Capital e maior cidade da Espanha, Madri possui cerca de 3,2 milhões de habitantes e uma vasta oferta cultural, histórica e de lazer, com museus, monumentos, parques, praças, teatros. E o melhor, muitas opções gratuitas! Resolvi então fazer um roteiro “Madri de graça”. Neste primeiro texto, vou falar especialmente dos espaços ao ar-livre, trazendo opções para quem vai visitar a cidade ou acabou de se mudar. No mês que vem, darei dicas de museus.
A capital espanhola é bastante arborizada. Caminhando por suas ruas, avenidas e passeios encontramos muitas praças, jardins e parques incríveis, onde as crianças podem gastar bastante energia e também fazer um gostoso piquenique. Vamos conhecer alguns deles.
Os parques madrilenhos
Para mim, o ponto alto de qualquer viagem à Madri é a visita ao Parque do Retiro. É um dos mais lindos que já conheci, fazendo frente ao Central Park, de Nova York.
Sua história remete ao século XVII, época em que não era acessível à população, pois pertencia à realeza. Hoje é um dos pontos turísticos mais importantes da cidade e orgulho dos madrilenhos. Há jardins encantadores, belo conjunto arquitetônico (com destaque para o Palácio de Cristal) e o charmoso lago (na verdade um tanque artificial) onde se pode alugar um barco a remo. Há ainda playgrounds, lanchonetes e até uma biblioteca. Um dia pode ser pouco tempo para conhecer o parque todo. Ao longo do ano, ocorrem muitos eventos gastronômicos, esportivos e culturais, como a feira anual de livros.

Parque do Retiro
Na região central, podemos destacar também o Parque Casa de Campo, o maior de Madri. Provavelmente o preferido da garotada, pois além de muita vegetação, do lago e locais para a prática de esportes, nele fica situado o Zoo Aquarium e também o teleférico que o liga ao Parque do Oeste, do outro lado do Rio Manzanares.
Outro lugar muito agradável para um passeio é o parque conhecido como Madri Rio. Com uma extensão de 10 km, às margens do Rio Manzanares, entre Legazpi e Principe Pio, encontramos espaço verde, área para piquenique, ciclovia, pista para caminhada, playgrounds, etc. Nesse trecho, é possível ver pontos de interesse histórico e arquitetônico, como as Pontes de Toledo, Segóvia e Arganzuela.

Ponte Segóvia – intervenção artística
Fugindo um pouco do centro da capital, há também outras boas opções de parques, como o Capricho, onde se pode visitar um bunker da guerra civil, e o Juan Carlos I, com vasta oferta de atividades esportivas.
Os jardins da capital espanhola
Também no centro de Madri, ao redor do Palácio Real, encontramos três espaços ajardinados muito agradáveis e gratuitos.
O primeiro deles se localiza em frente à fachada norte do Palácio e é considerado um dos mais belos da “Madri dos Asturias”. Conhecido como Jardins de Sabatini, de estilo clássico, foi criado nos anos 1930 e aberto ao público em 1978, pelo Rei Juan Carlos I. Este local é famoso também por proporcionar os mais belos entardeceres da cidade.
Outro conjunto de jardins, construído com bonitas formas geométricas, se localiza na Praça do Oriente, em frente ao Palácio Real. Nele encontramos a estátua equestre de Felipe IV, do século XVII. Esses jardins estão em uma zona bastante turística, rodeada por prédios importantes, como o Real Monastério de la Encarnación, do século XVII, e o Teatro Real, do século XIX.
O terceiro jardim se localiza no Campo de Moro, construído no século XIX por ordem da Rainha Maria Cristina. Em estilo inglês, utiliza o desnível entre o Palácio e o Rio Manzanares. Possui grandes espaços gramados, além de fontes e bosque.

