Queria compartilhar um assunto que sempre fez parte da minha vida: essa tal de “boa forma”. Desde muito cedo a minha relação com a balança nunca foi muito boa. Antes dos 10 anos eu era abaixo do peso, nada sério. Mas para uma filha de nordestina aquilo não era aceitável. Sendo assim, o jeito era dar vitamina de engorda pra ver se o ser humano ganhava peso.
Foram praticamente dois anos tomando vitaminas. Infelizmente o efeito só veio na adolescência, lei de murphy. E assim cresci sem fazer as pazes com a balança. Olha que eu tentei várias vezes. Em algumas, parecia ter dado certo, mas era ilusão e logo estava eu lá deprimida por estar acima do peso.
A primeira gravidez
O tempo passou, estudei, fui pra Londres, voltei, conheci o Fred e nos casamos. Foram cinco anos curtindo o casamento, viajando e comendo adoidado, até que pensamos: “chegou a hora de termos um bebê!”
Leia também Dicas para uma gravidez saudável
Foquei em perder peso e consegui eliminar 10kg, chegando então aos 74kg com 1,61m de altura. Pronta para engravidar, foi hora de “tirar o goleiro do gol” e partir pro abraço. E não é que dois meses depois estávamos lá comemorando o gol?
Com a velha história de “comer por dois”, eu me joguei de cabeça no carboidrato e nos doces. Engordei 25kg nas 38 semanas de gestação e cheguei a pesar quase 100kg. Quando a Sarah nasceu pensei que durante a amamentação eu emagreceria fácil. Mas infelizmente passei por um baby blues e não consegui amamentar. Consequentemente, não consegui perder nem metade do que havia ganhado na gravidez. A Sarah estava com quase um ano e eu ainda brigando com o peso.
Minha melhor fase
Mas como dizem, “quem procura acha”. E eu encontrei quando conheci a Herbalife Nutrition e confesso que foi a única coisa que me ajudou depois de tentar de tudo. Não foi fácil. Mas devagar fui aprendendo mais sobre alimentação saudável e a importância de diferenciar a exceção da regra nas minhas escolhas. Na primeira fase perdi quase tudo que queria. Recuperei alguns, mas com determinação e foco avancei para uma outra fase na qual consegui perder os quilos que havia colocado como meta.
Assim, cheguei na minha melhor fase, em paz com meu peso, manequim e a balança. O processo foi lento, mas para mim fundamental, pois aprendi reconhecer melhor os momentos em que me levariam a perder o foco.
Aí veio a expatriação
Quando viemos para a Itália, sabia que teria desafios novos com a adaptação e com a curiosidade de conhecer as comidas locais. Já tinha vivido isso em Londres.
Para ajudar, quando eu ia ao mercado me sentia como criança em loja de brinquedo! Eu era a “louca” do supermercado, ia quase todos os dias e queria comprar e experimentar de tudo. Queria encher a barriga com coisas que no Brasil custavam “o olho da cara” e aqui eram mais barato que farinha. Enquanto lá eu apenas provava, aqui eu queria comer até me sentir satisfeita. Era mais ou menos assim: tudo que era gostoso e caro no Brasil era possível comprar com aquelas moedas perdidas na bolsa. E me joguei de cabeça como se não houvesse amanhã! Parece exagero, mas era isso que realmente sentia com toda aquela oferta de boa comida.
Enfim, com tanta coisa para comer, em três meses eu tinha aumentado 6kg e as roupas já não estavam cabendo. Como é fácil ganhar peso na terra das massas, da Nutella, dos queijos e vinhos!
A segunda gravidez
Entrei em estado de alerta. Comecei a focar novamente para não engordar tanto. Em um mês consegui perder 2kg e a entrar com mais facilidade nas roupas. O detalhe é que logo em seguida eu e o Fred decidimos que era momento de engravidar de novo. Coisa que ja havíamos adiado no Brasil por conta da expatriação.
Mais uma vez expulsamos o goleiro de campo e no mês seguinte já estávamos correndo pro abraço pra comemorar mais um golaço! Não tinha dado tempo sequer de recuperar os quilos a mais que ganhei na Itália.
