Adaptação à rotina escolar na Flórida

Adaptação à rotina escolar na Flórida.

Sabe aqueles ônibus amarelos que a gente costuma ver em filmes de sessão da tarde na TV? Sim, eles existem!!!

Esse foi o primeiro pensamento que veio à minha cabeça quando fui visitar a escola em que meu filho iria estudar aqui na Flórida.

Mudamos para uma cidadezinha próxima a Miami, daquelas com ar de cidadezinha de interior mas que, ao mesmo tempo, tem toda a estrutura de uma grande cidade.

E depois de analisar e comparar algumas das principais escolas públicas da cidade, escolhemos a que mais tinha a nossa cara. E quando falo em “ter a nossa cara”, me refiro a algo que nos ajude a nos sentirmos menos perdidos, menos longe de casa.

Escolas em Miami

Por aqui as crianças estudam em escolas próximas às suas casas. A não ser que você consiga uma vaga em uma escola Charter (patrocinada por empresas) ou coloque em uma escola particular, todas as públicas são dessa maneira.

Acabamos indo morar a uma quadra da escola e isso me fez, logo de início, aprender ainda mais sobre como tudo funciona.

As crianças entram às 8h30 na escola e saem todos os dias às 15h00. Exceto as quartas-feiras, quando saem uma hora antes. Isso para as crianças maiores como é o caso de nosso filho, que tem 10 anos. Os pequenos saem todos os dias mais cedo.

Aqui na cidade todas as escolas públicas têm uniforme, e no nosso caso, o meu filho precisa usar um uniforme formal as segundas-feiras, com direito a camisa branca com botões, gravata e calça ou bermuda social. Na sexta-feira é Spirit Day, dia que usam uma camiseta geralmente de alguma cor vibrante (cada escola tem uma cor), essa camiseta também é usada em dias de passeios. Nos outros dias da semana todo mundo usa camisa pólo nas cores da escola.

Vacinação, matrícula e rotina escolar

Antes de começarem as aulas, tive que ir atrás de clínicas pediátricas para atualizar as vacinas e também para fazer os exames que a escola exige.  Só assim poderia ter a matrícula concluída para ele começar a estudar. Por sorte a carteirinha de vacinas dele estava bem completinha para o que costumam pedir aqui, então só precisou de uma vacina de reforço, além do exame de vista e físico. Ano que vem temos que fazer tudo novamente.

As crianças almoçam na escola, e se em São Paulo eu estava acostumada com a lanchonete do colégio, aqui não tem nada disso. O almoço é servido no refeitório da escola. A cada dia tem um prato diferente sempre com opção de um suco ou leite e uma fruta. Não… não é todo dia que tem uma opção saúdavel, tem dias que servem mini hamburgeres ou pizza. Ok, não sou uma mãe radical ou super natureba, mas não estava acostumada com essa cultura tão aberta de junk food na escola.

Miami X São Paulo

Em São Paulo morávamos bem pertinho da escola e íamos caminhando, puxando a mala de rodinhas pelo caminho. Aqui não pode ir para a escola com mala de rodinhas, somente com mochilas nas costas. Para a criança poder usar esse tipo de mala, os pais devem entregar um atestado médico na escola justificando o uso. Cheguei a perguntar na secretaria e me informaram que era por questões de segurança, mas sem me dar muitos detalhes. Então seguimos com as regras.

Já na primeira semana de aula tomei um susto… perdi a hora de buscá-lo. Essa mudança de rotina, junto com todo todas as novidades que vieram nesse pacote me fizeram sair totalmente do prumo. E aí veio a surpresa! Alguém batendo à minha porta…

–       Fe?? O que você está fazendo em casa? Como você chegou aqui???

–       Ué, eu vim andando, como todo mundo! Você não estava lá na porta então eu vim embora…

Confesso que me senti uma péssima mãe e pior… como assim ele veio sozinho? A escola deixou ele sair sozinho?

Sim, aqui as crianças aprendem desde de pequenas a serem independentes. Mas também aprendem a ficar em alerta caso algo de estranho aconteça. E isso eu não estava acostumada. Buscar meu filho na escola seguia um outro ritual, totalmente diferente daqui: vai até o portão, dá um nome da criança para o segurança, espera ele chamar, fica ali no portão esperando seu filho, etc. E aqui me deparei com crianças menores que ele indo embora sozinhas para casa!

Passado o susto, bola pra frente que temos mais coisas para aprender!

Material escolar e livros

Material escolar? Na matrícula recebemos uma pequena lista contendo alguns cadernos, lápis, canetas, tesoura, cola e o famoso binder. Todo mundo usa o tal do binder na escola e fiquei uns bons minutos perdida no Walmart tentando primeiro descobrir o que era isso para depois achar o binder igual ao que estava especificado na lista, precisava ter as medidas iguais ao que a escola pede.  E para quem como eu não tinha a menor ideia do que era um binder… é um fichário.

E aí veio outra surpresa, e os livros? Como assim, não tenho que ir atrás dos livros de leitura, didáticos? Não… os livros são fornecidos pelo governo, e além deles algumas prefeituras também fornecem parte do material básico alguns dias antes do início das aulas.  A prefeitura daqui todo ano faz um evento onde fornece mochilas com esse material para uma quantidade X de famílias. E é só chegar no local um pouco antes para entrar na fila e participar.

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Voluntária na escola

Me inscrevi como voluntária na escola e descobri que as mães por aqui seguem isso bem a sério.  São voluntárias para acompanhar nos passeios, ajudam nas feiras de livros, ajudam na entrada e saída da escola com o embarque e desembarque das crianças. Existem uma comissão com diretoria e membros de diversas categorias formada por pais para organizar eventos e cuidar de melhorias para a escola. E todos se empenham para ajudar a escola, isso vai desde a venda de pizza para arrecadar dinheiro para um novo parquinho até festas temáticas, que as crianças para participar pagam um valor simbólico pelo ingresso.

Ah, ainda sobre as vacinas, essa semana as crianças receberam a de gripe na escola, bastava apenas enviar a autorização assinada, sem custo algum.

Aprendendo com o novo

Ainda estamos aprendendo muito sobre como é tudo por aqui, mas a escola tem sido uma ótima experiência. Tenho aprendido a ser menos encanada para algumas coisas, e a ser mais preocupada com outras. Tudo é muito diferente, não dá para comparar com o Brasil e dizer que aqui é melhor ou não, pois são culturas bem distintas. A cada dia surge algo novo.

Se me perguntam se o Fe já se adaptou? Acho que ele foi quem menos sofreu com todas essas mudanças. O bom das crianças é que muitas vezes eles quebram certas barreiras que para nós precisariam ser quebradas com britadeira…

Só mais um detalhe, por ser uma região que tem muitos hispânicos, as escolas também ensinam espanhol. Mas temos uma escola charter aqui que também tem turmas em português pois a nossa comunidade é grande na região. Mas a forma de inscrição dessa escola é através de sorteio devido à grande procura por vagas.