A importância do armário nas escolas americanas
“O meu próprio armário… Não acredito!”. Esta foi a frase que a Laura “soltou” ao receber a notícia de que teria o seu próprio armário na escola.
Ela tem um armário até grande, gavetas nas cômodas, uma pequena sapateira e uma mesa para fazer seus desenhos… Tudo isso no quarto dela. Agora, na escola? Na escola é diferente. Na verdade, para a Laura a escola é quase uma outra dimensão. E ter um armário só para ela nesse espaço tão público era simplesmente o máximo!
Mas antes deixe-me explicar algo.
Chegamos nos EUA em dezembro de 2015. Nossa filha, Laura, havia acabado de completar os seus 10 anos. Ela tinha terminado o 3º ano do Ensino Fundamental no Brasil. Como o ano escolar aqui termina em maio, ela precisou fazer mais cinco meses na mesma série para só então passar para o 4º ano. Achamos esse “atraso” muito benéfico, porque deu à Laura o tempo exato para aprender a língua. Mas sigamos em frente, pois explico melhor tudo isso no decorrer do texto.
Ela nunca teve um armário na escola antes. Daí a causa de tanta euforia…
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Andamos o longo corredor com a Laura saltitando em nossa frente. E na fileira sem fim, na penúltima portinha, far, far away… Lá estava o nome dela. Enfim, o armário no qual ela guardaria os segredos estudantis daquele ano tão desafiador.
Sim! Digo desafiador porque era o primeiro ano da Laura na escola nova. No começo da primavera de 2017, compramos nossa casa e mudamos para Findlay no verão. Antes disso, moramos 1 ano e meio na pequena vila de Bluffton, com pouco mais de 4 mil habitantes. E foi nesse ambiente tão protetor que nossa filha aprendeu o inglês.
Estávamos começando novamente… Um recomeço dentro de muitos começos!
A Laura teria que se adaptar aos novos professores, fazer novos amigos, guardar e tirar os materiais de dentro do armário…
“Era muita responsabilidade!”, ela dizia.
Meu esposo e eu fingíamos naturalidade, mas por dentro estávamos tão assustados quanto ela. Como será que vai ser? Será que ela vai gostar? Será que vão gostar dela? Será que ela vai dar conta? E se não conseguir? O que vamos fazer?
Confesso que, passamos uma boa parte da noite anterior ao primeiro dia de aula discutindo essas questões e tentando buscar uma alternativa caso tudo desse errado. Mas… O resultado do ano letivo deixarei para contar na nossa próxima aventura.
Pertencimento e ambientação
Não sabíamos que um armário escolar pudesse ser tão “fashionista”. De repente, o corredor que antes estava vazio foi tomado por crianças e pais desesperados em busca da “porta perdida”. E nas mãos das meninas caixas com organizadores, bloquinhos magnéticos, calendário e canetinhas com apagador. Juro a vocês que vi até um pequeno lustre roxo e pensei: “Puxa, o pessoal leva a sério mesmo esse negócio de armário por aqui!”
Como bons imigrantes, não tínhamos a menor ideia de que nossa filha precisaria dessas coisas e como sempre Laura, “a rainha da praticidade”, disse: “Mãe, acho que não preciso de nada disso!”
Mas… sabe como é! Não queremos que nossos filhos sintam-se desambientados por não terem se quer um pequeno espelho magnético fixado na porta do armário. “Afinal, aquilo era uma armário escolar, né? Era muita responsabilidade!”. Eu pensava.
O marido olhou para a Laura, toda feliz segurando a porta de ferro entre as mãos e disse: “Compraremos tudo amanhã!”
Então, no outro dia saímos para providenciar todos os aparatos para o armário novo. Acredito que se minha mãe estivesse conosco teríamos feito até uma capa de crochê para o coitado. E, assim, minha filha ganhou seu primeiro armário, o primeiro de muitos que ela com certeza terá em sua vida!
Ah! Apenas a título de informação. A Laura pediu para avisar que: o espelho cai toda hora, os organizadores ocupam muito espaço e o calendário não deu tempo de usar.
“Ufa! Ainda bem que não comprei o lustre!”
2 Comentários
Nossa, como sempre seus textos maravilhosos! Amei dimais!
Arrasou amiga. Adorei o texto, suas experiências são demais.👏👏👏👏