Gravidez e parto na Polônia.
Neste texto, compartilho meu relato da gravidez e parto na Polônia. Relato é uma exposição escrita sobre um acontecimento ou uma informação. Sendo assim, o que lerão a seguir é a minha experiência e traduz meus sentimentos nesse momento único.
Ainda que se tenha mais de um filho, a maternidade sempre será um período de dúvidas, afinal cada filho é único e traz desde a gravidez suas peculiaridades. Imaginem vivenciar todas essas dúvidas com o bônus: gravidez fora do Brasil. É com este bônus que começo a história da minha segunda gestação.
Moravámos em Cracóvia há apenas 8 meses quando descobrimos minha segunda gravidez. No momento da descoberta, vivemos aquela mistura de sentimentos: alegria, pela chegada de mais um fruto do nosso amor e preocupação, por não sabermos como seria o pré-natal na Polônia.
Confesso que meu maior receio era com relação a comunicação. Ao decidirmos mudar, logo comecei aulas de inglês, pois sabia que facilitaria minha comunicação nessa aventura. Mesmo dando continuidade às aulas, sempre fui muito insegura ao me comunicar em inglês. Eu sabia que para muitas questões dependeria do meu marido e esta foi minha primeira dificuldade na gestação.
Descoberta e primeiro trimestre
Assim que descobri a gravidez, através de um exame de farmácia, marquei pelo plano de saúde particular, uma consulta com um ginecologista. A decisão em fazer o acompanhamento pré-natal pelo sistema particular foi apenas pela questão da comunicação. Uma vez que nosso plano particular disponibiliza atendimentos em inglês, e no sistema público não teriamos essa facilidade. Você pode se informar mais sobre o Sistema Público de Saúde da Polônia, aqui.
Nesse primeiro trimestre da gravidez, as consultas aconteceram com um intervalo de três semanas. Na minha primeira consulta, recebi a carteirinha da gestante, que aqui se chama Karta przebiegu ciąży. Durante a gravidez, antes da consulta era necessário passar em outro consultório para pesar e aferir a pressão. Esses procedimentos eram realizados por uma enfermeira, que anotava as informações na minha carteirinha.

Imagem: arquivo pessoal
Essa foi uma fase difícil, o mal estar tomou conta de mim. Na minha primeira gravidez, eu também passei mal, com muitos enjoos, e conhecendo meu corpo, sabia que só melhoraria com medicamento intravenoso. E essa foi uma dificuldade que encontrei aqui. Consultei dois médicos do plano de saúde, que me receitaram remédios, mas eu continuava passando mal. Até que um dos médicos me encaminhou para o hospital. Nesse hospital, que ele fez o encaminhamento, eu fui extremamente mal atendida e apenas me mandaram retornar para casa.
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Eu estava em um estado sofrido de tanto passar mal, já não aguentava mais, estava sem forças. No dia seguinte, tentamos atendimento em outro hospital. Nesse hospital, o atendimento foi excelente. Porém, apenas me receitaram medicamentos orais novamente, com a justificativa que os leitos para emergência estavam lotados. Mais alguns dias sem sentir os efeitos do remédio, fui novamente para um terceiro hospital. Realizei exames e passei a noite sendo monitorada e recebendo remédio intravenoso.
Segundo e terceiro trimestre
Passado o mal-estar do primeiro trimestre, tudo começou a correr perfeitamente. A ginecologista sempre foi muito atenciosa, esclarecendo minhas dúvidas. No próprio consultório, ela realizou ultrassonografias simples, para verificar se estava tudo bem com o bebê. As ultrassonografias morfológicas eram encaminhadas para outra médica.
No intervalo das consultas, eu realizei exames de sangue, urina e eventuais exames solicitados pela ginecologista. O resultado dos exames eram sempre registrados na minha carteirinha de gestante. A frequência entre ultrassonografias e exames foi uma diferença que notei em relação ao meu pré-natal no Brasil. Aqui realizei menos ultrassonografias e mais exames de sangue e urina.
