Adaptação com a rotina de mãe expatriada mundo afora
Como tem sido bom criar nossas filhas aqui na Itália. A região que moramos, a Valtellina, é muito tranquila. Até demais eu diria. Mas tem sido perfeita para a Sarah por exemplo.
A parte boa de morar fora
Vamos à Praça praticamente todos os dias, principalmente nos dias mais quentes. Lá estão mais outras tantas crianças e a Sarah com a facilidade que tem de fazer amizade, logo se enturma. E quando vejo, ela já está rodeada de amiguinhas e suada de tanto correr e brincar. Isso não tem preço.
Enquanto isso acontece, encontro outras mães para papear e praticar o idioma. Outras vezes, encontro amigas brasileiras para conversar e de alguma forma me sentir mais próxima da nossa cultura e do nosso jeito brasileiro de ser.
Isso acontece enquanto a Sarah brinca em algum lugar da praça que eu já não a vejo, e a Giulia ou dorme ou se distrai com os seus brinquedos no carrinho. Todo esse tempo em segurança e sem medo de sermos assaltadas ou que façam algum mal as nossas crianças. Essa é uma realidade que vivemos aqui bem diferente da qual tínhamos em São Paulo, infelizmente.
A Sarah vai sozinha ao bar (bar aqui é o que no Brasil chamamos de cafeteria) pegar uma brioche (ou croissant) quando tem vontade. Também já foi ao mercadinho buscar leite. Isso tudo sem eu me preocupar com nada.
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Moramos no Centro de Sondrio e o índice de atropelamento aqui é muito baixo. E é exatamente por isso que é comum ver tantas crianças indo sozinhas à escola ou aos parques e praças.
Tudo realmente muito bom e olhando pra esse cenário posso dizer que é uma maravilha ter e criar filhos como expatriados em um país como a Itália.
Mas, como a criação das meninas não se limita apenas aos pontos que mencionei, ainda encontro dificuldades nas tarefas complicadas e até simples do dia a dia.
Adaptação à nova rotina
Em casa por exemplo existem muitas outras coisas para fazer e cuidar, que no fim fazem parte da criação delas. Manter a casa organizada e em ordem, ficar de olho nas meninas, cozinhar, lavar as roupas que parecem nunca ter fim, pendurar, dobrar e guardar (isso mesmo, eu não passo roupa, estendo bem para depois só dobrar), lição de casa para acompanhar, fralda para trocar e claro o trabalho que eu amo fazer como Consultora da Herbalife.
Agora dar conta de tudo quase sozinha, realmente tem sido um dos desafios que mais tem me ensinado. Posso dizer ainda melhor, que tem ajudado a todos nós como família.
Em São Paulo a nossa realidade era outra. Apesar de morar distante da minha mãe, tínhamos um braço direito em casa desde que a Sarah tinha um aninho. A Verinha era na verdade os meus braços e pernas. Ela hoje faz parte da família e temos um carinho enorme por ela.
Ela me ajudava muito com a Sarah, com os cuidados de casa e com a nossa loja da Herbalife. Como diz uma grande amiga, a Verinha “limpava a pista” para eu conseguir ser mais produtiva com o meu trabalho e com todas as outras coisas que eu fazia. Coisas e que hoje, morando na Itália, não é fácil fazer, e muitas vezes nem consigo.
Botando a mão na massa
Não é que não sei fazer nada, pelo contrário, minha mãe que é uma pernambucana porreta sempre me ensinou desde cedo.
Aprendi cozinhar feijão na panela de pressão com 10 anos e antes disso já cozinhava arroz e era responsável por alguns trabalhos de casa, como lavar louça, pegar roupa do varal, dobrar e guardar. Na adolescência era responsável pelas faxinas de sábado e pelas roupas sujas. Só tivemos máquina de lavar roupas quando eu tinha quase 16 anos. Antes disso me dividia com “maínha” para lavar no tanque todas as roupas.
Sou grata por isso, claro que na época não gostava tanto, mas não demorou muito para eu entender o quanto foi importante. Quando fui pra Londres esse lance de fazer tudo não precisou ser uma preocupação, afinal já fazia parte da minha rotina!
