que somos fortes e que apesar da distância, o amor e o laço estão ali, intactos! O meu filho não é a criança mais sociável do mundo com quem ele não conhece, não é um menino “dado”, mas quando recebemos visita da família ou quando vamos ao Brasil, ele entende que aquelas pessoas são a nossa família. A distância não mudou isso! A intimidade está lá! Graças à tecnologia e ao esforço que fazemos para manter as lembranças sempre vivas na cabecinha dele, mas mais que isso, é graças ao amor. Simples assim. Amor é pra sempre e não importa a distância…mesmo!
1 Comentário
[…] Ao me mudar para o interior do Tennesse, a minha segunda maior preocupação era em relação à escola do meu filho, na época com 1 ano (a primeira era a falta que ele sentiria do convívio com a família, escrevi sobre o tema aqui). […]