4 Voltas literárias
Minha coluna aqui no Mães Mundo Afora chama-se “Vem passear comigo nessa história”. Ali, convido o leitor para uma caminhada através de uma história e apresento, aqui e ali, detalhes e cantinhos, procurando iluminar o que me encantou naquele livro. Hoje, começo a abrir mais um caminho. Ele será curtinho, porém mais diverso. Quer dar umas voltas literárias comigo?
Volta 1 – Kabá Darebu, escrito por Daniel Munduruku e ilustrado por Maté. Editora Brinque-Book
Daniel Munduruku, escritor e professor paraense, pertencente ao povo indígena Munduruku, faz um delicioso passeio, com riqueza de detalhes e de sabedoria, pelo jeito de ser de sua gente. O leitor conhece o aqui e ali de sua tribo pelos olhos poéticos de Kabá Darebu, um menino índio. A artista francesa Maté, que se apaixonou pelo Brasil através de seu coração aventureiro, ilustrou o passeio com delicada sensibilidade, usando aquarela, guache e colagens de pintura em seda.
É lindo o encontro de Daniel e Maté! Passeio imperdível!
Volta 2 – Quem você trouxe?, escrito e ilustrado por Cris Eich. Editora Paulinas
Cris Eich é ilustradora, artista plástica e autora de livros infantis. “Quem você trouxe?” é daqueles livros delicados, inspiradores e certeiros para falar sobre emoções. Conhecê-las, desvendá-las e compartilhá-las.
A ideia é envolvente. Uma pequena moradora decide fazer uma festa e só pede uma coisa a seus convidados: que cada um traga alguém. E aí, com técnica absoluta, a ilustradora dá vida, cor e significados a sentimentos e emoções. Cris Eich convida o pequeno leitor a descortinar e conhecer seu próprio universo afetivo.
Amei! Levei para festa a vontade de abraços nesses tempos espinhosos e saí cheia de afeto.
Volta 3 – Eu nem ligo, escrito por Márcia Leite e ilustrado por Jean-Claude Alphen. Editora Pulo do Gato.
Bill Watterson foi o criador das tirinhas “Calvin e Haroldo”, sobre um menino e seu amigo imaginário. A relação entre eles nos permitia entender o que se passava na cabeça do menino e provocava ótimas reflexões sobre o universo interno infantil.
Lembrei de Calvin porque “Eu nem ligo” traz o jogo simbólico de uma menina que tem que enfrentar uma nova realidade familiar, com a chegada de um irmãozinho.
Um livro precioso e delicado que mostra que o brincar produz espaços libertadores para sentimentos como ciúme, medo, insegurança e também para amadurecê-los no processo de crescimento. Jean-Claude Alphen é um ilustrador premiado e cheio de estilo. Harmoniza as imagens com a narrativa e conversa com o leitor através dos detalhes que apresenta.
Super indico! É um “pulo do gato” para pais e mediadores vivenciarem com seus pequenos, sentimentos, muitas vezes paralisantes, como dividir o amor dentro do coração.
Volta 4 – Festa no céu, história popular recontada por Braguinha e ilustrada por Tatiana Paiva. Editora Rocco pequenos leitores
Última volta e meu coração acelera com “Festa no céu”! Sim, sou do tempo de disquinhos coloridos que traziam histórias para crianças e esse conto popular era um de meus preferidos.
Braguinha reconta com charme e alegria, humor e fantasia, e faz com que o pequeno leitor se sinta convidado a refletir sobre ir a uma festa sem ser convidado. O que envolve essa decisão? Por que o Mestre Sapo correu tantos riscos? O que o leitor faria no lugar dele?
Também é um conto para se falar de animais. Ô, delícia! Dos que voam, dos com penas, dos rápidos, dos cantores, dos estranhos, de todos e também da abundância que a natureza nos presenteia, diariamente, pela beleza, pelo encantamento, pela essência, pela música, pela VIDA!
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Tatiana Paiva é talentosa e acrescenta cores e nuances precisas aos deliciosos versos de Braguinha. A ilustradora conta que após desenhar, o colorido foi realizado com técnica mista: pintura com acrílica, lápis de cor e colagem com papéis e pequenos objetos. Dê um pulo no site dela, que é outra festa!!
Além de “Festa no céu”, a Rocco publicou ainda “Festival da primavera” e “Viveiro de Pássaros”, repetindo a parceria entre o compositor Braguinha e Tatiana Paiva.
Não deve faltar à festa nenhum bicho voador: do Mosquito à Borboleta, do Colibri ao Condor. E, para bicho sem asa não fazer vestido à toa, manda frisar que a festança é só pra bicho que voa.”
P.S.: para antes dessa voltinha terminar: A Coleção Disquinho foi lançada em 1960 em pequenos discos de vinil e diversas cores. Cada disco contava uma história, com músicas e interpretações feitas pelo grupo Teatro Disquinho. As fábulas chegaram a vender 5 milhões de cópias e agora estão de volta, em quatro plataformas digitais: Youtube, Spotify, Deezer e Apple Music
8 Comentários
Sucesso querida…literatura infantil é sua paixão 💕
E é tão bom compartilhar as emoções que a Literatura Infantil proporciona. Beijos, amiga querida!
Otimas dicas, querida Cris!
Considerando-se o valor da literatura, percebemos que o contato com as “voltas literárias” é fundamental.
Além das informações passadas através dos livros, o essencial é o que os leitores vão imaginar, sentir e captar através das histórias lidas, estas provocam emoções, estimulam as fantasias e o pensamento.
Que bom que gostou! Vou pinçando as histórias que conversam com minhas emoções de adulta. Obrigada, amiga, pelo carinho sempre!
Muito bom dar voltas literárias com você, por aí! Obrigada pelas excelentes dicas!
Adoro ler suas resenhas! Parabéns pelo trabalho sensacional!
Muito obrigada! Que bom que você tem aproveitado os passeios! São programados com muito carinho!
Cada vez que leio sua coluna me surpreendo com tantas dicas maravilhosas que me dão a vontade de ler todos os livros e também de viajar para cada lugar dessas histórias.
Parabéns, Cris Tavares!
Ah, as voltas literárias são para despertar essa vontade de aventura e prazer! Vem mais por aí! Beijos, amiga querida!