Começo o meu texto com um bordão criado em 1894 para uma campanha publicitária: “Não basta ser pai, tem que participar.” Hoje em dia isso parece óbvio, mas antigamente a criação dos filhos era bem diferente. A função do pai era basicamente sustentar a casa e a mãe tinha que cuidar de tudo sozinha. Ainda bem que os tempos mudaram, né?
Pai ausente
Infelizmente, eu cresci num lar com um pai ausente. Ele saía para trabalhar de manhã e só chegava em casa tarde da noite. O meu pai sempre foi muito introspectivo, não me recordo ele carregando a gente no colo (tenho dois irmãos), dando carinho, lendo um livro antes de dormir, saindo para passear simplesmente para apreciar um lindo domingo de sol… Eu não me recordo porque ele nunca fez isso. Nunca também olhou um caderno escolar ou ensinou um dever de casa, nunca foi em uma reunião escolar, nunca demonstrou afeto dentro de casa, quem dirá nos dar um abraço e um beijo em público. Nunca me levou na escola, nunca me disse que sentia orgulho de mim ou dos meus irmãos por sermos excelentes alunos e sempre recebermos medalhas de honra.
Ah, se ele soubesse o quanto eu queria ter um pai presente! O quanto eu almejava saber que era amada por ele! Eu só queria um abraço e um beijinho de boa noite. Mas eu nunca tive um paizão, esse papel foi substituído por um tio. O tio Ade, Ele infelizmente já faleceu, porém o meu amor e carinho por ele são eternos. Ele e a minha tia Na levavam a gente pra passear aos domingos. Geralmente íamos a um circo, cinema, ou parquinho de diversão e ele sempre comprava algodão doce e pipoca doce (a minha preferida). Eu e meus irmãos voltávamos pra casa muito felizes, mas no fundo, no fundo, a gente queria era que o nosso pai estivesse lá fazendo o seu papel de pai.
Além de amar a minha mãe infinitamente, tenho uma admiração enorme por ela, pois ela foi mãe e pai ao mesmo tempo e fez de tudo para nos dar o amor e o carinho que não foi suprido pelo meu pai. Graças a Deus, eu e os meus irmãos nos tornamos adultos e bons cidadãos mesmo tendo um pai ausente.
Eu me casei no dia 6 de dezembro de 2009 e já queria ser mãe, mas não sabia como o meu marido seria como pai. Quando engravidei, percebi logo de cara que o Eric seria um paizão, pois ele cuidou de mim com muito carinho. Ele fazia todos os meus gostos, colocava a mão na minha barriga, conversava com o bebê, falava pra todo mundo que seria pai e era nítida a sua felicidade.
O nascimento do nosso primeiro filho
Então o Noah nasceu. A cada dia que se passava, admirava ver todo amor e carinho que o Eric dava para o nosso bebê. Ele fazia tudo em função do filho e já sentia orgulho dele mesmo sendo um bebê. Sempre esteve muito presente e fazia questão de dar banho, trocar fraldas, carregar, dar comidinha e etc. Ele comprava livros e mais livros para o Noah, dentre estes a coleção do Dr. Seuss, e fazia questão de ler para ele todas as noites antes de colocá-lo para dormir. Todos os lugares que o Eric ia, queria levar o Noah. E quando a gente saía, ele não deixava eu carregá-lo não! Era ele quem carregava!

Pura diversão entre Pai & Filho. Acervo pessoal
O Noah só tinha um aninho e o Eric não via a hora que ele crescesse para fazerem juntos todas as aventuras de pai e filho. Hoje, já com seis anos, eles são uma dupla inseparável e às vezes me deixam com o cabelo em pé quando retornam para casa e me contam das aventuras. Eles fazem de tudo um pouco: amam escalar montanhas, andar de bicicleta, acampar, pescar, nadar, viajar para a fazenda e, como muitos meninos, são apaixonados por Fórmula 1 e carros de corridas. Todo ano eles viajam para a Flórida para assistirem uma famosa corrida internacional de carros, a Sebring Internacional Raceway. Eles me enviam fotos e vídeos para mostrar o quanto estão curtindo a corrida de carros.
Ficava muito feliz ao ver o paizão que o Eric era para o Noah, mas ele sempre quis ser pai de menino. E aí, eu estava esperando nosso segundo bebê: uma menina. Será que ele seria esse pai presente e tão amoroso sendo pai de menina?
O nascimento da Agatha e posteriormente o da Alice
Depois do Noah, tive mais duas crianças: a Agatha e a Alice. Queria ver agora como seria o Eric sendo pai de menina. E ele me surpreendeu positivamente! Ele cuida delas com tanto afeto, tanto zelo e amor, que elas se sentem princesas de verdade. Eu até escrevi um texto sobre isso, pois acho a coisa mais linda do mundo ver o relacionamento entre pai e filhas. Ele é o mesmo paizão, super presente e dedicado com elas. Sempre me ajudou a cuidar da Agatha e da Alice: dar banho, comidinha, trocar fraldas e até pentear os cabelos cacheados delas. E é tanto zelo, que ele compra cremes específicos para cabelos cacheados, pois quer ver os cabelos delas saudáveis e hidratados.
O Eric também faz de tudo para agradá-las. Ano passado, a Agatha disse para o papai que queria ir à Disney. Ele não gosta desse mundo fantasioso, mas mesmo assim nos levou em novembro para comemorarmos o aniversário dela. Foi indescritível e emocionante ver a alegria das crianças no Magic Kingdom, principalmente das meninas. O Eric quase explodiu de alegria quando elas disseram: “Daddy, we love you so much! (papai, te amamos muito!) Obrigada por ter vindo aqui com a gente”. E claro que ele foi se divertir com o Noah na Legoland. Era o sonho do Noah ir nesse lugar.

Família na Disney. Acervo pessoal
Eu já amava o meu esposo, mas depois de vê-lo sendo pai das minhas crianças preciosas, passei a amá-lo ainda mais. O Eric é o pai que toda criança gostaria de ter; ele é o significado real da palavra paizão. Como eu gostaria que o meu pai tivesse sido pelo menos 50% do que o meu marido é.
O pai ausente se tornou um avô presente
Mas a vida é um grande aprendizado, não é mesmo? Hoje em dia, o meu pai é um avô presente, super amoroso e carinhoso com os netos. Inclusive ele está aqui passando uma temporada com a gente e as crianças estão extremamente felizes por isso. Ele os mima demais, principalmente a caçulinha Alice, que é uma “mini boss” (chefinha). Tenho até que pedir para ele não ficar fazendo todas as vontades dela.
Como disse, não tive um pai presente, porém hoje vivencio a alegria de ver minhas crianças tendo um paizão e um avô presentes. Que benção e privilégio! Obrigada, meu Deus!
A foto de destaque foi feita pelo fotógrafo Leonardo Oliveira (Instagram: @leonardooliveira.co).
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