A diferença dessa tarefa na Itália tem mais a ver com a quantidade e o tipo de responsabilidade, mas claro que a gente sempre dá conta, até porque tenho excelentes ajudantes. O Fred e a Sarah participam em muitas tarefas e isso alivia bastante.
Dividindo as tarefas
Participar das tarefas diárias foi algo que aprendemos aqui. Claro que no Brasil não significa que éramos relapsos com os deveres de casa, de forma alguma. Participávamos de muitas coisas, mas claro que a responsabilidade era outra.
A Sarah, por exemplo, hoje é responsável não só pela organização do quarto dela, como também pela limpeza, por descer o lixo, colocar e tirar a mesa (essa tarefa as vezes falha), e com muita frequência participa de uma das sonecas da Giulia. Ela realmente pega a irmãzinha no colo, leva pro quarto, canta musiquinha e depois coloca sozinha no berço. Ela me ajuda muito com a Giulia!
O Fred também participa de muitas coisas e sabe fazer de tudo em casa porque também aprendeu de pequeno. É ele quem leva a Sarah à escola e algumas vezes também a busca. Ele ajuda com a lição de casa quando eu não entendo algo (ele já domina bem o italiano), participa das mamadas da Giulia, coloca ela pra fazer a soneca do almoço e é responsável pela rotina de sono noturna que inclui mamada, troca e pijama pós banho, oração pra dormir e berço!
Desafios
“Ah, mas isso ajuda bastante!” Claro que sim, mas existem as tarefas menores e as imprevisíveis que para mim são as mais desafiadoras de administrar.
Semanalmente tenho reuniões de trabalho e algumas já foram interrompidas por exemplo pelo choro da Giulia que acordou da soneca, a Sarah que quis um biscoito que estava na última prateleira do armário. Fácil de resolver, o desafio é que muitas vezes perdi a concentração e claro o famoso “fio da meada” e pra voltar nem sempre fácil e algumas vezes nem consegui.
Outra coisa que ainda não consigo fazer tranquilamente é sair de carro para algumas compras. Principalmente se preciso ir em mais de uma loja. Tudo começa de casa quando tenho que descer o elevador (nosso elevador e minúsculo e mega lento) e moramos no 4° andar. Desce. Coloca na cadeirinha. Chega na loja. Tira da cadeirinha. Faz compras. Volta pro carro e põe na cadeirinha. Chega na outra loja e tudo de novo. Já estou exausta só de pensar.
É simplesmente trabalhoso sair de casa para comprar algumas coisinhas. Não quero nem imaginar fazendo isso no frio, com neve e às vezes chuva. Detalhe, estamos em uma das regiões consideradas mais frias da Itália! Sei que isso é o meu ponto de vista, e talvez para muitas outras mães pode parecer um tanto exagerado. Mas é por essas e outras que somos diferentes e estamos aqui para compartilhar e aprender umas com as outras.
Aprendo muito através do Mães mundo afora
Acredito até que essas diferenças de ponto de vista e experiências tenham sido relevantes para a criação desta plataforma tão incrível!
Tem sido uma grande escola essa nova experiência e posso até não gostar tanto, afinal é fácil acostumar com uma Verinha em nossas vidas. Contudo, sei que se muitas mães mundo afora, assim como eu, conseguiram, eu também vou conseguir!
Mas essa adaptação também faz parte da nossa expatriação, e apesar de não ser a que mais gosto, e com certeza uma das que mais nos aproximou como família e proporcionou momentos que no Brasil talvez não teríamos.
No fim, posso dizer que nessa minha experiência nada se perdeu, apenas se reinventou e ganhou uma cara nova!
2 Comentários
Oi Pat, eu acho que apesar da comodidade de ter alguém que nos ajude com as tarefas domésticas, é gratificante tb quando nos damos conta que podemos fazer tudo sozinhas. Com o marido, claro, que não é só tarefa da mulher fazer a casa andar. Mas quero dizer sem depender de uma terceira pessoa. E acho que gosto tb da maneira como aqui é encarado o trabalho doméstico, como responsabilidade de cada um, não algo chato que devemos obrigatoriamente “empurrar” para o outro.
Mas entendo perfeitamente que quando trabalhamos e temos filhos pequenos é extremamente difícil dar conta de tudo sem uma “Verinha”…
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