O privilégio de ser mãe em tempo integral
Desde sempre eu quis ser mãe. Lembro-me que quando tinha nove, dez anos de idade, eu brincava de boneca com as minhas primas e falava que quando crescesse eu queria ter três filhos e adotar um. Eu cuidava muito bem do “Meu Bebê”, que era uma boneca da Estrela que tinha ganhado de Natal. Eu passeava com ela, dava mamadeira, comidinha, trocava fralda e dormia abraçadinha com a Agatha. O meu bebê se chamava Agatha e eu era sua mãe em tempo integral. Eu achava esse nome lindo e falava que se algum dia eu tivesse uma filha, esse seria o nome dela.
Os anos passaram, eu cresci e quando estava fazendo faculdade de Enfermagem, decidi que me especializaria em UTI-neonatal e pediatria, pois a minha paixão por bebês e crianças era tanta, que eu iria cuidar só destes pacientes. E foi assim que durante oito anos da minha vida eu trabalhei em renomados hospitais do Brasil, como o Hospital São Paulo, o Instituto da Criança (Hospital das Clínicas-USP) e a Maternidade Municipal de Contagem só cuidando de bebezinhos. Eu amava muito os meus pacientezinhos e os cuidava com tanto amor e carinho como se fossem meus filhos. Os filhos que eu ainda não tinha, mas que já sonhava em ter!
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Eu trabalhava muito e pedia a Deus que um dia tivesse uma família estruturada e condições financeiras para cuidar da mesma, para ter o privilégio de ser mãe em tempo integral. Eu não queria ter que deixar as minhas crianças na creche ou com uma babá. Eu queria educar os meus filhos e desfrutar cada momento com eles. Esse sempre foi o meu sonho.
Eu me casei no dia 6 de dezembro de 2009, foi um dos dias mais lindos da minha vida. Na festa do casamento, mostramos um vídeo animado da história do casal e prevendo o futuro de eu ficando grávida e contando a novidade para o Eric. Foi demais esse vídeo.
Nem tudo acontece como nos contos de fada
Assim que casei, não utilizei nenhum método contraceptivo. Eu não via a hora de engravidar e realizar o meu sonho de ser mãe. Mas esse sonho parecia ser impossível. Eu demorei mais de um ano para engravidar e quando isso aconteceu, sofri um aborto espontâneo quando eu estava com oito semanas de gestação. Lembro como se fosse hoje, dia 11 de março de 2011. Foi sem sombras de dúvidas o dia mais triste da minha vida. Eu e meu marido já amávamos bastante aquele serzinho e choramos muito a sua perda. Depois desse ocorrido, eu fiquei muito deprimida e temerosa em não ser mãe.
Como eu não engravidava, decidi procurar ajuda de um médico especialista em fertilização e fiz o procedimento da fertilização in vitro. Fiquei devastada, pois fiz duas tentativas e o resultado deu negativo. Já estava totalmente sem esperança de gerar um filho e realizar o sonho de ser mãe. E para piorar ainda mais a situação, todo lugar que eu ia, via mães, bebês, crianças. Achava tão lindo um casal com filhos. Aqui nos EUA, os americanos gostam de ter família grande, as mulheres têm entre três a quatro filhos e eu não tinha nenhum. Chorava muito e me sentia tão vazia. Eu tinha tudo para ser feliz, um marido que me amava, bens materiais, mas não tinha o que considerava mais importante, que era ter um filho!
Enfim a desejada gravidez
Eu já estava a ponto de cometer uma loucura. Disse para o meu marido que se eu não engravidasse naquele ano (2012), eu iria procurar uma barriga de aluguel ou adotar uma criança. Ele não queria nenhuma das duas hipóteses. Mas eu disse para o Eric que o meu desejo de ser mãe não concretizado estava acabando comigo. A minha família e as minhas amigas íntimas, que sabiam da minha angústia, oravam muito por mim e suplicavam a Deus para que eu engravidasse. Foi aí que, em junho de 2012, eu descobri que estava grávida.