Pensei “agora é só colocar em prática o que sei sobre alimentação saudável e assim não ganhar tanto peso nessa segunda gestação”. Mas como nenhuma gravidez é igual, e pra mim essa segunda foi bem difícil, não consegui aplicar essa teoria.
Mas aí apareceu a saudade de casa
Até o segundo mês de gestação tudo estava tranquilo, inclusive sem aumento nenhum de peso e me sentindo muito bem. Porém, com quase três meses comecei a sentir muita tristeza e saudade do Brasil. Para piorar, sentia um cansaço que me deixava prostrada no sofá. Sem força para fazer nada. Naquele momento tudo aquilo que eu sentia em relação a expatriação ficou mais intenso.
A saudade do Brasil era latente. O medo de como seria o parto aqui na Itália me preocupava, e outras coisas também passaram a tirar minha paz. Não demorou muito para eu descobrir que eu tinha todos os sintomas de depressão gestacional. Da lista, o único que eu não tinha era pensamentos de suicídio, graças a Deus.
Nesse meio tempo, fiz uma viagem de trabalho ao Brasil. Dei uma carregada nas baterias e, para ficar ainda melhor, minha mãe voltou comigo e ficou com a gente por trinta dias. Nesse mesmo período, conheci pessoas maravilhosas aqui em Sondrio que formaram a minha rede de apoio tanto na gestação quanto no pós-parto.
Contudo, esse período de depressão foi suficiente para eu voltar a comer errado, e cheguei no fim da gestação, de quase 42 semanas, pesando 20kg a mais.
Pós-parto
O meu pós-parto foi muito difícil. Senti muito não estar perto da minha mãe naquele momento. A Giulia nasceu no dia 29 de novembro. Época de frio, dias escuros, próximo das festas que eu mais amo, e o período em que a saudade aperta que dói.
Passadas as festas, minha mãe conseguiu voltar para cá. Foi a melhor fase de todas. Vivi momentos maravilhosos com ela e me senti segura com a experiência e maturidade que naquele momento só a minha mãe poderia me dar – só de lembrar ja estou em lágrimas escrevendo aqui pra vocês. Consegui colocar os pensamentos e sentimentos quase em ordem, e daí administrei melhor muitas coisas.
Receber, regozijar e repartir
Ainda não perdi todo o peso que ganhei na gravidez. Mas hoje, não me cobro tanto e respeito melhor os meus sentimentos e o meu momento de pós-parto, que pra cada uma de nós é diferente.
Fácil não é, mas enriquecedor em vários aspectos eu posso dizer que sim. E hoje, com seis meses pós-gestação, estou quase perto de chegar no peso que estava quando engravidei e me alegro com isso.
Através das redes sociais , compartilhando os meus desafios e altos e baixos, recebi muito apoio, orações e mensagens de incentivo que me ajudaram muito. Muitas mulheres e mães foram solidárias ao que eu estava passando. Foram demonstrações de carinho e amor que me fizeram chorar tantas vezes. Como essas pessoas me fizeram bem!
Hoje, com o que passei, tenho conseguido inspirar e ajudar muitas mulheres e mães brasileiras mundo a fora, não só com relação ao seu peso e a relação com a balança, mas também a deixar mais leve a trajetória e desafios que temos em comum. Estou apenas tentando devolver toda demonstração de carinho e amor que recebi.
Essa troca de experiência é muito rica, mas acima de tudo mostra o quanto nós mulheres e mães unidas podemos fazer a diferença na vida umas das outras.
2 Comentários
Me emocionei lendo o texto e lembrando dos meus próprios momentos de pré e pós parto. Lembro que ficava ansiosa pra ver as coisas que você postava e pensava “Meu Deus, como a Patty tem forças pra compartilhar todos os dias. E eu só quero chorar. ” Rs Já. Te agradeci ,mas aqui vai. Mais um agradecimento por tudo o que você postou e o quanto foi amável (mesmo não me conhecendo e passando por tudo isso) quando te procurei.
Mais uma vez um texto que fala sobre uma das coisas que mais nos preocupa! Não. Tenho dúvidas de que você vai conseguir, nós. Vamos!
Obrigada
Minha linda o prazer e meu em poder contribuir de alguma forma. Sozinha e mais dificil, mas quando estamos juntas o caminho e mais facil. Pode sempre contar comigo.
Bjs Patty