No meu texto anterior, dei algumas dicas para incentivar e ajudar crianças que moram fora do Brasil a escreverem bem em português (se você não leu, clique aqui ). Hoje, fiz uma lista com dicas de livros para crianças que podem ajudar nessa tarefa. São títulos de diversos temas e estilos. Alguns deles nos acompanham desde que a minha filha Alice era bem pequena (hoje ela tem 8 anos), o que faz com que ela tenha uma ligação afetiva com os personagens e suas histórias. Outros, vieram quando ela já era capaz de ler por conta própria e revelam um pouco de seus interesses pessoais. E tem aqueles que, ao meu ver, são importantes não só pela língua, mas sobretudo pelos assuntos que abordam e os ensinamentos que contêm.
De como Meninas Guerreiras Contaram Heroínas, Luciana Lyra
Fora das populares bibliografias infantis das escolas e livrarias, este foi o primeiro livro que Alice leu em capítulos, parte deles sozinha. Ele é um primor por várias razões: extremamente colorido e com uma ilustrações com traços bem característicos, sua história se passa num lugarejo no interior de Pernambuco e fala de amizade, aventura e valorização da nossa história e cultura. Um grupo de cinco amigas do colégio decide ir atrás da história de heroínas envoltas em lendas e mistérios para montar uma peça teatral. É um livro grande e com um português com pitadas de regionalismos, o que é ao mesmo tempo desafiador e curioso para os novos leitores.
A família do Marcelo, Ruth Rocha
Ruth Rocha é uma das autoras brasileiras infantis mais badaladas nas bibliografias para crianças. Marcelo, Marmelo, Martelo talvez seja sua obra mais conhecida, mas aqui vou indicar este outro título da autora, tão divertido e importante quanto. É o mesmo Marcelo do livro famoso, que aqui apresenta a sua família e as de seus amiguinhos. Além do português acessível, a publicação fala de diferentes formatos familiares possíveis reforçando que o mais importante em qualquer família é o amor, o cuidado com o outro e o respeito.
Chapeuzinho Amarelo, Chico Buarque (ilustrações de Ziraldo)
Dois mestres da nossa cultura juntos no mesmo livro já seria motivo suficiente para indicá-lo. Mas a verdade é que este livro tem um significado muito especial para nós – foi o primeiro título que a Alice pediu. Durante um feriado na fazenda da família, pegamos uma edição velha dele na prateleira e ela simplesmente se apaixonou! Lemos todos os dias de nossa estadia por lá e quando voltamos para ela disse que queria um para ela. Ela tinha menos de três anos. Amamos tanto esse livro que ela e eu sabemos de cor cada frase. Além de trabalhar vocabulário, rimas e a ideia de contrários, a história aborda de forma lúdica como lidar com o medo de lobo e tantos outros medos das crianças embalando a história com o traço único de Ziraldo. É simplesmente maravilhoso! Quer ver? Dê uma olha neste vídeo da Fafá:
Falando em medo, outro livro que recomendo é o Tenho Monstros na Barriga, da Tonia Casarin. A autora dá nome de sentimentos aos “monstrinhos”que incomodam as crianças e as ajuda a reconhecer e lidar com eles, convidando os pequenos a escreverem nas páginas do livros a sua experiência com cada um daqueles sentimentos (raiva, medo, alegria…) e a dar cara e cor aos seus monstros.
A menina que abraça o vento – a história de uma refugiada congolesa, Fernanda Paraguassu
A jornalista Fernanda Paraguassu escreveu a linda história de Mersene, uma refugiada congolesa que foi viver no Brasil fugindo da guerra em seu país. De uma delicadeza ímpar, o livro aborda alguns temas que estarão no cotidiano de quem mora fora: a convivência com diferentes povos e nacionalidades, o contato e a dificuldade de aprender um novo idioma, a realidade dos refugiados, a saudade de casa e de nossos parentes.
A História das Estrelas, Neal Layton.
Aqui também a proposta gráfica se alia à imaginação, dados científicos e curiosidade, afinal qual a criança que não se encanta com os mistérios do universo e o segredo das estrelas? Um livro de dobraduras, repleto de conteúdo e que estimula os pequenos a perguntar, entender a mudança de compreensão do espaço ao longo do tempo e das culturas e os fenômenos como eclipses, marés e estações do ano.
