Sem sombra de dúvidas, depois que nos mudamos do Brasil, o primeiro desafio em relação ao quesito amizades interculturais para as crianças foi a língua. Como eles não falavam nada de inglês quando nos mudamos, ficamos bem restritos aos colegas que falavam português.
Porém, depois que eles começaram a ter uma certa confiança para se comunicar em inglês, percebi que o desafio seria outro: como se relacionar com crianças de culturas tão diferentes da nossa.
Amizades interculturais na escola
Atualmente, na escola onde meus filhos estudam, somos a única família de brasileiros. O Arthur, meu filho mais velho, tem amigos da China, Japão, Filipinas, Sri Lanka, Nepal, Paquistão e por aí vai… Apesar de serem todos mais ou menos da mesma idade, percebo que as formas nas quais são criados são bem diferentes. Por exemplo, as crianças muçulmanas que conheço não tem permissão para visitarem a casa dos que não são, assim como os meninos que são Hindus.
Tenho a impressão que isso deve ser para preservar a questão das restrições alimentares. Não há proibição em convivência conosco. Inclusive as mães são extremamente amigáveis e gentis! Com estas crianças, sempre combinamos encontros em parques, club house, etc. Entretanto, cada um leva seu lanche e eles não compartilham. Confesso que fico super curiosa para experimentar o lanche deles, são umas comidas bem interessantes.
Já os meninos japoneses são super formais, educadíssimos! As mães sempre se aproximam, se apresentam mas não criam uma amizade como a gente está acostumado no Brasil. Inegavelmente, são inúmeras diferenças.
A cultura de visitar amigos em casa
Confesso que na primeira vez que o Arthur chamou o colega para ir em nossa casa e a mãe não deixou fiquei chateada. Não havia entendido a razão da negativa, mas percebi que não é muito comum em algumas culturas receber amigos em casa.
Nesta época, fui conversar com uma amiga mais experiente que me deu a dica de como as coisas funcionam por aqui. Me lembro que ela disse, “nós não estamos no Brasil, lugar nenhum do mundo as pessoas as relacionam como no Brasil”. Refleti um pouco sobre isso e resolvi abrir a minha mente.
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O que eu percebo é que gentileza e cortesia são universais, todas as mães internacionais se mostram abertas e muitas vezes até curiosas para conhecer um pouco da nossa cultura.
Me lembro de um dia em que contei para uma mãe chinesa como comemos feijão. Ela ficou tão intrigada! Decidi preparar uma marmitinha com feijão à moda brasileira, a fim de que ela pudesse conhecer o sabor! A mãe me disse que tirou foto e mandou para a família dela no interior da China. Semanas depois, inesperadamente, recebi uma marmitinha com doce de feijão vermelho.
Achei essa receita, vejam aqui.
Como me comporto diante de uma nova amizade dos meus filhos
Então, quando as crianças têm uma amizade nova sempre me aproximo, me apresento e troco os telefones. Essa aproximação é bem mais contida do que no Brasil, nada de abraço e beijinho, jamais! Combinamos das primeiras vezes encontros em parques e lugares com mais crianças e assim as coisas vão fluindo.
Arthur já tem amigos estrangeiros que dormem em nossa casa e passam o fim de semana todo com a gente. Inclusive alguns já até me chamam de tia. Acho muito interessante essa troca de culturas. Quando eles vão na casa dos amigos e contam da comida que experimentaram, como a casa é diferente da nossa…
Acho tudo isso uma experiência única! Fico muito feliz em ter me livrado daquela primeira barreira e poder proporcionar para os meus filhos (e para mim também) essa interação. Certamente ela é muito boa para os adultos também, percebemos que há outras formas de viver, de educar os filhos e até de comer. Em resumo, é uma experiência muito rica em aprendizado!
Vocês já tiveram essa experiência de amizades interculturais? Compartilhem com a gente!
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