Adaptação escolar no México
“O ser humano se adapta a tudo nessa vida!”
Queridas Mominhas e queridos Dadinhos, sim, é a mais pura verdade esta frase em destaque acima, que dizia meu ortodontista cada vez que apertava meu aparelho causando aquela dor, literalmente, de ranger os dentes.
Poucos dias depois que começaram as aulas da minha filha, encontrei esta etiqueta fofa grudada em uma das prateleiras do meu closet. Era a pequena já tratando de criar seu próprio idioma transformando-o em algo mais acolhedor e confortável para o seu dia a dia.
Sendo o tema de hoje adaptação escolar, eu não poderia deixar de fora este primeiro sinal de que as coisas caminhariam bem neste quesito.
Preocupações com a adaptação
Como somos uma família minúscula: papai, mamãe e filhinha (de 9 anos), tivemos muita preocupação de como seria para a nossa pequena adaptar-se em uma nova escola, sem nenhuma referência, sem nenhum amigo e sem irmão para gritar por socorro se necessário ou ficar grudadinha caso ninguém se aproximasse. Tudo seria por conta dela!!! Claro que minha profissão me ajudou muito a planejar e organizar todo esse trajeto, mas confesso que, como toda mãe, tive meus momentos de pavor.
Sou psicóloga e trabalhei até a nossa partida do Brasil com terapia infantil e orientação de pais. Além de ter prestado serviços como psicóloga perita forense para a Vara da Infância e Juventude. Deixei o Brasil e tive que me afastar da Psicologia, mas em nenhum momento a Psicologia se afastou de mim!
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Bom, aterrizamos no México (parte II, porque a parte I foi quando moramos aqui de 2004 a 2008 sem filhos), em janeiro deste ano junto com os Reis Magos: dia 06/01. Escrevo isso porque esta é uma data esperadíssima pelas crianças por aqui. É o dia em que elas ganham seus brinquedos mais desejados! No dia de Natal elas também ganham presentes, mas são mais comuns como roupas, sapatos, um brinquedo não “tão importante”… Os brinquedos mais fantásticos, não são trazidos pelo Santa (assim se referem ao Papai Noel aqui no México) e sim pelos Reis Magos. Interessante, né? Saber disso ajudou bastante para que nossa chegada em terras estrangerias fosse mais divertida.
Chegamos por aqui com a grande festa e alegria do Dia de Reis mas assustados porque logo logo teríamos que enfrentar o primeiro dia de aula: que medo e quanta ansiedade! Não só por parte da pequena, mas também da nossa parte apesar de termos feito muita lição de casa.
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A partir daqui contarei para vocês o que fizemos para que o processo de adaptação da minha filha na nova escola fosse o mais amistoso e tranquilo possível, facilitando assim sua aproximação e aceitação a nova cultura, ao novo idioma e aos novos amigos.
Abaixo, transformei em tópicos como planejamos cada etapa que orientou o nosso caminhar:
- – Informar a Criança sobre a Mudança
- – Informar a Escola Atual da Criança
- – Visitar a nova Escola
- – Desenvolver Novo Networking
- – Participar da Escola
- – Agendar Play Date
Informar a Criança sobre a Mudança
Lá atrás, quando soubemos que aconteceria nossa mudança de país, a primeira coisa que fizemos foi conversar com nossa filha a respeito. Levamos em conta as características pessoais da nossa menina, como por exemplo: forma inflexível de agir frente as novidades e as mudanças e, por esta razão, decidimos informá-la desde sempre sobre o grande “evento” que aconteceria em nossas vidas.
Ela é uma criança que gosta de tempo para pensar, planejar e tratar sobre determinados temas, como: viagens de férias, reformas em casa, festa de aniversário… Por isso não queríamos que ela fosse pega de surpresa e, de repente, as pressas, tivesse que mudar de casa, de escola, de amigos, de idioma e de cultura.
Ao contar sobre nossa mudança, esperamos a reação dela de espalhar a notícia aos amigos e, quando isso acontecesse, seria um sinal de que ela já se sentiria “a vontade” em falar sobre o tema de viver em outro país.
Seguimos com o passo seguinte.
Informar a Escola Atual da Criança
Comunicar a escola no Brasil foi fantástico. Ao informar a escola tivemos dois tipos de apoio: o afetivo/emocional e o prático/operacional.
Quando os amigos souberam da saída dela da escola, foi muita tristeza como era de se esperar. Todos choraram muito, uma amiguinha chegou a oferecer trabalho novo ao meu marido para que ela pudesse continuar na escola e no Brasil (VONTADE DE MORDERRRR ESSAS CRIANCAS!!)
Óbvio que, com toda essa comoção, ela se fechou e não queria mais tocar no tema. Foi punk!!! Dias sem fim de stress e revolta total: raiva, choro e auto piedade do tipo: “por que comigo?”
Mas quando a deprê estava no auge, as professoras entraram em ação e fizeram um trabalho incrível na escola promovendo muitas conversas sobre o novo país e todas a novidades que encontraria pela frente. Foi maravilhoso ver o interesse dela em pesquisas para contar aos amigos onde viveria, que idioma falaria, que costumes tinham as pessoas, o que comiam, com o que as crianças brincavam, etc.
Como a escola onde ela estudava no Brasil é internacional, eles puderam nos ajudar indicando escolas no México que tinham a mesma metodologia de ensino e filosofia de trabalho. Foi nesse momento que, por fim, entendemos os benefícios de se escolher uma escola com certificado IB para uma criança multicultural estudar. Até então, para nós, o IB era apenas mais uma sigla do universo acadêmico.
