Como foi meu pré-natal em Chicago.
Se você acompanha o BPM Kids você já deve ter lido artigos relatando a experiência de nossas autoras com o processo de pré-natal e nascimento de muitos brasileirinhos pelo mundo. Por exemplo, a Mariana relatou aqui a sua história em Calgary, no Canadá. A Nina escreveu sobre sua Gestação e Parto na Espanha e a Fernanda compartilhou a sua experiência em Nova York. Após ler estes e outros textos e também devido às inúmeras perguntas que recebi (e ainda recebo) de amigas brasileiras, resolvi compartilhar um pouco da minha experiência em Chicago.
Quem me conhece sabe que, em geral, eu sou uma pessoa ansiosa, porém olhando pra traz e fazendo uma análise do meu pré-natal a conclusão que eu chego é de como, surpreendentemente, eu me mantive calma durante todo o processo. Talvez porque tudo foi algo absolutamente novo, eu me convenci de que não adiantava mesmo ficar ansiosa. Simplesmente deixei as coisas acontecerem naturalmente e, abençoada como sou, tive uma gravidez tranquila.
O primeiro motivo que pode gerar ansiedade para muitas mamães é que, por aqui, em geral, a sua primeira consulta só é agendada quando você estiver com aproximadamente 8 semanas. No meu caso, descobrimos a minha gravidez quando o nosso baby estava com apenas 4 semanas. No mesmo dia, liguei para o consultório médico e conversei com a enfermeira. Vale mencionar que antes da minha gravidez eu ainda não tinha uma ginecologista/obstetra por aqui, já que sempre fazia as minhas consultas no Brasil.
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Expliquei para a enfermeira (que, diga-se de passagem, foi super simpática), que o famoso “teste da farmácia” tinha dado positivo e perguntei quais os próximos passos. Recebemos uma longa (leia-se looooonga) orientação pelo telefone. Ela respondeu a todas as nossas perguntas e, como eu estava me sentindo bem, fomos informados de que a minha primeira consulta seria em um mês. UM MÊS!!!
Viu como eu disse que mantive a calma? Agora acho até estranho ler o que estou escrevendo, mas como nunca passei pela mesma experiência no Brasil, eu não sabia muito o que esperar. O normal por aqui é aguardar as 8 semanas (é assim no Brasil também?), pois aparentemente antes disso não tem muito o que ser visto no ultrassom e os testes de farmácia são considerados confiáveis.
Nessa época, decidimos que só contaríamos aos amigos e familiares, com exceção dos nossos pais, após o final do primeiro trimestre devido aos riscos durante o início da gravidez. Agora, imagina como foi continuar vivendo como se “nada” estivesse acontecendo. Ouvir suas amigas conversando sobre gravidez e não falar nada. Recusar uma cervejinha no final da tarde com a desculpa de que “nah, não estou com vontade de tomar cerveja hoje”. Ir pra Las Vegas a trabalho e convencer todo mundo de que você é uma pessoa super responsável e que você não estava lá pra “fazer farra’ (sim, sim, isso aconteceu!).
Enfim, quantas histórias divertidas eu tenho pra contar dessa época! No final, aprendi que se você consegue controlar as suas expectativas, consequentemente você consegue controlar a sua ansiedade também.
Consultas pré-natais
As minhas consultas pré-natais foram agendadas da seguinte maneira: uma consulta por mês até as 28 semanas; uma consulta a cada duas semanas entre 28 e 36 semanas e uma consulta por semana entre 36 e 40 semanas. Na primeira consulta, a minha médica nos explicou sobre o processo todo e fez um ultrassom transvaginal para confirmar a idade do feto. Uma parte bem bacana durante este processo foi ter encontrado uma médica brasileira. A possibilidade de poder fazer perguntas também em português me transmitiu maior segurança e conforto.
Uma diferença que vale ser notada é que as consultas por aqui não são tão “pessoais” como no Brasil. Em geral, durante o pré-natal, as minhas duravam no máximo 15 minutos e nem sempre foram com a minha médica. Por quê? Porque o processo funciona assim: os médicos trabalham em grupos. São 7 ou 8 profissionais que se revezam nas escalas de plantão no hospital, ou seja, se você começar a ter contrações no dia em que o médico X está de plantão, você provavelmente será assistido pelo médico X e não necessariamente pelo “seu” médico inicial. Por este motivo, a minha médica já me encorajou, desde o início, a também marcar consultas com os outros médicos para que eu já os conhecesse, caso não fosse ela que fizesse o parto do nosso baby. Sendo assim, eu conheci todos os médicos do grupo, mas felizmente a foi a minha médica brasileira que nos assistiu durante o parto (yes!!).