O Carteiro Chegou, Janet e Allan Ahlberg.
Esse livro é muito bacana pela sua proposta gráfica diferente. Ele acompanha o carteiro em um dia de trabalho levando correspondências para vários personagens de contos de fadas velhos conhecidos de nossos filhos – os três ursos, a bruxa, o gigante do pé de feijão, o lobo mau… . O legal é que as cartas têm um formatos diferentes: convite de aniversário, folder de propaganda, cartão postal e até uma notificação judicial! Cada página vem com uma estrofe rimada e na seguinte, um envelope com a carta. É diversão garantida para os pequenos leitores, que vão ter contato com diferentes estilos de escrita e ficarão animados para escreverem suas próprias cartinhas!
Lendas Brasileiras com a Turma da Mônica
Quem não cresceu acompanhando as aventuras da Turma da Mônica em quadrinhos? Mas muito antes dos gibis virarem febre aqui em casa, Alice já conhecia essa turminha da Coleção Lendas Brasileiras. São 12 livros no total. Lemos vários deles quando ainda estávamos no Brasil e trouxemos dois conosco: Boitatá e Boto Rosa. Com essa coleção, ganha-se dos dois lados: ao mesmo tempo que estimula a leitura, apresenta o folclore brasileiro através de personagens que também fazem parte de nossa cultura. Assim, cria-se referências para os nossos filhos que agora vivem mais distante de nossas raízes e faz com que eles não percam esse elo. Outro que indico nessa linha de manter a conexão com nossa terra natal é SmartKids na Amazônia – Colorindo e aprendendo brincando, Martha Bevilacqua.
Nessa linha de conhecer e valorizar nossa gente e nossa história, não pode faltar na prateleira o 50 Brasileiras Incríveis para Conhecer Antes de Crescer, da jornalista Débora Thomé. Ela nos conta a vida de nomes atuais e conhecidos, como a jogadora Marta, a bailarina Ana Botafogo e atriz Fernanda Montenegro, mas também apresenta nomes fundamentais que, infelizmente, não são tão divulgados, como a arquiteta e urbanista Lota de Macedo, a bióloga e ativista dos direitos da mulher Bertha Lutz e Maria Quitéria, a “mulher-soldado”.
Já com a pegada de aventura, aqui em casa faz sucesso antes mesmo de a Alice saber ler o Érica e os Girassóis, que narra uma tarde muito louca de uma menininha com o seu cachorro no museu. Eles entram e saem de quadros de pintores famosos como Van Gogh, Cézanne e Gauguin.
Biografias, uma ótima forma de cativar novos leitores
O mercado literário está repleto de títulos voltados para crianças que contam a história de personalidades de todos os tempos. Além de ser uma forma fácil e agradável de leitura, as biografias ajudam os pequenos a se acostumarem com textos descritivos, passagens no tempo além de causar admiração e identificação.
Aqui em casa somos fãs e temos vários títulos neste estilo:
– Coleção Antiprincesas – as edições da pintora Frida Kahlo e da escritora Clarice Lispector;
– Malala – uma menina muito corajosa/ Iqbal – um menino muito corajoso, Jeanette Winter;
– As Cientistas – 50 Mulheres que Mudaram o Mundo, de Rachel Ignotofsky.
– Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes – Volumes 1 e 2, de Elena Favilli e Francesca Cavallo, que são um estrondoso sucesso mundial. Além dos livros, há também um podcast que conta a história dessas personagens de forma ainda mais aprofundada. Alice é completamente apaixonada por ele e ouve repetidas vezes. É um dos nossos momentos mãe-e-filha prediletos: sentarmos e ouvirmos juntas a vida dessas mulheres incríveis. Super recomendo! Quer ouvir? Clique aqui!!! Depois, pode apostar que seus filhos vão correr para os livros querendo ler mais a respeito delas.
A maioria desses títulos eu trouxe do Brasil (já contei aqui que priorizei as coisas da Alice, como livros e brinquedos, nas caixas e malas da mudança). Alguns mais recentes, pedi que as visitas fossem trazendo conforme viessem.
E você tem outras dicas de livros para crianças lerem sozinhas que ficaram fora dessa lista? Compartilhe nos comentários e assim a gente amplia a nossa biblioteca. Boa leitura!
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