Primeiro ano escolar nos EUA: descobertas e reconhecimento
Na nossa última aventura, contei a vocês sobre os armários escolares e o quão “fashionistas” eles são. Na ocasião, comentei que falaria sobre o ano escolar da Laurinha na nova escola. Bom, quem tem filho sabe o quanto é difícil o primeiro dia de escola. Digo para nós, não para eles. Pelo menos aqui em casa sempre foi beijinho e tchau. E adivinha quem ficava em lágrimas no portão da escola? Sim, confesso…eu mesma!
Denomino esse tipo de comportamento de “síndrome da mãe-professora”. Sabe? Aquela vontade de ficar espiando da porta pra ver se o filho está bem, se vai conseguir sentar numa boa mesa, se terá coleguinhas para lanchar junto… Se você já sentiu isso, sinto-lhe informar que a síndrome pegou você de jeito. Agora, pegue essa síndrome e adicione um novo país, uma língua diferente, nova escola, novos amigos…
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Iniciando na escola nova
Eu estava pirando, tremendo de medo e nervoso! E a Laura? “Tá tudo bem mãe! Vai dar tudo certo!”. Fico impressionada como as crianças conseguem lidar com o novo muito melhor do que nós adultos. Acredito que seja porque eles não se importam com o que os outros vão pensar. Eles são livres para experimentar, para encontrar o próprio lugar.
Uma semana antes, tivemos reunião com o diretor para apresentar a escola. Conhecemos as salas de aula, biblioteca, ginásio, cantina, pagamos as taxas, acertamos os valores das refeições, preenchemos papéis… Ufa! Tudo certo!
Todos os anos eu preparo um presentinho para as professoras. Sabe aquele negócio de causar uma boa impressão>? Pois é, eu levo bem a sério. Então, sempre trago do Brasil produtinhos como sabonetes, hidratantes, óleo corporal… todos com fragrâncias bem brasileiras, como açaí, cupuaçú, castanha do Pará. Se você tem dúvidas sobre o que comprar para presentear, está aí uma super dica! As professoras amaram! Eu mando junto uma cartinha de apresentação desejando tudo de melhor para aquele ano escolar e os meus telefones para contato. Vai que precisa…
O primeiro dia de aula
Primeiro dia de aula. Entro no estacionamento da escola, paro o carro, dou um beijo e vai! Ela caminha confiante, como se aquele lugar fosse seu habitat natural, nem olha pra trás para mandar um tchauzinho. Enquanto eu choro (eu avisei que ia chorar) olhando pra ela, penso:”Queria ter metade dessa coragem!”
E o ano começa. Setembro, outubro, dezembro, janeiro. Ok, nenhuma dificuldade. Vamos caminhando. Fevereiro, março, abril, maio e… gente, o ano foi incrível! A Laura fez amigos, tirou boas notas, leu muito, dedicou-se ao máximo. Nossa filha gosta muito da dinâmica das aulas por aqui, ela não encontrou dificuldade em adaptar-se aos horários, conseguiu organizar a rotina, foi fera com o armário. Posso dizer que ver a Laura indo à escola feliz é, sem sombra de dúvidas, a nossa maior satisfação.
Quando o mês de maio chegou e as temidas provas estaduais finalmente acabaram, começaram as premiações. Percebi que pelo menos duas vezes na semana a Laura participou de algum evento diferente. Boliche, museus, patins, parques…
As recompensas e o reconhecimento
Até que um belo dia, a menina chegou em casa com três convites para um evento que premiaria os alunos com alto desempenho em leitura durante o ano escolar. Meu coração foi à lua e voltou! Você pode estar pensando: “Ahhh… que exagero! É só uma premiação de Ensino Fundamental!”
Mas, espera… Será que nós, adultos, teríamos a coragem desses pequenos? Que não escolheram vir para um país diferente? Que deixaram seus amiguinhos no Brasil, o afeto sem fim dos avós e o chamego mais gostoso dos tios e tias? Será que enfrentaríamos sem medo uma sala de aula em outra língua? O recreio de 30 minutos? E o frio? Tá louco, que frio!!! Passar por tudo isso e ainda ser premiado no final é para aplaudir de pé, não?
Sim! Foi exatamente o que fizemos. Tratamos aquele jantar como a premiação do Oscar. Cabelo, roupa, maquiagem…“Carregou a bateria da máquina fotográfica? Cadê o celular? Avisou a sua mãe?”. Estávamos super animados e ansiosos!
O jantar foi bem ao estilo americano: carne desfiada, purê de batatas, vagens cozidas, pão e suco, todos os alimentos foram doados por restaurantes da cidade. Uma longa fila, toda organizada, e um auditório lotado de pais e crianças orgulhosas.
O tema do jantar era o “tesouro da leitura”, então um sósia do pirata “Jack Sparrow”, o famoso pirata do filme “Piratas do Caribe”, fez uma pequena apresentação antes dos nomes serem anunciados. E que satisfação ouvir o nome da nossa filha ser chamado no maior sotaque americano. Gritamos, aplaudimos, choramos, fiz até uma transmissão ao vivo no Facebook… risos!
E a Laura? “Tá tudo bem mãe! Foi bem legal!”. E, finalmente, toda a adrenalina chegou ao fim e assim nossa pequena ganhou sua primeira premiação na escola! A coroação de um ano incrível, cheio de descobertas.
Até que um belo dia, a menina chega em casa com uma placa comemorativa! Ela tinha entrado para o rol de melhores alunos do ano. Olhamos assustados para a Laura e ela na maior paz disse: “Tá tudo bem mãe! Fica calma!”.
1 Comentário
O poder de adaptação dos pequenos é uma coisa incrível,parabéns a Laura por todo o esforço