Esse mês resolvi fazer algo diferente! Não, não contarei mais uma de nossas histórias por aqui. Posso dizer que me empolguei com o mês das empreendedoras e trouxe para vocês uma breve entrevista que conta a trajetória de uma super mãe. Além de empreendedora, ela é ativista de moda e defensora do Slow Fashion Movement. Ela vem revolucionando o mundo das novas mães mundo afora na tentativa de uma maternidade mais sustentável e criando uma “ecobaby”: Mari Villaça, diretamente do instagram @muda.moda!
MÃES MUNDO AFORA: Quem é Mari Villaça?
Mari: Eu me formei em Relações Internacionais, trabalhava com petróleo e gás e nunca havia me questionado sobre os impactos ambientais da indústria, mesmo trabalhando com isso. Sempre fui muito inconformada com a realidade de desigualdade do Brasil e do mundo. No final da faculdade fui fazer um intercâmbio voluntário na África, conheci o conceito de “Negócios Sociais” e li os livros do Mohammed Yunus. Isso foi um divisor de águas na minha vida.
Sempre fui curiosa por movimentos disruptivos e inovadores, e depois que descobri os impactos da indústria me senti chamada a trabalhar com mitigação de impacto da mesma. Comecei com negócios sociais (Yunus Br), depois migrei para uma plataforma de crowdfunding (financiamento coletivo) para projetos de impacto, onde catalisávamos movimento em prol de uma economia mais colaborativa.
Diferente da maioria das pessoas do ramo da sustentabilidade, meu despertar foi SOCIAL e não AMBIENTAL. Eu estava feliz no meu trabalho, achando que contribuía para um futuro mais justo para o mundo quando eu descobri os bastidores sombrios e exploratórios da indústria da moda através do documentário “The true cost” (disponível no Netflix, para ver o trailer clique aqui). Eu sempre gostei de roupas e esse gostar significava gostar de comprar muita roupa. Ao final do documentário (que eu recomendo que todos vejam) eu percebi que meu armário definitivamente não representava a pessoa que eu achava que eu era. Todos aqueles excessos tinham chegado até lá às custas da exploração de toda uma cadeia.
Eu fiquei literalmente doida, não pensava em outra coisa, precisava resolver isso comigo mesma e, principalmente, queria conscientizar e sensibilizar o máximo de pessoas que eu pudesse. Para isso resolvi começar a alugar minhas roupas e criar conteúdo sobre moda sustentável online.
Quais são os seus projetos? No que acredita? Ideais?
Hoje sou ativista em prol de uma moda sustentável: mais humana, ética, inteligente e colaborativa. Sou idealizadora da plataforma de conteúdo online Muda Moda. Sou também sócia da UN Moda Sustentável, agência de inovação que desenvolve projetos de estratégia, pesquisas e conteúdo.
Além disso, sou cofundadora do Green Design Market, primeiro mercado brasileiro voltado a produtos com curadoria específica dentro dos quatro pilares da sustentabilidade (social, cultural, econômico e ambiental), cuja primeira edição acontecerá em abril de 2020.

“Ecobaby” – acervo pessoal da entrevistada
Como é ou está sendo ser uma “ecomãe”, nessa incrível missão de criar uma “ecobaby”? É 100% possível?
Definitivamente não, não é 100% possível! Não só na maternidade, em qualquer âmbito. Ninguém é 100% sustentável. “Ecobaby” é um apelido que coloquei nela, porque tento minimizar os impactos ambientais sociais na criação que dou a ela. A gente tenta, opta por materiais biodegradáveis, roupas de algodão orgânico, brinquedinhos de madeira, utilizar o mínimo de plástico possível, mas é uma luta diária. Sempre você percebe que tem algo a melhorar.
Você acha que falha no seu propósito? Sente culpas?
Claro! Aliás, que mãe não sente culpa? Sem sombra de dúvidas minha maior culpa são os descartáveis. Fraldas, lenços, algodões. Ainda não consigo usar 100% das fraldas reutilizáveis. Ainda estamos num modelo híbrido por aqui.
E no caso do Antônio, que já tem 4 anos, os potes de iogurte, embalagens de biscoito, papelzinho de bala: TUDO É PLÁSTICO de um único uso.
Qual a maior diferença no nascimento do seu primeiro filho para a segunda? O que mudou para você?
Tudo! Mais uma culpinha aí (risos)! Com Antônio eu tinha todo meu tempo só para ele. Me dediquei 100%, tinha um emprego convencional e uma licença maternidade. Foram 6 meses de dedicação exclusiva. Gente, eu fazia mesversário! Já com a Maria, aos 7 dias de vida eu já estava fazendo reuniões. Vivo amamentando respondendo emails, vendo planilhas, gravando áudios. Nunca estou com a cabeça 100% com ela. Isso me deixa arrasada!

Acervo pessoal da entrevistada
Qual recado gostaria de passar para as novas mães mundo afora?
Uma vez uma conhecida falou a seguinte frase: “FILHO FELIZ É FILHO DE MÃE FELIZ”. Eu acho que é isso, não tem certo ou errado. A gente faz tudo por eles, com todo amor do mundo, sempre querendo o melhor. Acho que precisamos não nos cobrar tanto em geral.
Fica aí então a dica para quem quiser embarcar junto ou saber mais sobre ser uma mãe sustentável. Gostaram? Querem mais?
Leia também Maternidade e sustentabilidade: encontre uma forma viável para você e Qual a relação entre maternidade, imigração e consumo consciente?
2 Comentários
Que lição!! A entrevista é inspiradora…esse ano minha meta era diminuir o uso de plástico, mas agora acho que estou engatado…
Que legal Raquel. Eu também mudei algumas coisas. E cada vez mais, sou menos consumista em tudo. Principalmente com roupas e sapatos.