Não é nenhuma novidade que, para se viver bem e de maneira feliz, necessitamos ser parte de um grupo e de uma rede de apoio. E conviver em uma sociedade. Bom, quando se mora fora do seu país e longe dos familiares e amigos de uma vida toda, se torna essencial. Na realidade, é imprescindível para ser feliz.
A importância de uma rede de apoio
Tenho uma amiga, que conheci aqui em Havana, que sempre fala de um provérbio africano que diz “é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança” e ele com certeza é uma super verdade. Mas, atualmente, acredito que ele represente mais do que a leitura “tradicional”. Sim, para educar o meu filho longe de todos os familiares e amigos, preciso de uma aldeia. De preferência uma aldeia cheia de pessoas gentis, verdadeiras, solidárias, amigáveis, carinhosas, disponíveis.
Mas além de precisar destas pessoas para me ajudar a educar meu filho – que é uma grande tarefa e que nem sempre estamos preparadas para ela – eu também preciso destas pessoas em minha vida, para serem a minha rede de apoio, a minha aldeia, onde eu convivo e socializo.
Minha aldeia
Desde que cheguei em Havana, tive o prazer de estar rodeada de pessoas maravilhosas. Cubanos, brasileiros, uruguaios, peruanos, colombianos, entre outras nacionalidades. Cada uma dessas pessoas do seu jeitinho, com suas qualidades e defeitos, me ajudou de muitas formas que nem consigo listar aqui.
Não preciso citar nomes pois cada um sabe da importância que tem em minha vida. Essas pessoas, a minha rede de apoio, a minha aldeia, que me ajudam a fazer da minha experiência de expatriada em Cuba uma experiência mais leve, mais feliz.
Para tentar exemplificar tudo isso que estou falando, significa dizer que tenho pessoas a minha volta que estão sempre se conectando comigo. Seja pessoalmente ou por whatsapp. Seja para saber se eu preciso de alguma ajuda com as minhas compras, já que por aqui o tema de comprar comida é sempre uma complexidade.
Passa por me perguntarem se eu preciso de ajuda com a preparação e decoração da festa de aniversário do meu filho, ou com a preparação dos nossos famosos brigadeiros para oferecer em uma festa da escola. Passa por ter um grupo de mulheres super ativo, que se encontra semanalmente para fazer exercícios juntas, para almoçar ou tomar um cafezinho durante a tarde e rir das complexidades da nossa vida por aqui. Significa ter companhia para uns bons drinks e curtir uma boa música, pois merecemos também.
Leia mais: Santa internet: maternidade no exterior e as conexões virtuais
Meu filho está naquela fase terrível onde se tem febre por qualquer coisa. E, como tudo por aqui, os remédios são difíceis de encontrar. Sempre tenho um bom estoque em casa, mas na necessidade fui usando e acabei ficando sem um dos medicamentos. Na mesma hora em que percebi que estava quase acabando o remédio, mandei uma mensagem no grupo de whatsapp e prontamente 3 pessoas já estavam disponíveis para me entregar o medicamento em minha casa ou trazê-lo de uma viagem. Isso acontece quase todos os dias, com mil temas diferentes, dentro dessa aldeia e da nossa rede de apoio.
Essa aldeia é tão potente, tão importante, que já somos quase família. Família que briga, família que fala aquilo que o outro precisa ouvir, mesmo quando não se quer ouvir. Família que se aproxima e se afasta, sabendo dos momentos que você está passando, e te ajudando, mesmo sem estar presente. Família que ajuda, sem esperar nada em troca. Simplesmente pela compaixão e por saber que também está nessa situação.
E por saber que mundo da voltas e, a sempre pode ser a sua vez novamente nessa roda. Eu sinceramente acredito que é assim que as grandes amizades se constroem. Com essa sinceridade e essa troca, que essa rede de apoio me propicia diariamente.
O que aprendi até aqui com minha rede de apoio
Hoje, depois de 1 ano e 3 meses morando em Havana, posso dizer que sou parte de uma aldeia. Uma aldeia meio louca (mas acho que todas são) e sou muito grata e feliz por ser parte dela. Não sei se é porque meu aniversário de 30 anos está chegando e eu precisava passar por alguns momentos de reflexão, mas me vi aqui, precisando contar sobre essa parte da vida de expatriada, que nem todos contam.
Nada na vida é só a parte boa, tem sempre a parte difícil junto.
Sou uma pessoa com muita sorte, pois tenho uma família que me apoiou na minha decisão de morar fora, um filho e um marido que me acompanham nas minhas loucuras por aqui, amigos no Brasil que estão na torcida pela nossa felicidade. E tenho a minha aldeia, essa cheia de pessoas maravilhosas, que me ajudam (e às vezes nem sabem disso!) a viver essa minha temporada habanera da maneira mais leve, mais completa e mais feliz possível.
E você, tem cultivado suas relações dentro da sua aldeia? Eu torço para que sim!
Leia também: Amizade de troca de experiências entre mães expatriadas
1 Comentário
[…] Festas infantis na Austrália: menos é mais Ansiedade de mãe ao criar um filho bilíngue Em Cuba, a rede de apoio é fundamental Atividades esportivas e culturais na escola […]