Fonte: Arquivo Pessoal
Outro fato que vale a pena destacar é a forma com as consultas são organizadas. Em geral, todas as minhas consultas aconteceram assim: primeiro a recepcionista te entrega um recipiente para que o exame de urina seja feito. A partir dali, você é encaminhada para uma salinha onde você conversa com uma enfermeira, que faz uma triagem inicial (mede a sua pressão, temperatura, checa o seu peso, etc.) Logo em seguida, você vê a médica, que responde qualquer pergunta que você tenha, escuta o coraçãozinho do bebê, checa tamanho da sua barriga, passa as próximas orientações e, se necessário, solicita um ultrassom.
O único ultrassom feito pela minha médica foi o primeiro (transvaginal) que eu mencionei acima. Todos os outros foram feitos por um técnico/enfermeiro em um outro consultório. Por falar em ultrassom, o processo todo é um pouco diferente, acredito eu, se comparado ao brasileiro. Inicialmente, eu achava que iria fazer um a cada consulta, mas não foi assim. No total, fiz apenas 4 ultrassons.
Teste genético
No início da gravidez, temos a opção de fazer um teste genético que pode detectar algumas doenças como por exemplo, a síndrome de down. O teste não é obrigatório e, por isso, alguns pais decidem não fazê-lo. Nós resolvemos seguir com o teste, por isso, o primeiro ultrassom foi feito com aproximadamente 11 semanas. Além do ultrassom, faz parte do teste também um exame de sangue e uma consulta com um consultor genético.
A segunda parte do teste genético é um exame de sangue feito já no segundo trimestre da gravidez, entre 15 e 21 semanas. Faz-se então uma análise dos resultados, combinando as informações com o resultado do primeiro teste e, a partir daí, outros mais precisos são oferecidos aos pais caso necessário. A terceira parte é o ultrassom feito com aproximadamente 20 semanas, que foi então o segundo que eu fiz. Este exame é bem detalhado (eu diria que demora mais ou menos 50 min) e, seguindo o procedimento padrão dos exames, é quando descobre-se o sexo do bebê.
O site da American College of Obstetricians and Gynecologists explica (em inglês) detalhadamente como funciona o teste em um formato de perguntas e respostas bem dinâmico. Se você estiver procurando por mais informações, vale a pena dar uma olhadinha neste site.
Há sempre a opção de fazer exames em clínicas privadas para descobrir o sexo antes, mas esperamos até as 20 semanas. Após este segundo ultrassom, fiz outros 2 ultrassons apenas para acompanhar o desenvolvimento de um pequeno mioma, o que eu descobri ser algo bem comum durante a gravidez. Felizmente, tudo correu bem e nenhuma complicação foi detectada.
O nosso príncipe nasceu no dia 04 de Abril, de parto normal, lindão e, o mais importante, saudável. A minha intenção inicial com este texto era escrever também sobre a minha experiência durante o nascimento, porém resolvi deixar para um próximo texto. Espero ter respondido algumas das milhares de perguntas que vocês possuem. Caso ainda tenham alguma dúvida, fiquem à vontade para deixar perguntas nos comentários. Vou terminar por aqui porque tem um “serumaninho” do meu lado que está com fome e precisa ser amamentado.
Cheers!
4 Comentários
[…] prometi no texto do mês passado Como foi meu pré-natal em Chicago , este mês compartilharei um pouco sobre como foi a minha experiência com o parto normal nos EUA. […]
Luana, bom dia!
Gostaria muito que você me indicasse a médica brasileira que te acompanhou no pré natal.
Acabo de me mudar para Chicago e estou em busca de obstetras brasileiras que possam me assistir neste momento.
Muito obrigada!
Tânia (tania_bezerra@hotmail.com)
Oi Tânia. A médica é a Dr. Silvia Bicalho. Aqui está o link com o contato dela. https://doctors.advocatehealth.com/a-silvia-bicalho-chicago-obstetrics-gynecology. Ela é sensacional! Se tiver alguma dúvida, fique à vontade pra entrar em contato comigo de novo. Boa sorte e bem vinda à Chicago!!
Olá Luana, moro em Chicago e estou me planejando lara uma futura gestação. Bom o que eu queria saber são os valores. Você pagou pelas consultas ou foi pelo governo? Quanto ao parto, foi pago?
Obrigada por compartilhar sua experiência