Carta de uma mãe de primeira viagem ao seu filho
Oi, filho! Esta é uma carta para você! Queria te contar um pouquinho sobre o nosso primeiro mês juntos depois que você nasceu! Guarde, leia e releia sempre que quiser, é bacana!
Fiz um bolo para o seu primeiro mesversário! Logo eu, filho, que dizia que não comemoraria mesversário, que achava uma bobagem, coisa de gente fofa, de mãe de menina (rs)! Pois fiz um bolo azul muito fofinho (olha a foto!), após uma mudança de apartamento feita no dia anterior, com um bebê de um mês!! Uma loucura!
Que mês!
Quando chegamos em Portugal seu pai e eu fomos morar em um apartamento de um quarto. Foi o que conseguimos à distância! Não era ruim, era bonitinho e a localização era ótima, mas já era pequeno para dois adultos e seus dois irmãos de quatro patas. Quando vovó chegou para ajudar e arrumamos as suas coisinhas, o espaço ficou inviável, filho. Ainda ficamos um mês por lá! Esse primeiro mês foi realmente um desafio!
Sabe, mamãe sempre quis ter tempo para cuidar de você, mas trabalhava muito no Brasil, e sempre quis te dar um lugar seguro para viver, onde você pudesse brincar com liberdade, o que era muito difícil no Rio de Janeiro.
Não tem exatamente a ver com o nosso primeiro mês juntos depois que você nasceu, mas quero te contar que, quando chegamos em Portugal, você estava há seis semanas na barriga da mamãe e eu estava com chikungunya mas ainda não sabia, pois não tinha o resultado do exame de sangue. Podia ser zika e alguns bebezinhos tiveram complicações quando as mamães tiveram essa doença na gravidez.
Foram momentos tensos! As férias por Portugal, antes da mudança definitiva para Viseu, foram complicadas nesse cenário. Esperar um resultado por Whatsapp, em um país onde os profissionais de saúde não conhecem essas doenças, não foi fácil.
Foram muitas dores no corpo (característica dessa doença) mas, muitos da área de saúde dizem que você que fez passar rápido, sabia? Curou a mamãe pois precisava de um corpo saudável para crescer! Precisamos um do outro, meu amorzinho!
Te contei sobre essa questão pois fazer o parto, acompanhar a gravidez e o bebê em outro país, em um sistema de saúde diferente do que você viveu toda a sua vida, tem seus desafios.
A mãe escreveu sobre a gravidez em outro texto, e depois mostra pra você!
Voltando ao primeiro mês, mais precisamente ao pós-parto, a recuperação de uma cirurgia cesárea, quando você nunca entrou em um centro cirúrgico, é complicada. Havia também a recuperação da tensão psicológica prévia. A sala é fria, são muitas pessoas diferentes, aparelhos e procedimentos desconhecidos, anestesia, medo de não voltar a sentir as pernas, não sentir nada e sentir tudo (no mexer do corpo e nos sentimentos!)… e, de repente, o amor!
Que loucura! Lembro do seu chorinho maravilhoso e alguém dizendo… “é definitivamente um menino!”.
E recebi você nos braços, meu pacote de amor, meu menino!
Chorei! São tantos sentimentos! Chorei feliz, amorzinho, não foi triste não!!! Você já entende chorar feliz? Talvez ainda não.
E a mamãe pensou…e agora? O que tenho que fazer?
Ficava acordada te olhando, na maternidade, e olha que estava exausta! Mas tinha que tomar conta de você. Mesmo sem saber como, direito. E queria entender os seus detalhes: pés, mãos, unhas… Gente, isso tudo ficou pronto na minha barriga!
Você não sabia mamar, te deram leite adaptado, tive medo de ser sempre assim, mas você aprendeu rápido e agora mama muito!! Hoje você já tem quase dez meses e está rindo para a mamãe, com seus quatro dentes, enquanto escrevo este texto.
Te deram seu primeiro banho, na maternidade, e eu olhei! Queria ter dado, mas não sabia, tive medo de errar! São tantas novidades, filho! Nem tudo sai como queremos. Nem fralda eu sabia trocar! Não tinha nenhum bebê no meu convívio. Tudo, absolutamente tudo, era novo.
Fomos aprendendo juntos!
As dores do pós-parto são duras, de fato, no corpo todo. O inchaço é assustador. Tem o sangramento, os calafrios na descida do leite (e mais dor), a privação de sono (é bem difícil, e olha que fui auditora e headhunter!), a amamentação (e toma-lhe dor).
E a saída da maternidade com uma barriga de seis meses e o receio de nunca mais ter o mesmo corpo?! A cinta apertando! Ufa!
E deixamos a maternidade com um bebê sem manual… mas com muito amor! Tanto amor que dói, também (mas essa dor é diferente!). Enfim…sentimentos loucos, por vezes opostos…só mãe entende, eu acho.
Queremos que o bebê pare de chorar e durma pois estamos exaustas, por exemplo, mas quando dorme ficamos com saudades! Loucura, loucura!
Bom…agora entendo a razão das comemorações mensais…cada mês um desafio, uma fase, experiências e tantas novidades!
Mamãe teve o apoio da vovó e do papai. Ajudando com você, com a casa, com seus irmãos de quatro patas, fazendo comida, mas muitas mamães não têm rede de apoio, filho, e o primeiro mês é muito intenso, em todos os sentidos, ainda mais para uma mãe de primeira viagem como eu! Física e emocionalmente. As mulheres são incríveis, não esqueça.
Então temos que comemorar as vitórias e principalmente, o amor!
Depois de 36 anos, em apenas um mês eu, uma mãe e primeira viagem, já não sabia mais como viver sem você e estava pronta para os desafios do segundo mês!”