Gravidez na Índia
A ideia de escrever um artigo sobre o pré-natal e o parto na Índia surgiu de um bate-papo entre seis amigas brasileiras que estiveram e algumas estão de passagem pela Índia como expatriadas por alguma multinacional, residiram ou ainda residem em Bangalore e têm um ponto em comum: todas estão grávidas.
Por conta disso ____ considerando-se o mix de ansiedade e insegurança pertinente a esse momento de suas vidas aliado à diferença de costumes na Índia, ao restrito número de amigos e às escassas informações sobre como é o acompanhamento do pré-natal e do parto na Índia sob o ponto de vista que lhes interessa ____ todas elas foram unânimes ao afirmar que um material com depoimentos sobre a experiência e a percepção de outras mulheres na mesma situação seria muito bem-vindo.
Para compilar as informações das integrantes do grupo __ composto por seis mulheres com idade acima de 32 anos, duas delas grávidas pela primeira vez e quatro na segunda gravidez __ elaborei um questionário contemplando os pontos planejamento da gravidez, cuidados médicos, tecnologia para realização de exames e acompanhamento pré-natal, cujos relatos estão apresentados na sequência.
Planejamento da gravidez
Todas as integrantes já haviam planejado a gravidez, independentemente de estarem na Índia. Uma delas realizou fertilização in vitro, e outras duas já chegaram à Índia grávidas. A seguir, compartilho dois depoimentos sobre este tópico.
- “Planejamos sim. Por saber que eu iria ficar dois anos sem trabalhar, já que não obtive o visto de trabalho, decidimos que este seria o momento ideal. Fizemos os exames necessários e descobrimos que precisaríamos de tratamento para engravidar. Fizemos o tratamento de fertilização in vitro na Índia e deu certo na primeira tentativa.”
- “Não planejamos. Morávamos na Bélgica quando decidimos engravidar e logo depois recebemos a notícia que seríamos expatriados novamente, dessa vez para a Índia! Quando mudamos para Bangalore, engravidei logo no primeiro mês!”
Cuidados médicos
A maioria relatou um sentimento de insegurança em relação a esse aspecto, daí a necessidade de trocar informações com outras grávidas sobre essa impressão que, segundo elas, foi desaparecendo no decorrer da gravidez.
- “As consultas aqui são muito rápidas, sem muito envolvimento. Os médicos são bons, porém, muito práticos. Troquei de médico três vezes durante a gravidez, até que encontrei uma médica que me deixou segura.”
- “Eu iniciei meu pré-natal em Buenos Aires e, na verdade, fiquei mais feliz em continuar o pré-natal aqui, por conta da língua. Encontrei uma médica excelente que me passou segurança e esclarecia todas as minhas dúvidas nesse sentido.”
- “Estava extremamente insegura, mas a troca de ideias e a orientação de outras expatriadas que ficaram grávidas fora de seu país me ajudou muito. Além disso, recebi indicações de médica e de hospital de brasileiras que passaram pela mesma experiência na Índia.”
- “No início senti medo e insegurança, mas o relato de brasileiras e estrangeiras que passaram pela mesma experiência me tranquilizou. Além disso, ao conhecer a estrutura dos hospitais, tão bem equipados como no Brasil ou como num país de primeiro mundo, me senti mais segura.”
- ”Surpreendi-me positivamente com os cuidados médicos que recebi durante a gravidez. A única diferença entre o atendimento médico da Índia e do Brasil, é que a ginecologista indiana não costuma fazer exame de toque.
Referências brasileiras
Ciente da importância do nosso país de origem em termos de referências, questionei se, durante a gestação, alguém consultou com seu médico brasileiro. Surpreendentemente, a maioria afirmou que sim destacando que tal medida foi fundamental para que se sentissem seguras quanto ao pré-natal.
- “‘Sim, com certeza. Apesar de estar segura, estava com muita dificuldade em relação à comunicação”.
- “Sim, levei todos os meus exames para minha ginecologista do Brasil analisar. Vale comentar que minha médica elogiou os exames de ultrassom realizados na Índia, especialmente o da Translucência Nucal que estava mais detalhado do que o realizado no Brasil.’
- “Sim, fui à minha ginecologista do Brasil no quinto mês de gestação e constatei que os exames de sangue que ela me pediu são mais detalhados que na Índia onde, aliás, é proibido descobrir o sexo do bebê. Tanto é que é preciso assinar um documento comprometendo-se a não questionar o médico sobre isso. Contudo, ao avaliar um dos ultrassons mais importantes do pré-natal, minha médica comentou que o aparelho utilizado é de última geração e que todas as informações importantes estavam bem detalhadas”.
- “Sim, duas vezes. Uma quando meu médico brasileiro confirmou a necessidade do tratamento para engravidar e durante a gravidez. Ele que disse que apesar da Índia ser experiente em tratamentos desse tipo, eu deveria fazê-lo onde eu me sentisse segura. A grande preocupação dele seria com as questões de higiene, o que nos deixava bastante apreensivos também. Optei por fazer o tratamento na Índia. Minha médica indiana era atenciosa e eu a crivava de perguntas, assim, a cada consulta sentia-me mais segura.
Leia também: Ser mãe na Bélgica
Avaliação do pré-natal e do parto na Índia
Vantagens
- Check-ups mais frequentes com exames como ultrassom, exames de sangue e consultas.”
- Serviços médicos de excelente qualidade a baixo custo comparativamente ao Brasil.”
- Hospitais de alta qualidade, com ampla estrutura com todos as recursos disponíveis para grávidas num mesmo local (consultório medico, laboratório, ultrassom, farmácia, UTI neonatal).
- Médicos competentes que atendem de segunda a sábado, 8 horas por dia.
- Alta disponibilidade de horários para atendimento a consultas/exames, sendo possível agendar uma consulta de um dia para o outro.
- Facilidade de comunicação com médicos via e-mail e WhatsApp.
- Acompanhamento do médico do pré-natal durante o parto natural ou cesária, apesar do grande incentivo ao parto natural. Tal procedimento é considerado padrão e não é preciso agendar ou pagar extra por este acompanhamento).
- Naturalidade com que a gravidez é tratada pelos médicos. Apesar de não poder saber o sexo do bebê durante a gravidez, confesso que acabei gostando de esperar pela surpresa”.
Desvantagens
- Pouca conversa e orientação dos médicos durante o pré-natal, sem muitas dicas e informações além do que se é perguntado.
- Pouco acompanhamento e instrução no pós-parto, com apenas uma visita após o nascimento do bebê.
- Não há diálogo ou instruções sobre plano de parto, a não ser que seja solicitado pela paciente.
- Não há especialistas em amamentação nos hospitais.
- Proibição legal de informar o sexo do bebê antes do nascimento.
Considerando a qualidade e a riqueza de detalhes das respostas e a expectativa das brasileiras grávidas na Índia em obter mais informações sobre pré-natal, parto e pós-parto naquele país, na próxima publicação será dada continuidade a este assunto.
5 Comentários
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[…] Leia também sobre gravidez na Índia […]
Olá, gostei muito do seu relato sobre gravidez na Índia. Gostaria de um contato mais direto seu, pois eu moro no sul da Índia, e gostaria de saber um pouco mais, muito obrigada
Oi sou nordestina e estou morando no paquistao a familia do meu marido é d . Imigranyes indianos, casei engravidei e tive meu bebe aqui, nal conheço nenhuma brasileira que tenha passado pelo mesmo se quiser converdar mais deixo meu wpp 55 81 97758067
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