Adaptação dos filhos ao Japão
Quando meu marido recebeu a proposta para vir trabalhar no Japão, nós pulamos de alegria! Com toda a família nos apoiando, apesar da distância e saudade, não pensamos duas vezes antes de aceitar.
E passada a euforia, chegou hora de se planejar.
Então, ainda no Brasil, nós escolhemos casa e escola para as crianças. Como era a empresa que faria tudo para a nossa estabilização no país, não nos preocupamos muito. Nossa preocupação maior era em contar para as crianças e resolver as pendências que ficariam no Brasil.
Feito isso, começamos a trabalhar o emocional das crianças, mostrando como era o Japão, os tipos de comidas e as escolas. Colocamos as crianças em aulas de japonês para que aprendessem o básico e passamos a frequentar mais restaurantes típicos para se adaptarem melhor à comida. Estávamos todos empolgados!
Mas como nem tudo é perfeito, esquecemos de um pequeno GRANDE detalhe:
Nossos filhos, assim como nós, já têm uma bagagem emocional grande. Eles já têm vínculos, já têm amigos, já têm o seu ambiente escolar, seus professores, suas matérias preferidas. Já têm também os seus finais de semana com os avós e primos. Têm também o seu quarto montado, seus brinquedos favoritos e tudo o mais que os rodeiam no seu país de origem. Eles já têm as suas histórias!
E nós pais, como lidamos com isso?
Como lidamos com a frustração de nossos filhos quando passa a empolgação de estar em um novo país e eles querem voltar pra casa?
Bem, após 1 ano e 2 meses morando no Japão, me sinto confiante para compartilhar algumas coisas que fiz que puderam, ao menos, amenizar a saudade e fazer com que eles se sentissem em casa no país que, por mais um tempo, será o lar deles.
Meu filhos estudaram em escola japonesa e não foi nada fácil, clique aqui para saber como foi a nossa experiência. Porém, apesar dos pesares, eu trabalhava como voluntária da biblioteca toda quinta-feira na escola. Ao mesmo tempo que me integrava ao ambiente escolar, meus filhos ficavam felizes em me ver lá. E ao menos as quintas eram legais para eles, e para mim, por estar mais perto!
Inserção cultural
Frequentamos quase tudo relacionado à cultura: festas culturais, feirinhas típicas, festas de associações de bairros. Em Agosto, os japoneses têm uma festa cultural que chamam de Matsuri, que são queimas de fogos e barracas típicas. Nessas festas há apresentações musicais e os japoneses se vestem com um Yukata, vestimenta típica, um tipo de quimono usado nessa época do ano. A festa é muito divertida, as comidas são ótimas e a queima de fogos maravilhosa.
Reservamos sempre uma hora do fim de semana para passearmos em algum parque público. Geralmente vamos de manhã e ficamos até a hora do almoço, que é a hora em que esticamos a toalha e fazemos nosso piquenique. Aqui é costume dos japoneses frequentarem parques públicos. Os parques são maravilhosos, brinquedos bem cuidados. Essa é a hora em que as crianças gastam a energia acumulada, se divertem e têm a oportunidade de brincar e socializar com as crianças nativas.
Quando vamos a restaurantes, supermercados ou vendinhas, incentivamos as crianças a fazerem seu próprio pedido ou pagarem a conta. Assim, além de treinarem o japonês, eles se sentem mais seguros e com mais autonomia.
Evitando comparações culturais
Evitamos a comparação cultural ou termos pejorativos. Nós adultos somos a referência das crianças e temos ciência disso. Desse modo, evitamos (ou tentamos evitar), comparar nosso jeito com o dos japoneses na frente das crianças. E quando a comparação parte da criança, explicamos que uma situação tem pontos de vistas diferentes até mesmo dentro da nossa cultura. E que nesse caso, não existe certo ou errado, apenas somos diferentes.
Leia também: Mudança com adolescentes para Portugal
Assistimos ao menos 30 minutos por dia alguma programação japonesa, seja um telejornal, um programa de comédia ou desenho. Dessa forma, o que era estranho no ínico, já vai se tornando inerente a nós e, aos poucos, vamos absorvendo a cultura.
Claro que tudo isso que relatei não é 100% eficaz e nem sempre fazemos em 100% do nosso tempo, mas são algumas atitudes que achamos válidas inserir no nosso dia a dia e que têm funcionado para a nossa família.
E assim vamos vivendo nossa vida nesse novo país, de forma leve e gostosa. E apesar de aguardarmos com ansiedade o nosso regresso, estamos aproveitando ao máximo toda experiência e oportunidades que o maravilhoso e peculiar Japão tem a nos oferecer!
4 Comentários
[…] Leia mais sobre: Adaptação dos filhos no Japão […]
[…] Leia também: Adaptação dos filhos ao Japão […]
Olá Juliana, tudo bom? tenho um bebê de 2 meses e vou me mudar para o Japão, meu maior medo é sobre as consultas e vacinas, pois eu não falo nada de japonês e meu marido sabe pouquíssimo. Tem alguma dica?
Olá Tábata!
Mil desculpas, mas a Juliana não escreve mais para o BPM Kids, no entanto, ela tem uma página no Facebook e um canal ótimos chamados Fala Pedagoga. Você consegue contacto-la neles. Obrigada.