O sonho da maternidade. Foto Calaça Photography – instagram: @calacaphotography
De repente a alegria tomou conta de mim, eu vivia 24 horas pensando no meu bebê e curtindo cada segundo da minha gestação. O meu marido sempre quis ter um menino e ficou super feliz quando descobrimos que seríamos pais de um menino. Foi difícil escolher o nome, mas uma vez escolhido, eu achava o nome mais lindo do mundo: Noah. Escolhi este nome porque a pronúncia seria fácil tanto aqui nos EUA, como no Brasil. Não queria que a minha família ou amigos do Brasil tivessem dificuldade para falar o nome do meu filho. E no dia 26 de janeiro de 2013, senti a maior emoção, amor e alegria do mundo com o nascimento do Noah. Aquele bebê tão lindo e fofo que me fez ser mãe!
E me tornei mãe em tempo integral
Depois do nascimento do Noah, Deus me abençoou grandemente e me deu duas princesas lindas: a Agatha e a Alice. Eu não tenho palavras para descrever o quanto eu amo as minhas crianças. Elas dão para mim e para o meu esposo um amor e uma alegria sem fim. Somos mamãe e papai corujas assumidos (rs). Eu as amo tanto que elas me inspiraram e motivaram a escrever um instablog materno, o @myprecious_kids, onde compartilho muito amor e as minhas experiências materno-infantil.
Antes dos meus filhos, a minha vida não fazia sentido. Hoje em dia me sinto uma mulher completa e realizada. Eu vivo por eles e me sinto privilegiada por ser mãe em tempo integral. Amo estar sempre com o Noah, a Agatha e a Alice. Não existe dinheiro nenhum no mundo que pague presenciar cada fase de descoberta deles: o primeiro rolar na cama, o primeiro engatinhar, as primeiras palavrinhas, os primeiros passos, a primeira apresentação de balé, a primeira luta de jiu-jitsu, a primeira cantata de Natal na igreja. Eu estive presente em todas estas etapas e, como toda mamãe coruja, chorei de emoção.
Infelizmente, muitas pessoas não valorizam o trabalho, carinho e dedicação que uma mãe em tempo integral realiza. Já fui humilhada e desmerecida por algumas pessoas que disseram que “eu não trabalhava”, que era uma dondoca sustentada pelo meu marido ou que eu era louca por ter abandonado as duas profissões que eu tinha antes de ser mãe (enfermagem e bacharel em direito). Apesar de ser inconveniente, eu não me importo com a opinião destas pessoas. Eu e o meu marido sabemos o que é melhor para a criação dos nossos filhos e só vemos benefícios em eles serem educados por nós e não por uma babá ou creche. Eles ainda são pequenos, mas vemos que estamos no caminho certo. Na escola, só recebemos elogios sobre as nossas crianças e quem os conhece sabe que eles estão crescendo com valores e muito bem educados.
Finalizo dizendo que a minha melhor profissão é sem sombras de dúvidas ser mãe do Noah, da Agatha e da Alice. Se você é mãe em tempo integral como eu, não se sinta desvalorizada. Pelo contrário, sinta-se honrada. Você tem a mais nobre profissão deste mundo. Isso é um privilégio! Desfrute cada segundo com o seu filho(a). Não existe alegria maior e isso só traz benefícios para ambas as partes.
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1 Comentário
[…] Eu sempre quis ser mãe, sempre fui apaixonada por bebês e crianças. Por isso eu era enfermeira neonatal, amava cuidar dos meus pequenos pacientes. Não via a hora de casar e ter filhos. Infelizmente, nem tudo acontece como nos contos de fadas. Antes de realizar o sonho de ser mãe, eu sofri um aborto espontâneo. Por causa disso eu fiquei muito depressiva e demorei quase um ano e meio para engravidar novamente. Para ler mais sobre a minha história, clique aqui. […]