Se a maternidade tem feito muitas mulheres enveredarem pelo caminho do empreendedorismo, quando essa mulher se muda do Brasil começar o próprio negócio pode ser o caminho de adaptação ao novo país e a oportunidade de se inserir e reconstruir sua vida. Mães Mundo Afora publica este mês a série MÃE EMPREENDEDORA, que trará toda quarta-feira uma entrevista com mulheres brasileiras que estão empreendendo pelo mundo. Conheça suas histórias de reinvenção, descobertas, desafios, fracassos e vitórias e se inspire!
Para abrir a série, a nossa colunista Cláudia Kalhoefer conversou com Luciana Martins da Silva, mãe empreendedora nos Estados Unidos. Dançarina e professora de samba e forró, ela também vende fantasias e é produtora de eventos culturais para promover o Brasil no exterior.
O Brasil é conhecido internacionalmente através do samba e este faz parte da vida de milhões de brasileiros. O samba é considerado por muitos críticos de música popular, artistas, historiadores e cientistas sociais como o mais original dos gêneros musicais brasileiros ou o gênero musical tipicamente brasileiro. Já diria o compositor Dorival Caymmi em “Samba da minha terra”:
“Quem não gosta de samba bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé!”
É com este verso que vou contar para vocês a história da mãe e dançarina Luciana Martins da Silva. Ela não tem só o samba no pé, mas também na alma e no coração!
Mães Mundo Afora: Conte-nos um pouco da sua trajetória Brasil-Estados Unidos.
Luciana: Nasci em Santa Catarina, no Sul do Brasil, mas morei muitos anos em Curitiba e em Vila Velha no Espírito Santo. Eu cresci convivendo com negócios, pois o meu pai era comerciante e tinha uma danceteria. Quando adulta, me tornei uma representante comercial: vendia equipamentos e materiais para odontologia. Eu gostava muito desse trabalho, pois tinha flexibilidade para viajar.
Eu vim para os EUA em 2005 porque me casei com um americano. Nós moramos um ano em Atlanta, na Geórgia, e depois nos mudamos para Colorado Springs, no estado do Colorado. No início, foi difícil me adaptar aqui nos Estados Unidos devido às diferenças culturais, comida, inverno rigoroso e por não dominar o inglês. A dificuldade maior foi não saber falar o idioma, mas mesmo assim trabalhei como atendente em uma confeitaria onde fui aprendendo aos poucos a língua.
Não demorou muito e me tornei mãe. Hoje, tenho um filho de 10 anos que se chama Rio Gabriel. Esse nome foi escolhido pelo pai dele e eu gostei muito da descrição que ele fez da escolha. Ele falou que o nosso filho se chamaria Rio porque ele seria como eu: “Você é como um rio, quando você encontra obstáculos você os contorna e nunca para, segue sempre em frente percorrendo os seus sonhos”. E eu também sou apaixonada pelo Rio de Janeiro. É um estado lindo, de belezas naturais e terra do samba!
Como e quando você se tornou uma mãe empreendedora nos EUA?
A maternidade fez com que eu me tornasse uma mamãe empreendedora. Eu me separei quando o Rio Gabriel tinha dois aninhos e não tinha muito suporte financeiro. Recebia uma pensão muito pequena do ex-marido, então tive que trabalhar para me sustentar e sustentar o meu filho. Eu fiz do samba um estilo de vida. Ele é o meu ganha-pão e o meu empreendedorismo.
O que você faz?
Eu sou dançarina, professora de danças (ensino samba e forró), vendedora de sandálias e fantasias para sambistas e também coordenadora de eventos culturais no Colorado. Eu concilio a dança com eventos culturais. Todos os eventos que eu promovo estão voltados para a cultura brasileira. Eu convido artistas brasileiros que moram nos EUA e também trago artistas do Brasil para se apresentar aqui comigo. Em outubro, teremos o maior festival de dança brasileira no Colorado, o Viva Brazil Festival! Serão cinco apresentações em quatro dias em três cidades. Apresentado por Le Buone Azioni Produções e produzido por mim, este festival promete trazer a cultura autêntica pro Colorado.
Como surgiu seu interesse pela dança?
O meu interesse pela dança surgiu de uma forma bem natural. Desde pequena, eu me trancava no quarto e ficava imitando alguns artistas na frente do espelho, como Madonna, Michael Jackson e algumas bandas brasileiras. Também fui influenciada pela danceteria do meu pai.
Nos Estados Unidos, comecei a dançar profissionalmente através de uma amiga que é dançarina clássica indiana. Na época, ela estava promovendo um show de variedades de danças e me convidou para participar. Como eu fazia aulas de flamenco, disse pra minha amiga que poderia apresentar esse tipo de dança, mas, para a minha surpresa, ela queria uma dança típica do Brasil. Então eu pensei: uma dança para representar o Brasil tem que ser o samba! Eu fiquei muito apreensiva, pensando como iria apresentar o samba em um teatro! No início, estava muito tímida e insegura, mas consegui me apresentar neste show de danças de nacionalidades diferentes.
E como você conseguiu superar essa insegurança e fazer do samba seu empreendedorismo?
Posteriormente a essa apresentação, eu viajei para o Brasil e fui diretamente para o Rio de Janeiro, onde fiquei duas semanas na comunidade da Mangueira fazendo aulas de samba com a Fabiana Oliveira (ela era rainha de bateria na época). Depois dessas aulas, eu me senti segura e fiz muitas outras aulas com grandes mestres do samba. Para mim foi uma experiência enriquecedora ter convivido com os sambistas e passistas da Mangueira. Eu aprendi que sambar não é somente colocar uma fantasia e dançar. O samba é um estilo de vida e faz parte da cultura brasileira. É preciso ter respeito e amor pelo samba!
Quem quiser saber mais da vida e da trajetória da Luciana, pode seguir suas páginas do Facebook e Instagram . Esta mulher e mãe empreendedora e guerreira que, com tanto amor, profissionalismo e carinho ensina a cultura brasileira através da dança aqui nos EUA. Muito obrigada por ter compartilhado a sua história com o Mães Mundo Afora.