Conforme a gravidez foi evoluindo, as consultas tornaram-se mais frequentes. A partir da 30ª semana, as consultas eram marcadas a cada duas semanas. E a partir da 36ª semana, passei a frequentar o consultório semanalmente. Com isso, o acompanhamento do meu marido foi ficando mais difícil, devido a rotina de trabalho, e tive que ir em algumas consultas sozinha. Foi o momento que superei minhas dificuldades com a comunicação em inglês e correu tudo bem.
Parto
Embora meu acompanhamento estivesse sendo realizado pelo sistema particular, o parto seria pelo sistema público. Isso porque aqui na Polônia não é comum atendimentos em hospitais particulares. O hospital foi indicado pela médica que estava fazendo meu pré-natal. No dia determinado pelo hospital fomos realizar o tour. Chegando lá a equipe médica explicou que dividiriam todos em grupos, enquanto alguns participariam de palestras, outros realizariam o tour. Como éramos os únicos que não falavam polonês, uma enfermeira nos acompanhou, mostrando e explicando todo o funcionamento do hospital.
Quando completei 40 semanas, minha médica instruiu que a qualquer alteração, eu deveria entrar em contato com ela. Foi então, que em uma tarde de sol, passei o dia sem sentir o bebê mexer. Mandei mensagem para a médica e ela solicitou que eu fosse até o hospital. Chegando no hospital, foram realizados todos os exames necessários e concluiram que o bebê estava bem, mas deveríamos ficar no hospital até o momento do nascimento.
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Foram quatro dias internada, sendo monitorada a todo momento e aguardando. E finalmente, no dia 7 de maio, juntamente com a equipe médica, decidimos que era o momento da nossa menina nascer. Em todos os momentos que estive no hospital, todos os procedimentos foram explicados pela equipe médica de forma clara, sempre muito prestativa, tirando nossas dúvidas.
Em Cracóvia, quando se trata de uma cesariana não há a possibilidade de companhia no Centro Cirúrgico. Mas meu marido me acompanhou até a porta do Centro Cirúrgico e lá ficou aguardando, juntamente com minha filha mais velha e minha mãe. Por escolha nossa, pagamos um valor para ficarmos em um quarto particular, com direito a acompanhamente.
Assim que entrei, fui monitorada e o anestesista veio conversar comigo, esclarecendo tudo que aconteceria daquele momento em diante. Esperei cerca de trinta minutos, até o momento do nascimento. Assim que minha filha nasceu, ficou comigo por algum tempo e em seguida, foi levada para o meu marido. Logo em seguida, fui levada até o quarto, onde eles estavam me aguardando.
Informações importantes
Nesse site, você encontra um guia para mulheres grávidas expatriadas na Polônia. Durante toda a gravidez, tive a oportunidade de pesquisar muitas informações sobre o assunto. É claro que nem sempre tudo é maravilhoso, existiram experiências boas e outras nem tanto. Mas isso é algo que acontece em qualquer lugar que você esteja, afinal não existe um lugar perfeito.
Não existe um parto igual ao outro, cada experiência é única. O que para mim foi bom, muitas vezes para outras mães não foi, ou não será, e o contrário também pode ser verdadeiro. Mas o que desejo com esse texto é tranquilizar as mulheres que pretendem engravidar e aquelas que já estão à espera de seus filhos, aqui na Polônia.
Acredito que em qualquer lugar que estejamos, devemos nos informar de forma consciente, buscando nossos direitos. Nossas dúvidas e medos nunca devem ser deixadas de lado. Trazer minha filha ao mundo, aqui na Polônia, foi uma verdadeira aventura, mas sei que não parou por aqui. Afinal, dizem que as mães nunca param, sempre teremos surpresas, medos, novidades. E cada momento que superamos é motivo de alegria. Se você mora na Polônia e está grávida, desejo que seja um período de tranquilidade. Em breve escreverei novos textos sobre a maternidade na Polônia.