Descobertas e despertar da maternidade
Quando eu me tornei mãe, comecei a ter percepções diferentes sobre a vida, como muitas outras de nós. Nunca tinha pensado a respeito do tipo de educação que eu iria praticar com meu filho, e nem tinha parado para pensar nesse assunto em detalhes. Eu tinha somente certeza dos valores que iria passar e do amor imenso que já estava guardado em meu coração antes mesmo dele chegar.
O que eu sabia sobre educação de filhos, na verdade, era pelas experiências da família, algumas rasas leituras e somente isso. Creio que é assim com a maioria das mães. Ah, esqueci de dizer que também muitas mães fazem cursos sobre amamentação, sobre alimentação, cuidados do bebê, cursos de preparação para o parto, mas tenho que afirmar que entre a teoria e a prática há um oceano de emoções. E foram essas emoções que me fizeram parar, refletir e me perceber.
Comecei a me dar conta das reações que estava tendo a partir dos estímulos vindos através do comportamento do Pedro, meu filho. Na verdade, eram sentimentos desconhecidos que nunca tinham aparecido com essa intensidade. Eu estava reagindo totalmente por instinto, igualmente a uma criança com medo. E essas reações me incomodavam profundamente e magoavam meu filho. Quem nunca se sentiu assim? Ai lá vem ela, a CULPA! Nossa, como doía meu coração, e passava um montão de coisas pela minha cabeça: e agora como vou agir? O que devo fazer? Que arrependimento!!!
Então, cada dia mais, percebia que não estava certo, que minhas reações diante das ações do meu filho estavam sendo cheias de autoritarismo, críticas, de castigos e até ameaças. O problema é que não tinha o resultado que esperava e que gostaria. Ao contrário, eu estava apenas afastando meu filho de mim. Cheguei a ouvir: mamãe, gosto mais do papai que de você! Foi uma pancada na minha cabeça.
Há uma frase que diz que: “As pessoas mudam por grandes emoções ou por repetições”. Era urgente continuar com meu processo de autoconhecimento, minhas descobertas dentro do universo da maternidade. Fui, então, me permitindo olhar para minhas fragilidades. Não foi fácil, mas era necessário por mim e para ele. Eu passei a ler mais, aprender mais, fiz formações, certificações. Foi um despertar!
Entendi como estava educando meu filho, olhei para trás e vi o quanto eu estava repetindo padrões familiares que hoje já não fazem sentido, mas que na época foi o melhor que puderam me dar. Então veio o desafio enorme de ter uma sensibilidade de perceber o quanto meu filho me envia mensagens, através de seu comportamento, sobre onde eu preciso mudar. A maternidade realmente é uma via de mão dupla!
Leia também Carga mental, maternidade e exaustão
Certos comportamentos ativavam gatilhos que afloravam e afloram emoções reprimidas e é aí que vem meu desejo de transformação. Quando eu acolho meus sentimentos, necessidades e reconheço, dou meu passo para evoluir. E nesse caminho sem volta que resolvi caminhar, compreendi que precisava tomar umas decisões importantes. Eu já estava mais consciente, num período de discernimento, maior clareza, tudo fazia mais sentido e foi quando decidi mudar a forma de educar. Escolhi praticar uma maternidade positiva e autêntica, decidi partilhar minhas verdades, ser eu mesma, falar dos meus sentimentos sem reprimi-los, decidi me permitir a me sentir cansada, zangada, frustrada e dizer minhas necessidades.
Assim, eu ensino ao meu filho sobre respeito ao outro, a ter mais equilíbrio em relação a nossas emoções, afinal, elas sempre existirão, mas eu só mudei a forma como me relacionar com elas e, assim, com meu filho. Lógico que tudo isso não é uma formula mágica! É fundamental ter persistência, manter minhas intenções bem firmes na cabeça e seguir com consistência. Decisão vem junto com ação e em meio a isso tudo consegui ter mais empatia, a partir do momento que me olhei, passando a olhar para as necessidades dos outros e do meu filho também.
Tudo isso que estou comprometida me leva a ser proativa, a me antecipar diante das prioridades do meu filho, a perceber o que realmente está por trás de cada comportamento e reações dele. Assim, nossa conexão só aumentou, nosso relacionamento melhorou e os desafios ficaram mais fáceis de serem ultrapassados. E foi assim que a maternidade me levou a um despertar: a me descobrir!
2 Comentários
Esse texto mostra que a maternidade é um desafio diário. Muitas vezes repetimos padrões familiares e que precisamos nos conhecer melhor para que possamos ser melhores exemplos para nossos filhos. Parabéns Joseana Gomes!!! Excelente texto!!!👏🏻👏🏻👏🏻
Muito obrigada, fico feliz por você ter se identificado, bj