Gravidez na Itália.
Ser mãe em qualquer lugar do mundo é de meter medo em qualquer mulher. Quando você vê a resposta do teste positivo, um misto de alegria e frio na barriga faz parte do momento de se descobrir mãe.
Não foi diferente quando isso aconteceu nos idos de agosto de 2014, quando morava em São Paulo (Brasil). E, foi dessa mesma maneira que me senti quando peguei o resultado positivo do teste de gravidez aqui em Milão (Itália), onde resido atualmente.
Claro que o fato de já ser mãe e saber as transformações pelas quais o corpo, a mente e principalmente a vida passa nesse período, foram reconfortantes e me deram um certo alento. Por outro lado, uma série de providências deveriam ser tomadas com certa urgência, afinal, quanto antes a gestante iniciar o procedimento de pré-natal, melhor para a mãe e para o bebê.
É verdade que os planos de ser mãe novamente me acompanhavam desde a saída do Brasil, tanto que eu já vim preparada: trouxe comigo uma boa dose de ácido fólico para tomar durante o período em que tentaria engravidar pela segunda vez.
Sobre o uso de ácido fólico desde o início da gravidez (ou até mesmo antes de engravidar, na dúvida, consulte seu médico), é muito recomendado pela comunidade médica, pois evita más-formações no feto. Minha ginecologista havia me recomendado na primeira gravidez e possível segunda gravidez.
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Desse modo, a primeira providência a tomar quando se descobrir grávida na Itália é procurar o seu médico de família e solicitar o suporte necessário. Saiba que ainda que esteja em situação irregular na Itália, você terá direito ao suporte médico essencial, devendo buscar maiores informações junto à ASL, como já expliquei nesse texto aqui. O meu médico de família italiano foi excelente, pois além de ter todo o cuidado em me explicar quais seriam os próximos passos, me passou as requisições de exames de todo o primeiro trimestre de gravidez.
Ter esses exames e orientações iniciais em mãos me deu uma tranquilidade muito grande, pois havia lido que apesar de serem gratuitos os exames pré-natais na Itália, dependendo da Província em que você se encontra, pode não conseguir fazer exames de forma gratuita, principalmente para os exames mais complexos, como a “ecografia di traslucencia nucale”, o exame que no Brasil é conhecido como ultrassonografia morfológica, que se pago privadamente custa cerca de 200 euros. Eu, por exemplo, tive que pagar esse exame de ecografia e alguns outros exames complementares que não faziam parte da rede pública de saúde italiana.
Com relação ao acompanhamento médico italiano, não sei opinar se é melhor ou pior, mas posso afirmar ser bem diferente. Digo isso pois, sempre me senti privilegiada e tive acesso a bons médicos e hospitais no Brasil e, portanto, a tratamento de “primeiro mundo”, mas sei que infelizmente essa não é a realidade brasileira.
Enquanto no Brasil a classe média e alta tem acesso a um sistema avançadíssimo de saúde, podendo contar com os melhores recursos, na Itália a medicina atende toda a população de forma satisfatória. No entanto, há diferenças no atendimento às gestantes entre os dois países.
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Por exemplo, no Brasil os exames preventivos para evitar anomalias genéticas (como as Síndromes de Down, de Patau e de Stendhal) são feitos no final do primeiro trimestre de gravidez. Na Itália, os prazos para o exame são um pouco antes (12 semanas é o prazo máximo), mas percebi que há uma certa paranoia com isso.
Explico: desde a primeira consulta o médico me indagava se eu pretendia fazer a amniocintese (exame invasivo para verificar se há alguma anomalia genética do feto). Como já havia feito todos os exames na minha primeira gravidez, que foi, inclusive, com 36 anos, ou seja, dentro do período considerado “de risco” (pois as mulheres após os 35 anos têm maiores chances de terem bebês com problemas genéticos), disse que só faria se fosse constatada alguma alteração significativa no resultado do exame de “traslucenza nucale”, uma vez que esse exame, ainda que pequeno, tem um risco de aborto.
E a história se repetiu a cada consulta e a cada exame de ultrassonografia efetuado. Entendo que como o aborto aqui seja legalizado para esses casos de anomalia genética, na verdade o pensamento dos médicos é dar informação às gestantes sobre os riscos existentes e a opção para interromperem a gravidez se assim desejarem, o que para nós brasileiras, pode parecer um pouco estranho e para mim, em particular, um tanto quanto opressivo, afinal, estava feliz em estar grávida e não queria falar em aborto toda vez que fosse ao médico.
Uma questão importante é que na Itália, assim como nos demais países europeus, o parto normal é incentivado e não existe cesárea eletiva, como no Brasil, o que particularmente acho muito importante, pois para fugir dos “médicos cesaristas” na minha primeira gravidez, tive que desembolsar uma pequena fortuna de modo que minha vontade de um parto sem grandes intervenções e que respeitasse a minha vontade e da minha filha fosse respeitada. Já aqui na Itália esse é o padrão e, portanto, será tudo gratuito ou, em outras palavras, não precisarei pagar um valor extra para ter esse tipo de atendimento.
Por volta da 36ª semana de gravidez, a gestante pode (e deve) fazer, o que eles chamam de “bilancio di salute materno e fetale”, que parece ser o equivalente ao plano de parto no Brasil, onde você deixa especificada a preferência de modalidade de parto, local do parto, presença de acompanhante, doação do cordão umbilical, etc.
Para mais informações sobre gravidez na Itália, é possível baixar o livro de gravidez disponibilizado pelo Ministério de Saúde italiano.
Arrivederci!
Ana é advogada, mestre em direito, paulistana e atualmente mora em Milão. Já visitou 20 países e tem como meta conhecer o mundo. Resolveu fixar residência na Itália e pretende falar sobre as curiosidades desse país e ainda dar dicas sobre cidadania italiana. Autora do site que se chama Partiu Itália.
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