Escrever é uma das minhas atividades favoritas, mas escrever sobre mim mesma nunca foi algo fácil. É como se cada público exigisse diferentes dados e facetas para compor respectivo perfil. E por mais que você escreva, sempre parece ter ficado algo de fora. Para que possam entender um pouco melhor da minha empatia pelos livros e uma das minhas motivações para integrar a equipe de representação da Livros For Kids, vai um pouquinho do pano de fundo da minha história.
Uma pequena e significante apresentação
Sou Ozair O. da Paixão, baiana, natural de Jaguaquara, Bahia, Brasil. A quinta de sete filhos, ditos “sete notas de um afinado casal”. De uma família humilde meus pais eram músicos, cristãos, líderes ativos, tanto na comunidade como no igreja em que congregavam. Pessoas simples, mas dotados de uma linguagem impecável; leitores fiéis tanto da Palavra como de outros livros seculares. Determinados, conseguiram valer a sua palavra de ter os filhos professores.
Desde pequena, sempre fui muito criativa. Tímida, quieta e ativa, em um paradoxo contrastante. Era uma ótima imitadora, até que um dia, ridicularizada por alguém, nunca mais quis fazer uso da arte.
Por volta dos nove anos aprendi a tocar flauta sozinha e escondido pois a minha timidez não me permitia “exibição” ou o que fosse ao menos demonstrar algumas das minhas habilidades em público, excetuando-se a participação em grupo. Além do mais, eu ouvira, naquela época, que eu não iria conseguir acompanhar os outros maiores. Assim, impus-me a disciplina para que, a curto prazo, pudesse fazê-los ver de forma diferente, incluindo-me na banda, o que não demorou a acontecer.
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A música já era, portanto, presença marcante em minha vida, como uma das expressões artísticas mais ativa, além de desenhar, pintar, fazer artesanato, mesmo que não sendo na ordem apresentada. Cursar música mais tarde, seria, portanto, inevitável. E assim o foi, chegando a concluir o curso de Bacharel em Música Sacra em 1994, pelo Seminário de Educação Cristã em Recife-PE.
Vindo de uma adolescência difícil, foi lendo que eu aprendi a conhecer-me bem, a ouvir a minha respiração e a contar até 10 antes de agir, aliado a um número singular de líderes com quem convivi mais de perto.
O refúgio nos livros
Não posso deixar de mencionar o quanto a cor da pele, negra, foi marcante em alguns momentos da minha vida. Na escola, debaixo de várias humilhações, onde vencer e sobressair às injustiças sociais, desde aquela época, era desafio diário. Algumas vezes foi-me solicitado a não frequentar às aulas por 2 ou 3 dias até que a situação fosse esquecida, “para que o coleguinha de cor mais clara que a minha não me maltratasse”. Diante de punições como essa, invertidas, inconscientemente ou não, o refúgio em livros foi uma boa saída.
Aproveitava para visitar a biblioteca da escola, sentava no chão com dois ou três livros no colo e os lia num fôlego só. Às vezes bastavam as ilustrações, pois assim eu viajava em aventuras criadas por mim mesma. Aqueles livros da série vaga-lume foram devorados na maior avidez. Lembro-me do flagra que levei ao ler ”Cem noites Tapuias”. Antes mesmo que a professora pedisse que lesse um determinado livro, eu já os tinha lido, mas não me importava em lê-los novamente.
Assim foi sendo criada a minha relação com os livros, numa esfera de refúgio. Alegra-me por termos na Livros For Kids uma gama de livros que esclarecem as crianças também sobre a integração social, pois as preparam para uma convivência social sadia.
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O chamado “culto doméstico” teve sua importância também. A Bíblia tornou-se um livro interessante, cheio de aventuras e lições importantes como a do amor próprio e ao próximo, o uso da verdade e a disciplina na prática de coisas que acrescentam.
De formação para o magistério, concluí o curso em 1982, pelo Colégio Taylor Egídio, na minha cidade natal. Era uma nova era que oficialmente se abria para mim, pois sentia-me em casa na sagrada arte de educar, de facilitar o aprendizado para qualquer faixa etária tendo participado ativamente de projetos em igrejas, escolas nas comunidades onde eu estive inserida.
Em 1990 fui fazer o curso de Música Sacra em Recife, onde, pela habilidade com a escrita e oratória, muitos criam que eu havia cursado Letras. As fugas aos livros eram nada mais, nada menos que o selo de que quem lê, sabe mais. Tão bem configurado no slogan da Livros For Kids.
Disseminando a importância da leitura pelo mundo
Por vários anos dediquei-me ao trabalho em escolas como professora na educação básica, mas desdobrava-me também em atividades da comunidade, como mencionado anteriormente. Foi um período bem intensivo em que o tempo dedicado ao trabalho não me permitia dar continuidade aos estudos como sonhava. Foi aí que abri o coração para algo novo, para a experiência e aventura que viesse.
E foi assim que, nas férias de 2004, houve uma grande mudança em minha vida e, após dois anos de idas e vindas, no final de 2006 chegava a Holanda para morar. Nos anos subsequentes dediquei-me à adaptação e ao aprendizado do idioma local. Mais uma vez, vali-me de livros e músicas para acelerar o processo autodidata no aprendizado do holandês, iniciado ainda no Brasil, por conta do teste de Integração Civil.
Em 2008, comecei a trabalhar dando aulas de português para estrangeiros, fazendo uma pequena pausa, quando o meu esposo faleceu. Em 2014 recomecei com um novo trajeto, com o meu próprio Instituto, Paixão Brasil. Veio-me a ideia de trabalhar com livros em português, mas a chama dentro de mim me impulsionava mais para a continuidade e desenvolvimento de um método didático próprio, para o ensino da Língua Portuguesa que tem sido consolidado.
O meu encontro com a Livros for Kids deu-se meio que por acaso, mas foi uma combinação da “kers op de taart” (a cereja sobre a torta), como dizem os holandeses. O meu projeto com livros tinha sido adiado até que, vendo a divulgação do trabalho de Vanessa no Facebook, interessei-me. Após conversarmos, não teve outro jeito a não ser aliar-me a esse grande projeto.
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Ler sempre foi algo prazeroso e eu compartilho da ideia que conhecimento deve ser transmitido. Por isso o meu engajamento com a Livros For Kids, atendendo a área Benelux. Como integrante do time da Livros for Kids, anseio que a aquisição de livros em português passe a ser visto como algo necessário para cada família onde um dos pais tenha o português como língua de herança.
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