Todo mundo já ouviu falar no provérbio “It takes a village to raise a child” (é preciso uma vila para criar uma criança), mas e quando esta vila está longe? Não tem nenhuma pessoa conhecida? E ainda por cima não podemos viajar? É preciso ter uma rede de apoio.
Construindo uma rede de apoio
Eu me mudei da Nova Zelândia para a Austrália em Abril de 2019 e minhas duas filhas nasceram na Nova Zelândia. Neste texto conto um pouco sobre nossa mudança clique aqui
Elas foram para escola infantil e a mais velha iniciou a escola primária por lá, além disso eu tinha familiares do meu marido morando no país e amigos. Amigos aos quais já tinha a confiança de pedir para ficar com minha filha enquanto eu saia algumas vezes e familiares que estavam presentes para ajudar com a rotina diária que é cheia de compromissos.
Mas, quando resolvemos deixar esta segunda zona de conforto, sabíamos que tínhamos deixado esta grandiosa vantagem para trás, pelo menos por um tempo. Imagino que a maioria das expatriadas sente na pele todo este desconforto que vem quando não conhecemos ninguém, ninguém nos conhece e não sabemos com quem podemos contar.
Leia mais: Uma mensagem de apoio para os momentos difíceis
Neste texto aqui a Anelise que mora na Escócia divide sobre este assunto também
Como minhas filhas não nasceram no Brasil, eu na verdade nunca tive a experiência de poder ligar para minha mãe em todos os momentos de angústia ou apreensão, mas quando a Mia estava com quase 3 anos minha sogra e sogro mudaram da África do Sul para Nova Zelândia e eles foram em muitos momentos meu centro de apoio.
Desde que mudamos de país, e tivemos qualquer plano de viagem ou férias entre os dois países interrompidas nos vimos novamente sem este apoio ou respiro. Hoje, com mais de um ano e meio por aqui, conseguimos estabelecer mais amizades e estamos caminhando para ter uma rede com os primeiros sinais de apoio.
Dicas para criar sua rede de apoio
E, por isso gostaria de compartilhar com vocês aqui, o que acredito que podem fazer a diferença:
- Comunicação – para mim esta é a primeira área que precisa ser cuidada, no meu caso eu já falava inglês, mas se você ainda não fala a língua do país ou inglês minha sugestão é que invista nesta possibilidade. Existem muitos cursos online, aplicativos para o celular como duolingo ou hora de aproveitar os preços mais interessantes das escolas, visto que não tem estudante internacional chegando
- Se você tem filhos pequenos, menores de 4 anos, acredito que vale a pena buscar um grupo de mães e crianças. Aqui na Austrália você pode fazer uma busca por este website
- Outra dica para achar um playgroup (grupo de mães e crianças) é buscar nas escolas particulares e igrejas
- Pontos em comum, se seus filhos praticam algum esporte é sempre uma oportunidade de conhecer outras pessoas com um interesse em comum
- Buscar grupos de mães ou expatriadas brasileiras, se ainda não tem nenhum grupo vale a pena criar e nutrir esta conexão
- Explorar os parquinhos e distribuir simpatia, acredito frequentar os parquinhos no início da manhã no seu bairro é sempre uma oportunidade para conhecer mães com crianças de idades parecidas no bairro próximo á sua casa
- Buscar uma atividade em grupo, exercícios, yoga, tem várias opções de exercício com bebês e com crianças pequenas.
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- Participar de grupos do Facebook para mães. mães & bebês e grupo de mães
- Frequentar academias, principalmente exercícios em grupos. Minha experiência nos dois países foi da mesma maneira, ir para grandes academias não facilitou a criação de amizades, enquanto que exercícios em academias que oferecem a possibilidade do grupo ou até bootcamp (campo de treinamento) foram onde mais amizades floresceram
- Igrejas, buscar a sua comunidade religiosa pode ajudar e muito na criação de uma rede de apoio e sentimento de comunidade
- Saia da sua zona de conforto e vá encontrar pessoas, me lembro como se fosse ontem de ir numa festa da academia, me sentindo um peixe fora d’água, sem conhecer ninguém mesmo e hoje uma das minhas amigas foi uma pessoa que puxei conversa naquela noite
- Menos comparações e mais abertura para novas experiências, quando entro no modo comparação tento buscar opções que me agradam hoje, por exemplo: não tem ajuda para sair para jantar, pesquisamos bastante e escolhemos um serviço de babá bem recomendado para almoçar ao invés de jantar (na minha casa a rotina do início da noite é mais intensa, e as meninas estão mais cansadas, sendo assim fica fácil chorar ou reclamar quando não conhecessem a pessoa de longa data para ajudar com esta rotina)
- Seja flexível, esteja aberta para diferentes formas de ser mãe e faça sua parte
Socialize!
Acredito que mesmo com as barreiras atuais existem formas criativas de se aproximar das pessoas, e acho que isso é super importante para nossa saúde mental.
Aqui na Austrália, em Gold Coast onde moro nós não tivemos restrições tão severas em relação ao Covid-19, algumas coisas mudaram, mas grande parte dos serviços e escolas só ficaram com aulas online por pouco tempo, sendo assim acredito que é um privilégio poder criar estes relacionamentos num momento onde estamos tão carentes de família, aconchego e muito mais.