Como existia um bom vínculo entre criança e escola, explicamos para ela que, levaríamos em consideração a indicação da sua escola no Brasil para escolhermos a nova escola no México. E, acreditem, isso causou na pequena um alívio e uma segurança impressionante, a ponto de deixá-la aberta e curiosa para visitar sua futura escola. Nesse momento estávamos prontos para o próximo desafio:
Visitar a Nova Escola
Visitar as novas escolas, foi bem cansativo, mas muito importante. Tínhamos apenas uma indicação da escola mas também procuramos outras opções “just in case”. E, claro que, ela estava aberta e ansiosa em conhecer apenas uma.
Quando chegamos na escola indicada, tudo correu bem: ela fez a entrevista, provinhas, foi conhecer o espaço físico e se encantou com tudo. Porque realmente o “jeitão” das escolas internacionais e com esse certificado é bem parecido.
Saímos todos da escola animados, confiantes e felizes com o lugar. Nesse momento estávamos todos já imaginando e desejando viver essa nova experiência.
Apesar da entrevista ter sido num idioma relativamente novo para ela e complicado e a prova ter sido somente de matemática e bem difícil, não foi isso que ela guardou. Ela estava aberta a experimentar, a viver esta aventura e, principalmente, a querer gostar dessa nova fase. E, todos sabemos, que estes sentimentos, movem montanhas e suavizam a trajetória.
Desenvolver Novo Networking
Esse item para mim funciona como oxigênio. Assim que soube que nos mudaríamos, absolutamente, toda indicação que eu recebia, eu entrava em contado para pedir dicas e ajuda. Era uma pessoa me indicava a outra que indicava a outra. E isso foi de fundamental importância para um início mais suave da minha filha na nova escola.
Um dos meus novos contatos já tinha sua filha na escola que escolhemos e por ela soubemos que havia mais 6 brasileiras na mesma série. Ou seja, sim ou sim iria existir uma referência brasileira para a pequena nos primeiros dias de aula.
Só soubemos disso e pudemos informá-la graças a velha e boa comunicação e ao novo e megablaster fabuloso WhatsApp.
Bom, foi também através desse contato anjo que aprendi e me informei sobre varias coisas da escola nova. E quanto mais eu sabia e aprendia sobre a nova vida escolar, mais eu podia explicar e preparar a pequena. E assim o medo vai se enfraquecendo e a informação e a segurança vão ganhando forca.
Participar da Escola
Bom, nesse momento, o primeiro dia de aula, ou os primeiros dias de aula aconteceram e a gente nem sentiu. O stress, a revolta, a tristeza, a magoa foram sumindo dando lugar a curiosidade, ao novo e a muita informação interessante e diferente. O medo de nunca mais ter amigos, deu espaço as novas amizades somadas as amizades antigas e é nessa hora que brota o sentimento de que o amor se multiplica e não se divide.
Mas tudo é muito recente ainda e, portanto, frágil. Por isso acredito na importância da nossa participação na escola. Ao participarmos da escola, de certa forma, trilhamos os mesmos passos das nossas crianças e conseguimos entender melhor tudo o que eles passam. Mas também ganhamos força, conhecimento e energia para encoraja-los quando necessário.
Na escola nova podemos encontrar novos amigos, sempre haverá alguém disposto a te mostrar o caminho das pedras, você ficará mais perto do idioma e da comunidade escolar que seu filho está inserido, vocês farão parte do mesmo mundo e isso é enriquecedor para todos: pais, criança e escola.
A cada evento ou participação escolar você agrega contatos, você conhece mais pessoas e você por fim descobre que tem um grupo de mães da sala do seu filho no WhatsApp. Não diga que você não aguenta esses grupos porque é inevitável, temos que aguentá-los porque, pelo menos no início, será a sua maior fonte de informação sobre o novo universo escolar.
Agendar Play Date
E por último, a dica de ouro e mais divertida dada por uma amiga amada: “Vi, assim que as aulas começarem, marque um Play Date (dia de brincadeira)”.
Essa amiga, mãe experiente, me deu a ideia de reunir, na minha casa, as crianças da classe da minha filha para um dia de brincadeiras e, com isso, promover uma aproximação mais forte entre as crianças da sala e os pais.
Não consegui convidar todas as crianças da sala nesta tarde que planejei para brincadeiras. Mas, para o seu aniversário, todas as meninas da sala foram convidadas. Além de ter sido uma folia, observei que as brincadeiras e o aniversário serviram, e muito, para aproximar minha filha das outras crianças e também para me aproximar de várias mães. Demais!!
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Finalizando, Mominhas e Dadinhos, todo esse planejamento foi pensado com cuidado e carinho para que a adaptação escolar, de um ser tão pequenino ainda, acontecesse naturalmente, de uma maneira que a criança pudesse, com leveza, aproveitar ao máximo os benefícios dessa mudança.
Não foi nada simples ou fácil como pode parecer no texto. Foram infindáveis momentos de altos e baixos, de repensar, de refazer e de reanalisar.
Mas, o mais importante dessa trajetória foi viver cada passo acreditando que tínhamos um plano de amor, e que esse plano visava, o tempo todo, o bem-estar de todos! Por isso, tinha tudo para dar certo.
3 Comentários
Amei o texto !
Linguagem direta e muito astral que encoraja qq mãe a seguir todinhas as dicas de ouro 🔝🔝🔝🔝🔝
Bjos e muito sucesso 🎊🎊🎊Querida Vivian Galbes
😘😘
[…] Leia também: Adaptação escolar no México […]
Oi Vivian, tudo bem?
Talvez tenhamos que realizar esta mudança para o México também, eu tenho um filho de 2 anos e meio e uma filha de 7 anos. Gostaria de indicação de escolas em que os dois possam estudar juntos.
Obrigada!!