Exercitando a empatia, gentileza e compaixão com nossos filhos
Como mãe em tempo integral, eu e as crianças fazemos praticamente tudo juntos. Em um certo dia em que eles não tiveram aula no jardim de infância, decidimos que (como não havia muita alternativa) iríamos todos para a academia. Afinal de contas, mamãe precisava queimar as calorias que estavam em excesso.
Foi neste dia, que encontramos uma cadeirante. Ela subia com dificuldade uma rampa íngreme. Ela vinha no sentido oposto ao nosso e antes de passarmos por ela, percebi que ela tentava chegar a algum lugar para se segurar, pois sua cadeira descia ao invés de subir. Foi quando disse aos meus filhos para acelerarmos, porque aquela moça precisava de ajuda. Então, as crianças e eu “apertamos o passo” para alcançá-la.
Chegando próximo a ela, perguntei se precisava de ajuda e logo ouvi que sim. Pedi as crianças que me esperassem e subi com a moça até aonde ela queria. Quando voltei para buscar meus filhos e continuar o trajeto para a academia, fui questionada sobre o porquê da minha atitude. E foi assim que começamos a conversar sobre ser empático, ser gentil e a termos compaixão uns com os outros.
Por onde comecei
Confesso que precisei ler sobre cada uma dessas ações para poder entender melhor e por em prática, tanto em mim quanto com as crianças.
Eu entendia que cada ação se fechava em si mesma e todas elas compunham uma qualidade ou estado do ser humano. Mas estudando mais sobre o assunto, pude aprender que empatia, gentileza e compaixão são degraus de comportamento que precisam ser treinados em nós. Devem também ser passados para nossos filhos e treinados por eles também.
Para melhor exemplificar o que estou escrevendo aqui, irei pontuar essas três ações que produzem efeitos não somente na saúde mental, mas na nossa saúde em geral, segundo estudos na área de Psiquiatria.
Empatia, Gentileza e Compaixão
Empatia é a ação de nos colocarmos no lugar do outro. Porém, podemos ter empatia, mas não ajudar a ninguém. Podemos nos sensibilizar, mas não mudar a realidade do outro.
Gentileza é a ação de fazermos algo, não para mudar uma situação na vida do outro, mas sim para tornar aquela situação vivida em algo um pouco melhor. São exemplos de gentileza quando damos um abraço em alguém triste, ou quando oferecemos uma flor ou mesmo esboçamos um sorriso para uma pessoa. Tudo isso faz parte da gentileza e não tira o outro de uma situação ruim, mas ameniza aquele momento.
Já a compaixão é a ação efetiva, ou seja, a atitude de fazer algo para mudar a situação desconfortante do outro.
Leia também: Saúde mental dos adolescentes e jovens adultos na Inglaterra
De acordo com a evolução do homem, o nosso instinto ficou muito mais desenvolvido devido a necessidade de sobrevivência. Com isso nossos circuitos cerebrais mais aguçados são os da luta/violência, da disputa de território e de atender as nossas necessidades físicas e emocionais prioritariamente. Esses traços de comportamento acabam sendo mais marcados e podem acabar prevalecendo em nossas atitudes sociais.
Por meio de estudos na área de saúde mental, entendeu-se que as três ações – empatia, gentileza e compaixão – possuem neurotransmissores diferentes no cérebro e que os mesmos precisam ser estimulados. Esses circuitos “do bem”, tanto para nossa saúde quanto para uma sociedade saudável, precisam ser mais amplamente utilizados no dia a dia. Eles precisam fazer parte do nosso cotidiano.
Então, como treinar essas ações?
Percebo que após entendermos o significado de cada uma delas, podemos aos poucos inseri-las no nosso dia a dia. O mais indicado é que seja de forma simples, natural e gradual, gerando um efeito benéfico no todo.
Pensando na criação dos nossos filhos, por exemplo. Há momentos nos quais estamos cansadas e sem querer interrompemos algum fluxo de forma brusca e autoritária. Afinal de contas, somos mães e sabemos o melhor para eles, mas para ensinarmos o respeito ao outro, precisamos respeitá-los primeiro.