Campo de Moro
Cada um a seu estilo, são lindíssimos e muito bem cuidados e ainda oferecem vistas incríveis do palácio. Verdadeiros oásis no centro da cidade.
As praças e seus tesouros arquitetônicos
Além dos parques, Madri conta com praças de variados estilos. No centro da cidade, encontramos a icônica Plaza Mayor, em formato retangular, que pode ser considerado um ponto de partida para conhecer o “casco antigo” da capital. Sobrevivente de três grandes incêndios, nela ainda há construções que remontam ao século XVI (a construção mais antiga é a Casa de la Panadería, que começou a ser construída em 1590, quando a primitiva praça do local possuía formas irregulares). É um local onde há muitos turistas, mas mesmo assim mantém o seu charme. Ali acontecem muitos eventos, inclusive o famoso mercado de Natal em dezembro.
Outra praça muito agradável é a Plaza de España, onde, além de jardins e fontes, encontramos o Monumento a Cervantes, com as belas estátuas de Dom Quixote e Sancho Pança. No entorno da praça nos chama a atenção o conjunto arquitetônico formado pela Torre de Madri e pelo Edifício Espanha, ambos da década de 1950, que ainda são uns dos mais altos da cidade, com 142 e 117 metros de altura, respectivamente.

Plaza de España
Para quem gosta de história, a Plaza de la Villa é um dos conjuntos arquitetônicos melhor preservados da cidade, com construções que já perduram por mais de 500 anos. A mais antiga inclui a Casa e a Torre de Los Lujanes, do século XV, construída em estilo gótico, com inspiração árabe. Há também a Casa de Cisneros, do século XVI, em estilo plateresco (estilo arquitetônico renascentista espanhol) e a Casa de La Villa, do século XVII, em estilo barroco. A Casa de La Villa foi sede da prefeitura de Madri até o ano de 2007, quando esta se trasladou para o Palácio de Cibeles.
O imponente Palácio de Cibeles fica localizado na Praça que leva o mesmo nome, e também merece a visita. No palácio há um mirante com belas vistas da cidade, inclusive da Fuente de Cibeles, do século XVIII, localizada no centro da Praça (o acesso ao palácio é gratuito, mas maiores de 14 anos pagam 3 euros para subir ao mirante).
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A Praça de Cibeles pode ser um ponto de partida para percorrer o agradável Paseo do Prado, onde estão a Fuente de Neptuno e a Fuente de Apolo, que fazem parte do mesmo conjunto de fontes mitológicas que a Cibeles, projetadas no reinado de Carlos III (século XVIII).
O Paseo do Prado passa ainda por importantes marcos da cidade, como os Museus do Prado, Thyssen-Bornemisza e Reina Sofia, que serão objeto do próximo texto.
Caminhando pela cidade, encontramos grandes monumentos conhecidos como “Puertas”, espécie de arcos do triunfo. A mais famosa é a Puerta de Alcalá, do século XVIII, que tem esse nome por ficar no caminho que conduz à cidade de Alcalá de Henares, terra de Cervantes. Outros exemplos são Puerta de Toledo e Puerta de San Vicente.
Outro ponto de destaque é a Plaza de la Puerta del Sol. Marco zero da cidade, é nessa praça que acontecem muitas comemorações, como as do time de futebol Real Madrid, e também manifestações e reivindicações populares. É o local onde ocorre o réveillon de Madri, ao som das badaladas do relógio do prédio dos correios. Seu ponto mais fotografado certamente é a estátua do urso com a árvore (el oso y el madroño), que é um símbolo dos madrilenhos, usado inclusive como escudo da prefeitura. Vale ressaltar que é um ponto extremamente turístico, não muito agradável para crianças menores.
Apesar de não ser originariamente madrilenho, o Templo de Debod é hoje o monumento mais antigo da cidade, construído no Egito, há mais de 2.200 anos. Foi doado à Espanha pelo governo egípcio, reconstruído e aberto ao público em 1972. Ele se encontra orientado na mesma posição que se encontrava originariamente no deserto, de leste a oeste, marcando a trajetória do sol. Por essa razão, desse local podemos ver um dos mais lindos entardeceres de Madri.
Após tanto caminhar pela cidade, sugiro, para finalizar qualquer passeio, uma visão panorâmica, também com direito a um belo pôr-do-sol. A dica é visitar o Gourmet Experience do Corte Inglès Callao. É uma espécie de mercado-praça de alimentação, com entrada gratuita. Um bom local para recuperar as forças, tomar um café, comer alguma coisa, ou apenas ir ao banheiro e tirar ótimas fotos.
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[…] No texto do mês passado eu falei sobre atividades gratuitas ao ar-livre na capital espanhola. Continuando a série “Madri de graça”, vou focar especialmente em museus. E a oferta é grande! […]
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