Eu ainda nem cheguei no Canadá (faltam menos de 90 dias!), mas leio, vivo e respiro esse assunto o tempo todo. E o maior motivo é a nossa adaptação, em especial a dos que amo. São tantas dúvidas, novidades e, porque não, medos. Para combater a angústia de mãe expatriada, eu procuro me informar ao máximo sobre a nova vida que nos espera. Estes são os itens que mais pesquiso:
Inverno: eu, meu marido e nossos dois filhos pequenos estamos indo em fevereiro. Levaremos nossos três gatinhos também. Reza a lenda que fevereiro é um dos piores meses do inverno e neva pesado. Sei que nossas roupas não serão nada adequadas. Por isso, já anotei endereços de lojas que vendem roupas de neve a preços bons – inclusive uma de roupas de segunda mão – para começarmos nosso novo guarda-roupa. Eu só vi neve uma vez na vida, no Chile, então não tenho a menor noção de como é viver de como é a rotina de viver na neve, limpar calçada, vestir as crianças para a escola… Às vezes me pego pensando “como será dirigir na neve?”.
Burocracia: não sei como é a burocracia para tirar documentos ou abrir uma conta no Canadá. Dizem ser fácil (e espero que seja! risos). Uma das coisas na lista de prioridades é meu marido tirar a carta de habilitação canadense para podermos comprar nosso carro, e estamos ansiosos com esse processo pois ouvimos dizer que não é fácil. Depois, eu também terei que tirar a carteira e, para isso, estudar para a prova… ai, ai!
Aluguel da casa: Temos uma noção sobre o aluguel da casa e as leis de inquilinato na província de Ontario, mesmo assim não temos certeza do que nos espera. A questão do aluguel é bem importante para nós: gostaríamos de morar num bairro sossegado, com boas escolas e numa casa que acomode a todos com conforto. E “todos” significa nós, os gatos e os nossos parentes que vão se revezar nas visitas para a saudade não doer tanto. Será que acharemos rápido a tal casa? Uma casa que aceite pets? Que tenha espaço para todos? Morei toda a vida em apartamento, sonho com a chance de morar em uma casa, mas como é manter uma? Tantas novidades!!! Fico procurando casas nos sites de real estate e torcendo para termos sorte de achar uma casa legal, que caiba no nosso orçamento e que seja boa para nossa família.
Saudades da família: meu marido já mora em uma cidade diferente da família dele há anos, então está acostumado. Mas eu… sou vizinha dos meus pais e os vejo todos os dias, assim como meus filhos. Fico pensando: será que eles vão poder morar conosco? O Canadá tem um programa muito interessante de visto para pais e avós chamado Super Visa, que consiste num visto de 10 anos, podendo ficar dois anos direto no Canadá (o visto de turismo é de seis meses). E, no futuro, podemos dar entrada no programa de Sponsor – que é mais complexo e precisa comprovar renda suficiente para sustentar o ente que quer trazer ao Canadá, além de depender de um sorteio anual, ou seja, não é tão fácil assim.
Escola e adaptação das crianças: esse é, de longe, o assunto que mais me consome. Já entrei em diversos grupos de Facebook e WhatsApp para saber mais sobre o assunto. Tenho duas crianças, uma de 6 anos e outra que terá 3 anos quando nos mudarmos. O mais velho já irá para a escola, mas a mais nova só terá direito à escola pública aos 4 anos, antes disso, só daycare que custa bem caro! Sei que terei o desafio de ficar com a minha filha de 3 anos em casa, já que aqui no Brasil ela frequenta a escola e simplesmente ama! Combinei com meu marido que vou me dedicar exclusivamente aos nosso filhos neste começo, ajudando nas lições, levando e buscando na escola, com as aulas de inglês que venham a surgir. Eles não falam uma palavra de inglês e fico muito preocupada (em especial com o sofrimento do mais velho). No Canadá existe um programa chamado ESL – inglês como segunda língua – que oferece ensino de inglês fora do horário de aula, porém não são todas as escolas que possuem o programa. Estamos passando bastante confiança para eles, mostrando o lado bom da mudança, e o mais velho fala diariamente o quanto quer se mudar logo. Só consigo pensar que essa mudança é para eles, para terem um futuro melhor e que farei de tudo para essa adaptação ser a mais tranquila possível.
Emprego: esse assunto me preocupa mas não tanto, porque confio que meu marido encontrará algo bacana logo. Ele está preparado para uma mudança radical, um recomeço, ser garçom se necessário, caixa de mercado, qualquer trabalho digno e honesto mas que no Brasil é tão desvalorizado. Como esposa, torço para que ele encontre algo que o faça feliz e que nos traga o sustento, pois nossas economias durarão um tempo, mas não para sempre.
Gatos: pode parecer besteira para alguns, mas eu estou uma pilha de nervos por causa dos meus gatinhos! Temos três e fico pensando no transporte com tantas horas no avião. Nunca voei com eles. Será que vão dar trabalho, vão ficar irritados? Se morarmos realmente em casa, como será já que moraram toda vida presos num apartamento? Como será o frio para eles?
E, finalmente, sobre mim! Se eu tenho questões sobre mim? Muitas!
Sou bacharel em Hotelaria e já trabalhei muito nesta área, porém a maternidade me mostrou um lado que eu não conhecia e resolvi empreender. Transformei um hobby querido, a confeitaria, em profissão. Busquei me qualificar ao máximo, tanto quanto a rotina com duas crianças pequenas permitiu, e há um ano faço doces finos e bolos para eventos. É uma loucura trabalhar de casa, mas foi o que me deixou plena. Ter meu próprio dinheiro é maravilhoso, pois sempre trabalhei, mas, ao mesmo tempo, poder acompanhar meus filhos de pertinho é um privilégio.
Muitos me perguntam se seguirei com a Glaceara Doces Finos em terras canadenses e a resposta é: espero que sim. Preciso me informar sobre como funciona a vigilância sanitária canadense, se é possível trabalhar de casa como aqui, como farei para atingir o meu público – se me restringirei à comunidade brasileira ou se os canadenses gostam de brigadeiro e doce de Leite Ninho com Nutella (risos). Meu inglês é bom, mas insuficiente para ingressar no College ou no mercado de trabalho tradicional, então preciso encontrar uma brecha para estudar. Existem cursos de inglês para newcomers (os residentes permanentes que chegam ao Canadá), já que muitos candidatos principais são fluentes mas trazem cônjuges que não falam inglês ou francês. Quero fazer mais uma faculdade lá, cursos de confeitaria na Le Cordon Bleu e, como diz minha amiga brasileira-canadense, o céu é o limite! Até um curso técnico em veterinária eu estava de olho, já que sou louca por animais.
Está chegando a nossa hora e, pode acreditar, essa lista aí de cima vai aumentar, porque eu me conheço. Mas estou muito confiante que dará tudo certo! Venho contar daqui uns meses como foi o desenrolar de todas essas dúvidas.
3 Comentários
[…] O assunto “escola” tirava meu sono lá no Brasil. Durante o processo de imigração eu pensei que a ansiedade e as preocupações melhorariam depois do visto carimbado no passaporte, mas que nada! Com os passaportes em mãos, comecei a pensar em várias outras coisas e uma que me angustiava era como seria a escola para o meu filho mais velho aqui no Canadá. Falei sobre isso nesse texto aqui. […]
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