Não estou dizendo que respeitar a criança é sinônimo de deixá-la sem orientação. Mas quero ressaltar que a partir do momento que somos respeitosos com nossos filhos, transmitir um conceito, fica muito mais concreto e fácil de ser assimilado e principalmente exercitado futuramente.
Para isso, entendo que quando somos empáticos e explicitamos essa ação para os nossos filhos, nós nos colocamos no lugar deles. Também podemos lembrar que quando tínhamos aquela idade, nossos sentimentos talvez pudessem ser igualmente confusos. Nós também passamos pelos mesmos desafios e quando expomos isso a eles, através de uma boa conversa, estabelecemos uma compreensão mútua, além de reafirmar valores que irão beneficiar a saúde de todos.
Como é o trabalha nas escolas alemãs
Já existe um movimento nas escolas de treinar a inteligência socioafetiva (que é diferente da inteligência emocional). No jardim de infância dos meus filhos, por exemplo, as turmas não são divididas por faixa etária. Todas as crianças usam o mesmo ambiente, dividindo o mesmo espaço. Através do convívio, aprendem a se respeitar mutuamente, aprendem a ajudar ao colega, aprendem a ter paciência com os mais novos, entre tantos outros aprendizados.
Nesses dias postei em uma rede social, uma ideia que tivemos para exercitarmos a gentileza como expressão de gratidão. Meus filhos se despediram de suas respectivas educadoras devido às férias e nosso desejo era agradecê-las por se dedicaram a eles. Então, juntos, escolhemos como iríamos agradecer. Confeccionamos algumas lembranças com dizeres que desejassem boas férias e que expressassem a gratidão por terem sido orientados por elas. Através de um simples presente, eles puderam agradecer e fizeram com que elas se sentissem reconhecidas por toda a dedicação.
Mais um exemplo prático
E por último quero deixar aqui um exemplo que assisti no canal da psicóloga Mayra Gaiato. No vídeo publicado sobre empatia (clique no nome da psicóloga), ela fala como exercitar a sensibilidade nas crianças, ensinando-as a se colocarem no lugar no outro por meio da vivência. Um exemplo é a rotina de um coleguinha cadeirante. No raciocínio infantil, estar sentando não é tão ruim e para isso ela propõe um exercício. Estimule a criança a ficar 20 minutos sentada, para exemplificar como é a vida do colega cadeirante. Esse treino dará a noção de como o colega se sente . Lembre-se de deixar disponível tudo aquilo que a criança pode pegar, porém sem poder levantar-se para tal.
Percebo que trazer situações, de forma carinhosa, onde a criança não imagina como o outro se sente, para serem vivenciadas por ela, torna-se fundamental. Estimular atitudes e principalmente ter um relacionamento com seu filho de forma bem sincera, são ações que darão base para a apreensão daquilo que desejamos construir junto a eles para um futuro saudável.
8 Comentários
Achei ótimo teu texto, acho que sempre é bom nos questionarmos porque mesmo quando pensamos que somos empáticos, se nos observarmos melhor perceberemos várias situações no dia-a-dia onde agimos de acordo com nossas vivências, com nossas crenças e nem pensamos que as coisas podem ser diferentes do ponto de vista do vizinho. E ensinar os filhos a se colocar no lugar do outro deveria ser nosso dever de casa diário! Obrigada por nos lembrar!!
Obrigada, Zandra! É isso mesmo!
[…] Leia também: Exercitando a empatia, gentileza e compaixão com nossos filhos […]
[…] mais Exercitando a empatia, a gentileza e compaixão com nossos filhos e Maternidade e imigração: é preciso se […]
[…] Leia também: Exercitando a empatia, gentileza e compaixão com os nossos filhos […]
[…] Leia também Exercitando a empatia, gentileza e compaixão com nossos filhos […]
[…] também: Exercendo a empatia, gentileza e compaixão com nossos filhos e A importância das relações sociais na […]
[…] Leia também: Exercitando a empatia, gentileza e compaixão com nossos filhos […]