Um dos momentos mais aguardados na maternidade, que mais traz ansiedade para ambas as partes, na minha opinião, é a entrada na escola. A Mariana Francischini já compartilhou aqui a experiência dela e as observações feitas durante a adaptação da filha na creche aqui na França. Agora chegou a minha vez!
A decisão de colocar na escola
No Brasil, não tivemos a necessidade de colocar nosso filho na escola assim que minha licença maternidade acabou, já que meus horários de trabalho eram flexíveis e minha mãe poderia cuidar dele facilmente – meu trabalho era bem próximo à casa dela.
Assim que soubemos que iriamos mudar para a França, falamos da vontade e necessidade do nosso filho ir à escola o mais rápido possível, tanto por ele quanto por mim. Para ele, pensamos que seria bom pela socialização com outras pessoas e também pelo contato com o novo idioma; para mim, para que eu pudesse ter um tempo de me cuidar, focar em mim.
Quando alugamos nosso apartamento (e assim tivemos um endereço), começamos todas as burocracias da vida na França, entre elas, a inscrição na creche. Dirigi-me à Mairie (um tipo de subprefeitura) da nossa cidade e me indicaram que a inscrição era na Mairie Annexe (mairie de bairro), no setor Petite Enfance (primeira infância).
Marquei meu rendez-vous (agendamento, compromisso) lá, e obtive todas as informações necessárias. No texto que citei acima, a Mariana explica os tipos de cuidados que existem na França, e como eu não trabalho fora, seria mais difícil conseguir uma creche (tempo integral) e sim mais fácil uma halte-garderie (meio período por até 3 dias na semana). Para a halte-garderie é necessária a inscrição no local – logo, peguei a lista de instituições na cidade e me dirigi a todas elas.
Passei um perrengue, já que algumas era só por telefone! Não havia vagas, logo, o meu filho ficou na lista de espera. Já estava quase desistindo de colocá-lo na halte, pois nunca recebia a ligação de confirmação. Até que quase 1 ano depois da inscrição, me ligaram de uma delas: finalmente tinham uma vaga para ele! Leia aqui sobre a falta de vagas em creche na França.
O início da adaptação
Na ligação que nos informava da vaga, a diretora me pediu agendarmos um horário para conversarmos, preenchermos os papéis e também conhecermos o espaço. Meu filho adorou as instalações, queria já ficar lá no dia que fomos!
No dia combinado, nos dirigimos à creche e lá recebi as instruções de como seria feita a adaptação do meu filho ao ambiente e também ao fato de se separar de mim: seriam duas semanas indo junto a ele. A partir do terceiro dia, começaríamos a fazer pequenas separações, começando por 30 minutos antes da refeição, até chegar ao momento de despedida na chegada ao local.
Ele amou tudo o que viu lá, interagiu super bem com as cuidadoras e fez amizades rapidamente: sucesso imediato! Ou foi só o que pensei…
No terceiro dia, no qual faríamos a primeira separação, veio a surpresa: meu filho teve uma dificuldade enorme, não aceitou a minha partida. Foram 30 minutos de separação antes do almoço, e quando voltei, ele estava super nervoso, mal respirava de tanto chorar. Bom, é normal, certo? Mas com o passar dos dias, não houve evolução e ao final de três semanas (fizemos uma semana a mais de tentativa de adaptação), ele não estava pronto, não aceitava a minha partida. E assim, pedimos ajuda à psicóloga da creche.
O acompanhamento
Em tempo, não havia mencionado que assim que demos entrada na creche, a pediatra, a psicóloga e a psicomotricista marcaram uma consulta para observar e analisar o meu filho, e me fazer perguntas para conhecê-lo melhor. Nesses encontros me foi dito que se tivesse qualquer problema e/ou dúvida, podia pedir mais encontros. E foi isso que fiz, já que vi que meu filho estava com dificuldades na adaptação.
Chegado o dia marcado, sentamos com a psicóloga, conversamos bastante, expliquei o que me afligia, como estavam sendo os dias do meu filho (ama a creche, mas não suporta que eu saia). Depois da conversa, fomos para a creche, para que ela pudesse obeservar meu filho e como ele interagia com o espaço e com as outras pessoas: para a surpresa dela, ele não ficou nem um pouco grudado comigo, e sim foi brincar com as outras crianças e longe de mim.
Leia também: A importância de fazer uma pausa na rotina
Com isso em mente, ouvi da psicóloga algo que me tocou profundamente: ele está pronto para a creche, quem não está sou eu. E, assim, meu filho se preocupa que eu estarei sozinha enquanto ele se diverte, por isso insiste que eu fique lá também. Confesso que foi difícil ouvir isso, já que faz todo sentido: nos mudamos, deixamos família no Brasil, meu marido viaja bastante a trabalho, então sempre somos nós dois “contra” o mundo. Mas não posso deixar a minha solitude atrapalhar o desenvolvimento do meu filho, certo?
Recebi como recomendação me motivar, buscar algo que realmente me deixe feliz, que me empolgue, para que assim meu filho sinta que a mae estará bem. Dessa forma, ele não precisará “cuidar” de mim. Preciso dizer, no primeiro dia após a visita da psicóloga, tendo conversado bastante com meu filho e colocado na minha mente que preciso me cuidar, as coisas parecem já ter funcionado: 1 hora sozinho na creche sem chorar! (vamos torcer para que continue assim né?)
Bom, não é fácil perceber que seu bebezinho não é mais tão “inho”, que muitas “últimas vezes” estão a caminho. Porém precisamos lembrar que sempre teremos muitas “primeiras vezes” pelo resto da vida. Focar no bem-estar e desenvolvimento do seu filho é bom, mas foque também em você: momentos só seus, para se cuidar, fazer algo que te motive… isso não tem preço!
O binômio mãe-bebê só tem a ganhar com os dois tendo novas experiências e investindo um tempo em si mesmo.
Até a próxima! (Ah! Caso queira ler sobre a próxima etapa, a escola maternal, sugiro esse texto aqui)
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