Serviços de assistência no pós-parto em Calgary.
Hoje eu venho contar um pouco para vocês como foi o meu pós-parto aqui em Calgary e como funcionam os serviços de assistência que o governo oferece para as famílias.
Algo muito importante a ser dito, que gera muita dúvida para algumas pessoas: sim, é tudo de graça. Desde a descoberta da gravidez ao parto – incluindo o hospital, o anestesista, as consultas do bebê – e os serviços, que eu vou contar hoje.
Apoio para as novas mamães: As enfermeiras da família
O governo canadense tem uma preocupação bem grande se a mãe tem apoio para cuidar do bebê, ainda mais quando se trata de imigrantes. A maioria vem sozinha, apenas com o companheiro, de mudança. Ter um bebê longe de casa não é fácil e muitas pessoas não conseguem fazer amizades logo que chegam, então, essa é uma preocupação bem plausível.
E porque faz tanto sentido? O puerpério não é nada fácil para ninguém e o fato de estar longe de casa, longe da família, dos amigos mais íntimos, da ajuda nua e crua, é algo que pode desencadear uma depressão pós-parto e/ou baby blues. E eles estão certos: precisam garantir que fique tudo bem, todo mundo em segurança (e claro: que a gente não gere mais um custo, agora de saúde mental, para os cofres públicos).
O primeiro serviço oferecido é o da Enfermeira da Família:
No dia em que você chega do hospital em casa, você irá receber uma ligação da enfermeira da família da unidade de atendimento mais próxima ao seu endereço de residência. Elas vão te oferecer a opção de ir até a unidade de saúde ou recebê-la em casa. É você quem escolhe.
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No meu caso, eu e meu marido optamos por recebê-la em casa, onde eu me sentia mais confortável e foi simplesmente maravilhoso.
Eu estava há 2 dias com a minha bebê em casa e a nossa enfermeira chegou, na hora marcada, com uma bolsa muito grande, muitos papéis e até uma balança para bebê.
Nós preenchemos alguns papéis com questionários e ela já pegou a bebê para examinar. Ela fez todos os exames necessários, ouviu coração, testou todos os reflexos, coordenação motora, checou a pega da amamentação e mais algumas outras coisas.
Após esse primeiro contato, nós começamos a conversar sobre a amamentação em si. Ela me ensinou como fazer, me instruiu sobre todas as coisas relacionadas ao leite materno, a fórmula, quantos mililitros nós precisávamos suplementar, já que a minha bebê nasceu prematura de 35 semanas. A nossa enfermeira foi extremamente gentil, cuidadosa, desde o toque até as palavras. Após tudo isso, ela passou a bebê para o meu marido e aí começamos a “minha consulta”.
Cuidados que tranquilizam
Ela conferiu todos os remédios que eu ainda estava tomando, me fez um exame físico para conferir se meu útero estava voltando ao estado normal após o parto, checou os pontos que eu precisei levar após o parto, pressão, febre.
Depois desse exame, ela nos ofereceu várias instruções sobre maternidade em geral. Conversou muito com o meu marido, explicou pra ele que os hormônios da gravidez não eram fáceis de lidar e que ele precisava ficar atento aos sinais de depressão e exaustão. Disse que ele tinha que me ajudar e fazer o papel dele de pai. (Não que ele precisasse que alguém dissesse isso, mas é sempre bom escutar né?) Eu fiquei me sentindo extremamente bem cuidada.
Ela nos deu mais algumas dicas também, como por exemplo: “Está tudo bem se a bebê chorar, você precisa ficar tranquila e cuidar de si mesma para poder cuidar dela”. Essa dica já deve ser praxe, tendo em vista que eu acredito que a maioria das mães fica absolutamente obcecada com o choro do bebê, pois no início ele é algo visceral e a gente não consegue lidar com isso muito bem.
A visita durou pouco mais de 4 horas, ela nos passou todos os contatos dela, caso precisássemos, e nos forneceu vários fôlderes com informações bem úteis. Ela ainda agendou uma consulta com uma médica consultora em lactação para conversar e tratar da quantidade de leite materno, a pega da mamada e sobre a translactação, caso fosse necessário.
Experiência muito positiva e muito proveitosa, me senti cuidada, me senti amada.
Desafios da amamentação: As consultoras de lactação
O segundo serviço oferecido foram as Consultoras de Lactação: Elas trabalham em breastfeeding clinics e são médicas ou enfermeiras. É tudo de graça e você pode consultar quantas vezes precisar.
Eu precisei ir em 4 consultas até aprender a dar mama corretamente, até a minha bebê aprender como pegar no meu peito e mamar. O início foi muito difícil e eu estava exausta da função. A gente tem que se doar 100% pra esse momento e tentar com todas as forças.
Após as quatro consultas, constatamos que a minha bebê tinha um freio no lábio superior que atrapalhava a mamada, mas eu e o meu marido optamos por não fazer a cirurgia de remoção, por ser muito dolorida pro bebê e não ser garantia de sucesso na amamentação (no meu caso específico).
Importante lembrar que qualquer procedimento cirúrgico que o bebê venha a precisar é coberto pelo Alberta Health Care, tudo de graça.
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Tudo ainda foi mais difícil em razão da suplementação realizada na maternidade. Como a minha bebê nasceu prematura, era necessário que ela mamasse em alguns minutos logo após o nascimento, meu corpo não estava pronto para o parto, tive um parto induzido e eles precisaram dar a fórmula em uma mamadeira, o que foi um desafio pra gente.
Nós demos o leite na seringa, nós usamos o copinho, nós tentamos a translactação. Tudo pra que a minha bebê desacostumasse da mamadeira. Depois de tudo isso, ela finalmente pegou no peito certinho, e foi uma alegria.
Eu precisei tomar 2 tipos de remédios pra ajudar na produção do leite. Quanto mais remédio eu tomava, menos leite eu tinha. Eu tenho redução de seios e minhas glândulas mamárias não foram preservadas na cirurgia, então meu corpo não conseguia mais produzir leite.
Eu consegui amamentar minha filha, com a ajuda da médica consultora em lactação por apenas 2 meses. Tomei os remédios, usei chá de ervas, massagens, tudo que me falavam eu fazia. Eu conseguia dar um pouco de leite no peito a cada mamada e também o tirava com uma bombinha, entre as mamadas, para juntar tudo em uma mamadeira e o meu marido poder me ajudar de madrugada.
Tentamos, conseguimos e o leite acabou. Minha bebê nunca perdeu peso, já é maior que 75% das crianças da idade dela. É um bebê saudável e feliz. E se alimenta de fórmula.
Tudo isso foi feito com a ajuda da médica e da enfermeira de lactação. Elas me ajudaram no processo de transição sem o peito e me ajudaram a entender que às vezes as coisas não saem como a gente planeja. E tá tudo bem com isso também.
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