Na França, os partos normais são realizados, via de regra, por sages-femmes (enfermeiras obstetras). Os obstetras (médicos) intervêm somente em caso de cesariana ou complicações no parto. A sage-femme acompanha as futuras mães durante toda a gestação, desde a descoberta da gravidez até a hora do parto. Trata-se de uma profissão médica regulamentada pelo código de saúde pública.
Graças aos equipamentos e às ferramentas de tecnologia de ponta (monitoramento ou cardiotocografia fetal, ecografias…) a sage-femme (enfermeira obstetra) pode assumir sozinha a maior parte dos partos. Se ela percebe alguma complicação ou anomalia, deve chamar rapidamente o obstetra.
O papel da sage-femme (enfermeira obstetra)
Durante todos os meses de gravidez, a sage-femme (enfermeira obstetra) é responsável pelas sessões de preparação ao parto: exercícios de relaxamento, sofrologia, yoga, canto pré-natal, ou ainda, a menos conhecida haptonomia, que consiste em estabelecer uma relação entre a mãe e o pai com o bebê a partir do quarto mês de gestação. Ela também prescreve e realiza todos os exames necessários. Como a sage-femme faz as vezes de um obstetra, é ela quem determina o início do trabalho de parto e acompanha a sua evolução.
Logo depois do parto, a sage-femme (enfermeira obstetra) assume os primeiros cuidados com o recém-nascido. Verifica seu estado de saúde e procede à reanimação se necessário. Ela controla também a recuperação da parturiente, além de dar conselhos sobre aleitamento e higiene do bebê.
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O papel dessa profissional não se limita às técnicas médicas. Suas competências relacionais são muito importantes. Ela deve ser capaz de explicar à gestante as etapas da gestação, tranquilizá-la e, ainda, incluir o pai nesse momento importante.
As sages-femmes também intervêm em caso de gravidez de risco e gestação múltipla, em todas as etapas já mencionadas. Mas o parto, então, é realizado pelo obstetra. No meu caso, por exemplo, que soube desde o início que estava esperando trigêmeos, a cesariana foi decidida na primeira consulta com a minha ginecologista. Mas, além das consultas com ela, periodicamente uma sage-femme (enfermeira obstetra) realizava o monitoramento, pedia exames, fazia visitas domiciliares, conforme já relatei no texto que pode ser lido aqui.
Sage-femme x obstetra
Claro que não se pode NUNCA generalizar. Portanto, vou falar da minha experiência e do que EU senti de diferença entre a obstetra e as sages-femmes (enfermeiras obstetras)que me acompanharam durante a gestação. E também é importante salientar que, como em todo o lugar e em todas as profissões, cada profissional é antes de tudo um ser humano distinto, pode haver muita diferença entre um e outro.
De maneira geral, de acordo com o que vivenciei, achei as sages-femmes (enfermeiras obstetras) mais próximas, doces, atentas e dispostas a ouvir o que eu tinha pra dizer. Minha ginecologista era também chefe do serviço de ginecologia do hospital. Pelo plano de saúde, atendia somente às terças-feiras. As consultas eram rápidas. Talvez esse também fosse um fator que contribuísse um pouco para esse meu sentimento de desumanização das consultas. Ao mesmo tempo, deparei-me com algumas profissionais mais secas, sem muito tato, que contribuíram de maneira negativa para o meu estado de ansiedade.
Depois do parto
O trabalho da sage-femme (enfermeira obstetra) não termina no parto. Depois do nascimento, ela prescreve e aplica as vacinas necessárias à mãe e ao bebê, além de receitar contraceptivos. Ela também pode assumir as sessões de reeducação períneo-esfincteriana. Quando o bebê chega em casa, é também papel da sage-femme (enfermeira obstetra) fazer visitas semanais para verificar seu peso e o estado emocional e físico da mãe.
Em caso de gravidez de risco ou casos particulares
Existe ainda uma terceira categoria de profissionais que trabalham no órgão governamental “Proteção Materna e Infantil – PMI”. Essas sages-femmes (enfermeiras obstetras) identificam as famílias que precisam de acompanhamento diferenciado, como por exemplo: grávida menor de idade, gravidez tardia, gravidez de risco, mãe solteira, contexto social difícil, e intervêm em conjunto com uma assistente social.
Essas profissionais não realizam o parto, mas acompanham a mulher durante toda a gestação. Aconselham, procuram conhecer o futuro pai, irmãos (se for o caso), detectam disfunções familiares. Elas podem também acompanhar a gestante nos exames e nas consultas no hospital.
Como escolher a sage-femme (enfermeira obstetra) durante e depois da gestação?
O primeiro passo é definir se a escolha será entre uma sage-femme (enfermeira obstetra) que trabalha em hospital ou uma profissional liberal. A principal diferença é que a liberal pode consultar na casa da gestante. De outra forma, é preciso ir até o hospital. Mas, se a gestação apresenta risco de complicação, é melhor optar por uma profissional que trabalhe no hospital. Lá, em caso de necessidade, o atendimento de urgência será facilitado.
Neste site é possível encontrar a lista das profissionais liberais por região, em toda a França.
Para encontrar a profissional que convém, pode-se também consultar o médico da família e questionar as amigas que têm bebê pequeno. E, claro, confiar na sua prápria intuição!
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