Você já deve ter ouvido algumas vezes que seu filho é reflexo das suas atitudes e que, portanto, você deve ser exemplo se quiser que sua criança desenvolva qualquer habilidade que seja.
Muitas vezes sabemos o que desejamos para os nossos filhos, mas não entendemos porque ele não se comporta ou não desenvolve habilidades que consideramos tão importantes para que eles tenham uma vida saudável, não só financeiramente falando. Do nosso ponto de vista, estamos educando, falando, oferecendo ferramentas e mesmo assim o resultado é diferente do que nossa expectativa podia prever.
Eu vou te explicar porque isso acontece: porque para entendermos o comportamento dos nossos filhos, temos que, primeiramente, olhar para nós. E não é um olhar-se no espelho e sim um olhar pra dentro. Mexer em sentimentos e emoções que estão empoeirados e trazê-los à tona, analisá-los e ressignificá-los.
E por onde começar? Pelas nossas crenças limitantes e o impacto que elas têm na nossa vida.
Farei aqui uma breve explicação porque essa definição é algo que você já deve ter ouvido mas talvez não compreenda com profundidade o que significa: crenças limitantes são interpretações sobre situações que assumimos como verdadeiras e que, muitas vezes, nos limitam no desenvolvimento de nossas habilidades e regem nosso comportamento. Essas crenças limitantes são passadas de geração para geração. Nossos pais aprenderam com nossos avós e nós com nossos pais.
Percebe a grande oportunidade aqui? Você tem a opção de fazer o mesmo e transferir o que aprendeu para sua criança OU analisar com cuidado o impacto de cada crença na sua vida e decidir o que ainda é válido ou não para, então, ensinar o seu pequeno.
Vale ressaltar aqui que nosso objetivo não é culpabilizar nossos pais e avós e sim compreender que eles fizeram o melhor que podiam com as informações que tinham no momento, com o objetivo de nos ajudar, mas que podemos fazer diferente e de maneira mais consciente, já que hoje temos acesso a mais informações e dados do que eles na época.
Agora, pra te ajudar, vamos falar de dois tipos de crenças que certamente você já se deparou na sua vida e que podem, inclusive, estar te impedindo de alcançar seus sonhos e de cuidar da sua vida financeira de maneira mais adequada: crenças pessoais e crenças sobre dinheiro.
Crenças limitantes pessoais
Crenças limitantes pessoais é tudo o que você acredita a seu respeito: sua capacidade ou merecimento em relação às mais diversas situações. Geralmente são acompanhadas de frases como: eu não posso, eu não consigo, eu não mereço. Elas nos fazem acreditar que temos limitações e que não somos capazes ou não merecemos muitas das coisas que desejamos alcançar.
Crenças limitantes sobre dinheiro
Já as crenças limitantes sobre dinheiro estão relacionadas a maneira como as pessoas se relacionam com o dinheiro e sua vida financeira. São interpretações generalizadas que muitas vezes não fazem o menor sentido se analisadas de maneira racional. Exemplos: dinheiro não traz felicidade, só tem dinheiro quem faz algo ilegal, quem trabalha não tem tempo de ganhar dinheiro e por aí vai.
Como posso mudar isso?
O primeiro passo é fazer uma lista, colocando no papel mesmo, quais dessas crenças fazem parte da sua vida e regem seus comportamentos e suas decisões. Depois disso, olhe para cada uma delas de maneira crítica, analisando se fazem sentido e, indo mais além, como algumas delas têm prejudicado o seu desenvolvimento pessoal e financeiro e, inclusive, como podem estar interferindo na educação de suas crianças.
Questione-se: você gostaria que seu filho tivesse as mesmas crenças e educação financeira que você?
A partir do momento que nos damos conta disso, podemos ressignificar essas crenças e reescrevermos a nossa história e o futuro dos nossos filhos. E ainda podemos desenvolver nossa inteligência emocional como benefício dessa prática. É um trabalho de autoconhecimento que pode ser desafiador, mas que trará grandes resultados.
Por isso, a educação financeira infantil é tão importante. Ela é uma oportunidade de reavaliarmos nossas atitudes para que possamos, de maneira consciente, conduzir a educação dos nossos filhos para um futuro promissor que terá impacto no desenvolvimento do nosso filho como indivíduo e não só financeiramente falando.
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